De manutenções à pintura do veículo. O portfólio de serviços inclui manutenção de suspensão, sistema de freios, parte elétrica, injeção eletrônica, alinhamento, balanceamento e troca de óleo, além de manutenções no sistema de ar-condicionado e revitalização da pintura do veículo. O tíquete médio é R$ 1.500. Segundo ela, o preço está dentro da média do mercado.
Mulher gasta mais
Público feminino representa 40%, mas gasta mais. Segundo ela, o ticket feminino é maior que o masculino. "As mulheres investem mais em manutenções preventivas, gastando em média R$ 3.500, enquanto que os homens quase sempre focam apenas em manutenções corretivas, com gastos entre R$ 2.500 e R$ 3.000", diz.
Em 2024, a empresa faturou R$ 1,7 milhão. O lucro não é revelado.
Dicas sobre carros para mulheres
Em 2019, ela criou uma comunidade online para mulheres. Luciana diz que a ideia nasceu depois de entender que mulheres gostam de carros, se interessam e principalmente têm dificuldade de entender de manutenção preventiva de maneira didática, de maneira fácil. "Então, como tenho conhecimento, decidi amplificar isso para outras mulheres", declara.
Quando eu percebi que uma das maiores barreiras para a autonomia feminina no universo automotivo era a falta de informação, levei meu propósito para as redes sociais. Criei conteúdos educativos e acessíveis, para dar dicas do dia a dia, como economizar combustível e dirigir com segurança, e até tirar dúvidas sobre manutenções, como uma troca de óleo.
Luciana Felix, fundadora da Oficina da Lu
Principais redes são Instagram e TikTok, com mais de 120 mil seguidores. Os conteúdos que mais geram engajamento são dicas sobre bateria, barulhos frequentes nos carros, revisão antes de viajar, mitos e verdades e até atendimento em posto de gasolina.
Vídeo sobre pneu viralizou. Segundo Luciana, o vídeo mais viralizado no Instagram é um de 2024, em que ela fala sobre especificações de pneu, o que significa cada letra, cada número. "Ganhei 20 mil seguidores só com este vídeo. No TikTok, um vídeo sobre qual carro você não deve comprar se não entende de mecânica bombou. Foram quase 3 milhões de views", afirma.
Novo negócio em São Paulo
Em novembro, Luciana abriu uma oficina em São Paulo. Mas o nome é outro: Car Care da Lu. A unidade fica na região da Av. Faria Lima, área nobre de São Paulo, próximo ao Shopping Iguatemi.
Serviços de cuidado com o carro. Segundo ela, o Car Care da Lu não faz serviços mecânicos nos veículos. "O negócio é mais focado na estética automotiva, com serviços de higienização e descontaminação do carro, polimento, lavagem e cuidados com a lataria, pintura, estofados", diz. Ele investiu R$ 150 mil no negócio.
Luciana não tem planos de franquear a marca no momento. A proposta é outra: fazer parcerias com outras oficinas, para atender o público feminino com qualidade. "O meu projeto 'Selo Referenciado' foi inspirado na comunidade de mulheres que construí nas redes sociais. Elas gostam de carro e me pedem referências de oficinas com atendimento confiável e transparente", declara. A meta é ter 15 oficinas parceiras em 2026.
Outra meta para 2028 é atender carros elétricos. Luciana diz que pretende abrir uma oficina especializada em carros elétricos daqui a três anos, quanto a frota de veículos híbridos e elétricos deve chegar a 10% no Brasil. "Eu quero ser a primeira oficina para carros elétricos em BH fora das concessionárias", declara.
Como ela foi enganada pelo mecânico
Em 2008, alerta de vazamento de água. Luciana diz que, ao estacionar o seu carro, uma pessoa a alertou que havia um vazamento de água na parte da frente do veículo. "Eu era desinformada na época, não sabia nem abrir o capô. Na hora, levei o carro a uma oficina próxima. Lá, me disseram que o reservatório de água havia estourado e que seria necessário fazer um arrefecimento. Achei estranho porque eu tinha acabado de comprar o carro, mas concordei", diz.
Novo vazamento. Segundo ela, três horas depois, sentiu um cheiro de queimado e uma água no chão, novamente. Luciana levou o carro a outra oficina, e o mecânico disse que o reservatório tinha estourado. "Espantada, falei que tinha acabado de trocar, e ele disse que não havia sido trocado. Ou seja, fui enganada e aquilo mexeu muito comigo. Quantas mulheres não passavam por aquilo todos os dias?", afirma.
