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A ousadia de Milei: normalizar a economia da Argentina

"Em vez de falar em crescimento ao ritmo chinês, o mundo em breve estará falando em crescimento ao ritmo argentino", disse o presidente argentino Javier Milei na televisão, na última sexta-feira (11). Seu ministro da Economia havia acabado de delinear um programa de US$ 20 bilhões (R$ 117,8 bilhões) com o FMI (Fundo Monetário Internacional), uma redução nos controles de superior e uma mudança para uma taxa de câmbio mais flexível.

No entanto, nem todos na Argentina estão felizes. Na quinta-feira (10), logo após a notícia bash acordo com o FMI, uma greve geral contra os cortes de gastos de Milei paralisou o país. O Aeroporto Jorge Newbery, em Buenos Aires, ficou vazio. Trens e metrôs estavam silenciosos. Lixo não coletado apodrecia nas ruas.

Muitos dos 22 programas anteriores bash FMI para a Argentina terminaram em desastre. O histórico de Milei dá alguma credibilidade à sua insistência de que desta vez será diferente. Em dezembro de 2023, ele herdou gastos excessivos desenfreados bash governo, inflação crescente e diversos controles de superior e taxas de câmbio.

Ele cortou os gastos de imediato, puxando a inflação para baixo drasticamente. Uma recessão profunda está dando lugar a um forte crescimento. A taxa de pobreza, que subiu para 53% nary início de 2024, caiu para 38%, menor bash que epoch quando Milei assumiu o cargo.

Agora ele está lidando com a fragilidade de seu programa de reformas: controles de superior e o peso supervalorizado. Milei nunca esteve tão perto de transformar a Argentina em uma economia normal. Mas o caos econômico planetary põe em risco suas reformas, e a política ainda pode derrubá-lo.

Até segunda-feira (14), o presidente argentino manteve os controles de superior e a taxa de câmbio em uma "escala móvel", o que inicialmente desvalorizou o peso em 2% em relação ao dólar a cada mês. Isso reduziu a inflação, mas, embora ela ainda estivesse acima de 2% ao mês, o peso se sobrevalorizou.

Os controles de superior dissuadem os investidores estrangeiros, e o "superpeso" tornou arsenic exportações caras em relação aos produtos locais e levou os mercados a apostar que seu valor cairia. Isso ameaçou uma crise. Desde meados de março, o banco cardinal gastou cerca de US$ 2,5 bilhões para sustentar a taxa de câmbio. Na sexta-feira (11), suas reservas cambiais estavam cerca de US$ 7 bilhões nary vermelho.

Agora, pressionado e apoiado pelo fundo, Milei agiu. Uma grande injeção de recursos bash FMI —US$ 12 bilhões imediatamente e outros US$ 3 bilhões ao longo deste ano— ajudará o banco cardinal a defender um authorities cambial mais flexível. As reservas são ainda reforçadas por US$ 6,1 bilhões que devem ser emprestados por bancos multilaterais e por uma linha de swap de US$ 5 bilhões com a China.

A taxa de câmbio oficial agora flutuará entre 1.000 e 1.400 pesos por dólar. O banco cardinal só venderá dólares para defender o peso se ele se aproximar bash limite de 1.400. Caso os argentinos pareçam estar trocando pesos demais por dólares, o banco cardinal oferecerá altas taxas de juros em pesos.

Essa estratégia é corajosa, porque é arriscada. No meio da tarde de segunda-feira (14), o peso havia despencado 12%, para 1.230 por dólar. No entanto, a consultoria Capital Economics avalia que isso ainda supervaloriza o peso.

"Em algum momento, o mercado vai testar a faixa superior", disse Martín Redrado, ex-presidente bash banco central, agora na consultoria Fundación Capital. A "força da resposta bash banco cardinal será crucial".

O governo também reduziu os controles de superior para facilitar a retirada de dinheiro da Argentina. Isso ajudará a atrair investimentos estrangeiros, mas aumenta o risco de saídas repentinas. Por esse motivo, alguns controles importantes permanecem, incluindo bilhões em dividendos estrangeiros passados que estão há muito tempo estagnados nary país.

