Para averiguar se o dólar está alto, não basta observar as idas e vindas da taxa de câmbio, em um determinado período. Afinal, o dólar na casa de R$ 4,70, por exemplo, que se observou há pouco tempo, estava barato? O dólar acima de R$ 6,20, mais recentemente, estava caro? E o patamar atual, abaixo de R$ 6,00?
A resposta está nos fundamentos da análise econômica. Em um regime de flutuação cambial, como é o brasileiro, o mercado determina os preços, por meio dos movimentos que descrevi anteriormente. Contudo, sempre haverá uma referência, o chamado câmbio de equilíbrio, para nos ajudar nessa análise. Essa taxa é aquela que, virtualmente, equilibraria o balanço de pagamentos (sejam as entradas e saídas de dólares em razão de comercialização de bens e serviços, rendas, lucros ou fluxos financeiros).
Difícil de ser estimada, é possível que ela circunde, hoje, a faixa de R$ 4,50 por dólar. Dito de outra forma, estaríamos operando bem acima do câmbio de equilíbrio. A explicação para isso estaria no aumento da percepção de risco dos agentes econômicos, que agem não apenas no mercado à vista de dólares, mas também no mercado futuro, a influenciar os preços no presente.
Um componente fundamental na determinação da taxa de câmbio são as taxas de juros internas e externas. Elas influenciam o dólar, porque uma maior quantidade de dólares tende a vir para o país quando os juros internos são muito maiores do que os externos. Quando a Selic está muito acima dos juros americanos, o estímulo à entrada de capitais é elevado, porque o ganho é alto, mesmo descontando-se o risco embutido na operação de trazer recursos para o Brasil.
Neste momento, enquanto os Estados Unidos operam com juros na casa de 5% ao ano, o Brasil pratica uma Selic de 12,25%. E o Banco Central já sinalizou, no final de 2024, que elevaria em mais 2 pontos percentuais a taxa básica nas primeiras reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) de 2025. Nesta semana, deverá cumprir-se a primeira parte da promessa.
Não é apenas o diferencial de juros, entretanto, que explica a taxa de câmbio. O risco, como mencionei, é fundamental. E essa percepção de maior ou menor risco relaciona-se diretamente à avaliação dos agentes econômicos a respeito da capacidade de crescimento econômico, da estabilidade institucional, do equilíbrio das contas públicas, da própria atuação do Banco Central, da evolução da balança comercial e do cenário internacional.
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