Além do péssimo atendimento, as duas oficinas falavam de uma maneira pouco inteligível, difícil de compreender. Eu fui enganada.
Luciana Felix
Compra de uma oficina mecânica. Em 2009, um ano após o ocorrido, ela encontrou uma oficina mecânica à venda em BH. Na época, Luciana era dona de uma corretora de imóveis comerciais. "Um proprietário procurou a imobiliária para fazer uma avaliação de um imóvel onde funcionava uma oficina, e o inquilino queria deixar o ponto comercial com todos os equipamentos, como parte do pagamento de aluguéis atrasados", diz.
Foi chance que ela esperava. "O ponto era bem localizado, e eu fui movida pelo senso de Justiça, já que tinha sido enganada e nunca esqueci daquilo. Aluguei o espaço e reabri a local em dois meses, com o objetivo de montar uma oficina do jeito que uma mulher merece ser atendida", declara. Ela investiu R$ 16 mil no negócio.
Cursos para se preparar para o negócio. Quando entrou no negócio, Luciana diz que não sabia nada de mecânica. "O time era masculino, machista, uma oficina feia e mal estruturada. A primeira coisa que fiz foi estudar mecânica no Senai e entender de gestão. Não foi fácil, eu tinha medo e não me colocava como dona do negócio", afirma. Depois, ela fez outros cursos de extensão e aprimoramento.
Resistência da equipe antiga. "Eu determinava as novas regras, como clareza no orçamento e explicações para os clientes, mas eles não obedeciam. No fundo, ele não me aceitavam como chefe", afirma. Ela começou a contratar e treinar outras pessoas e, em um ano, trocou toda a equipe.
Expandir via franquia é um caminho
Transformou dor em oportunidade de negócio. "Após ser enganada, Luciana viu uma oportunidade de segmentar um setor quase totalmente voltado ao público masculino. Teve visão de negócio e criou algo inovador, com um olhar diferenciado para atender o público feminino. Quem nunca pediu para marido, cunhado, parente ou amigo, para ir à oficina com você, com medo de ser enganada?", afirma Elaine da Mata, analista de negócios do Sebrae-SP.
Resistência e preconceito devem ser combatidos. Segundo Elaine, para quebrar isso, Luciana pode usar as redes sociais para tirar os estigmas sobre a presença feminina no comando de oficinas mecânicas. "Usar a rede social é uma forma de conexão com o seu público —clientes, fornecedores, investidores. A rede social é como se fosse o seu RG social, onde ela pode mostrar os diferenciais dos serviços e as inovações que implementou. Ela já está nesse caminho", afirma.
Negócio tem potencial para ser replicado. Apesar de a Oficina da Lu não ter planos de abrir franquias, Elaine diz que a marca tem campo para expandir, via franquias, após ter o modelo de negócio testado e transformado em negócio rentável. "Expandir via franquias traz uma capilaridade e potencial muito grande. Afinal, a oficina mecânica dela não vende apenas serviços, mas, sim, confiança e transparência. Os diferenciais da marca são a cerejinha do bolo, principalmente para as mulheres que hoje sofrem por se sentirem enganadas no setor", declara.
Empreender requer ter afinidade com a área. A analista de negócios diz, no entanto, que, antes de comprar qualquer franquia, a pessoa precisa se identificar com a área. "Luciana empreendeu por necessidade, para sanar uma dor que viveu. Para isso, ela se preparou com cursos na área para poder tocar o seu negócio. Ela soube que, para gerir melhor, precisaria entender do negócio. Ela correu um risco maior", diz.
Nem todos possuem o perfil ideal para gerir um negócio tão técnico, como uma oficina mecânica. É fundamental que o empreendedor, mesmo sem conhecimento prévio do setor, corra riscos calculados e busque aprofundar seus estudos na área antes de abrir a empresa, pois a falta de preparo aumenta significativamente os desafios. Ter afinidade e vocação para o ramo é um fator importante a ser considerado no planejamento.
Elaine da Mata, analista de negócios do Sebrae-SP
Mudança de nome na segunda unidade. Elaine diz que, em relação ao marketing da marca, a mudança de nome pode não ser uma boa estratégia. "Ela deveria seguir o mesmo nome, porque já tem um histórico da marca, mesmo sendo em outro estado. A padronização torna o negócio mais atrativo", declara.
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