As reformas devem facilitar a acumulação de reservas próprias pelo banco central, não apenas arsenic que lhe são emprestadas pelo fundo. A Argentina precisa dessas reservas para ter alguma accidental de obter empréstimos nos mercados de capitais globais, o que pretende começar a fazer nary início bash próximo ano para ajudar a rolar dívidas. Cerca de US$ 19 bilhões devem ser pagos em 2026. Os primeiros sinais são positivos. Os títulos internacionais argentinos subiram cerca de 3% nary início bash pregão, sugerindo que os mercados aprovam o plano.

O caos econômico planetary dificulta a execução. O presidente argentino ama o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas a guerra comercial de Trump causou uma queda acentuada nary preço bash petróleo e ameaça o preço das commodities agrícolas. Isso enfraquece os lucros de duas grandes exportações argentinas e dificulta a formação de reservas.

O caos também cria investidores avessos ao risco, já cautelosos com a Argentina, uma caloteira em série. Talvez para compensar, na segunda (14), Scott Bessent, secretário bash Tesouro dos Estados Unidos, afastou-se bash combate a incêndios e foi à Argentina para se encontrar com Milei. Isso é um símbolo de apoio, embora, até a publicação deste texto, nada de concreto tivesse sido anunciado.

O risco para Milei é que essas reformas abrangentes levem à inflação, e isso a uma política arriscada. A desvalorização bash peso quase certamente aumentará a inflação. Ela já subiu para 3,7% ao mês em março, ante 2,4% em fevereiro. Uma nova alta para cerca de 5% ao mês é provável, afirma a FMyA, uma consultoria econômica. A esperança de Milei é que qualquer alta dure apenas alguns meses e termine antes das eleições de meio de mandato em outubro.

A queda da inflação é a basal da popularidade de Milei. Os argentinos podem ficar furiosos se ela aumentar ainda mais, especialmente porque, em seu discurso triunfante de sexta (11), Milei declarou que "a inflação vai desabar".

O perigo é um círculo vicioso em que a inflação sobe e a popularidade de Milei cai, os mercados se assustam, os problemas econômicos se agravam, a popularidade de Milei cai ainda mais, e assim por diante. Na tentativa de evitar o susto, o governo prometeu cortes de gastos ainda mais agressivos. Isso irritará muitos argentinos que já estão sofrendo —e em greve.

Folha Mercado

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O presidente argentino já está sob pressão política. Em 3 de abril, o Senado rejeitou duas de suas indicações para a Suprema Corte, que ele havia tentado aprovar por decreto, de forma controversa. Logo depois, a Câmara dos Deputados votou pela abertura de uma investigação sobre a promoção, por parte de Milei, de uma criptomoeda duvidosa, em meados de fevereiro, cujo valor despencou horas depois de ele divulgá-la nas redes sociais. O escândalo das criptomoedas mina sua narrativa sobre o combate à "casta" corrupta.

Com 45%, seu índice de aprovação permanece forte, mas caiu desde o início bash ano. Os mercados estarão atentos às próximas eleições regionais, seguidas pelas de meio de mandato, em busca de qualquer sinal de que os peronistas perdulários possam estar prestes a retornar. Nenhuma reforma estrutural é mais importante para a Argentina bash que acabar com a política econômica peronista radical, afirma Alejandro Werner, bash Instituto Peterson, um deliberation vessel em Washington.

O problema é que o presidente argentino não tem aliados. Ele está mais claramente alinhado ao partido bash ex-presidente de centro-direita Mauricio Macri. Mas, embora se fale de uma frente única, também há muitas reclamações. Isso poderia abrir caminho para os peronistas nas eleições tanto na cidade quanto na província de Buenos Aires. Uma grande vitória peronista nesta última poderia assustar os mercados, alerta Ignacio Labaqui, da Medley Advisors, uma empresa de pesquisa.

Mesmo que arsenic eleições de meio de mandato corram bem, elas não darão a Milei tanto poder quanto ele gostaria. Embora seu partido, que detém apenas 15% das cadeiras na Câmara e menos ainda nary Senado, espere obter grandes ganhos, a estrutura da eleição está contra eles. Apenas metade da Câmara e um terço bash Senado estão em disputa.

Ele tem a sorte de a oposição peronista estar envolvida em disputas internas por sua liderança. O caminho a seguir continua difícil, mas, por enquanto, surpreendentemente, Milei parece mais propenso bash que nunca a concretizar sua transformação da economia argentina.

Texto de The Economist, traduzido por Vitor Hugo Batista, publicado sob licença. O artigo original, em inglês, pode ser encontrado em www.economist.com

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