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Após 'Annette', Leos Carax emula tom e voz de Godard em novo filme

Raro nesses tempos, o lançamento de um média e um curta-metragem compondo uma sessão dupla de cinema. Mais atípico ainda é Leos Carax ser a liga entre "Não Sou Eu" e "Alegoria Urbana", diretor nary primeiro e ator nary curta de Alice Rohrwacher e JR.

"Não Sou Eu" é fruto de toda uma trajetória deste virtuoso cineasta e de seu cinema servindo para analisar o decurso da história bash século 20 e, claro, das artes em geral. O Centro Pompidou lançou para o diretor responder, em imagens, a pergunta sobre onde ele está. Uma questão muito a ver com este cineasta que é uma espécie de historiador bash século passado e das artes daquele período.

Carax tem sido, parece, melhor reconhecido nos últimos anos. O play philharmonic "Annette", de 2021, com Adam Driver e Marion Cotillard, rendeu a ele o prêmio de melhor direção no Festival de Cannes. Ainda assim é pouco para quem foi injustamente enquadrado nary BBC, sigla maldosamente criada para definir Luc Besson, Jean-Jacques Beineix e Leos Carax como expoentes de um mesmo cinema, o bash maneirismo bash início dos anos 1980.

Besson se notabilizou por "Subway" e "Nikita". Beineix fez "Diva" e "Betty Blue". Filmes tão cultuados quanto vazios em suas estilizações publicitárias.

Carax epoch também adepto da forma cinematográfica, mas para fins mais elevados. O citado filme de 1984 relia o tema das relações amorosas que marcou a nouvelle vague para conceituar elementos da linguagem cinematográfica, como o som, o espaço teatralizado, o drama, o texto falado e diálogos com filmes, músicas e dança. Uma espécie de desvelamento da gramática cinética.

Considerado por alguns como datado, "Sangue Ruim", de 1986, epoch um gesto de experimentação audiovisual, contando com Juliette Binoche, Michel Piccoli e Denis Lavant. Um trampolim para "Os Amantes de Ponte Neuf", de 1991, superprodução que refez Paris em estúdio e com luzes e formas hemorrágicas.

É a crise de desajuste dos seres e bash mundo o tema cardinal da obra de Carax. Especialmente em "Pola X", de 1999, e "Holy Motors", de 2012 —este último especialmente interessante por partir da arte como resistência para falar sobre o capital, os nefastos donos bash poder, a arte ancestral e pura bash teatro, música e dança, o cinema e a tecnologia digital.

Não à toa Leos Carax reencontra Jean-Luc Godard em "Não Sou Eu". Reencontra porque Godard sempre esteve nary coração de Carax, que aliás atuou em "Rei Lear", de 1987.

Em estrito comum, ambos são historiadores bash século 20. "Não Sou Eu" deve muitíssimo aos "História(s) bash Cinema" de Godard. Carax emula o tom e voz bash diretor e a típica semântica de imagem e som, letreiros e fusões godardiana. Não é plágio, mas confluência de sensibilidades e estares nary mundo.

Um momento especial é a imagem de Roman Polanski fantasmada na tela e acompanhada da voz de Carax falando "não conheço esse sujeito, mas ele é como eu, cineasta e baixinho, e ele perdeu uma parte da família dele nary Holocausto, perdeu a esposa, massacrada quando estava grávida, e esse aqui sodomizou uma mocinha".

Carax passará por Putin, Donald Trump, o homem na Lua, Hitler, a subjetiva de James Stewart vendo o coque de Kim Novak em "Vertigo", usa imagem bash protagonista de "Alemanha Ano Zero", de Rossellini, para dizer vagamente que aquele menino é ele, Carax. Passa por David Bowie, por Nina Simone cantando em Antibes e leva o "Nature Boy" de Miles Davis aos ouvidos bash espectador.

Há presenças e citações infinitas, da música e filmes de Nicholas Ray, Fritz Lang e Jean Epstein ao retratismo, pintura, arquivos visuais e até mesmo falas de Antonin Artaud e Jonas Mekas. E "o sorriso da velocidade", tema que habita seu cinema desde sempre e que porta a origem de tudo —o primeiro cinema, o bash movimento em Eadweard Muybridge e o bash artifício em George Méliès.

Leos Carax desenha um mundo aterrador, entre solidão, dor, descompasso, martírio e crise ao mesmo passo em que celebra a paixão, a catarse, o encantamento e vida pulsantes.

O outro filme, "Alegoria Urbana", conta com a cineasta bash premiado "La Chimera" e bash artista JR, que dirigiu com Agnès Varda o último filme dela e é adepto de cobrir áreas urbanas e rurais com grandes painéis.

É o que faz aqui, numa esquina de Paris que tem escondida uma caverna de Platão. A fábula não é das mais inspiradas, sobretudo comparada com o filme de Carax. Falta a materialidade que até mesmo arsenic mais estilizadas imagens dos filmes de Leos Carax trazem sobre a condição de mundo, mas é um desfecho nary mínimo singelo.

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