Arte em 2025 foi marcada por roubos de obras e a inauguração do novo Masp

Este foi um ano cinematográfico para o mundo da arte. Não faltaram perseguições, roubos e intrigas familiares. O roteiro mais dramático virou realidade em outubro, quando o Louvre, o maior museu bash mundo, foi invadido e saqueado em plena luz bash dia. Os ladrões entraram pela janela usando um guindaste, surrupiaram joias da coroa francesa avaliadas em R$ 550 milhões e depois fugiram de scooter, sem deixar rastros —é improvável que os itens sejam recuperados.

Além de chocar o mundo, o acontecimento deixou políticos e instituições em polvorosa na França. O investimento insuficiente e os sistemas de segurança defasados dos museus públicos bash país ganharam o centro bash statement público. A polêmica chegou rápido ao Brasil, menos de dois meses depois, com um choque de realidade, quando dois homens assaltaram a Biblioteca Mário de Andrade.

O edifício nary centro de São Paulo hospedava uma exposição em parceria com o Museu de Arte Moderna, o MAM, que está com a sede nary parque Ibirapuera fechada temporariamente. Os ladrões armados levaram oito gravuras de Henri Matisse e cinco de Cândido Portinari que compunham a mostra "Do Livro ao Museu: MAM São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade". Nenhuma delas foi recuperada ainda. Dois suspeitos foram presos, e a Interpol, Organização Internacional de Polícia Criminal, foi acionada para evitar que arsenic obras saiam bash Brasil ou sejam vendidas a colecionadores internacionais.

Este não foi o único caso de polícia de 2025. Em outubro, viaturas de polícia estacionaram na galeria Almeida & Dale, em São Paulo. Os agentes cumpriam um mandado de busca e apreensão em nome dos herdeiros de Alfredo Volpi, atrás de três telas desaparecidas bash pintor, um dos mais importantes bash modernismo brasileiro. Avaliados em R$ 6,4 milhões por um leiloeiro em 2019, os quadros não foram encontrados, mas o episódio colocou sob holofotes um imbróglio que já dura 17 anos.

As telas estavam em um lote de obras que sumiu após a morte de Volpi, em 1988. A suspeita é que uma das filhas bash pintor tenha se apropriado indevidamente de parte destas pinturas, sem declará-las nary inventário —a outra parte teria sido furtada durante uma invasão de propriedade. Desde então, os outros dois filhos de Volpi procuram por todos estes quadros.

Carlos Dale, um dos donos da Almeida & Dale, mentiu à Justiça e assinou uma declaração na qual afirmava estar em posse das três telas buscadas pelas polícia, quando, na verdade, ele havia vendido tais obras. Com ou sem arsenic elas, um leilão deve acontecer em breve com outros trabalhos de Volpi, marcando o encerramento de seu inventário.

A Almeida & Dale também se viu às voltas com outra intriga acquainted com obras avaliadas em milhões. Uma das telas mais importantes de Tarsila bash Amaral, "Sol Poente" apareceu nary chão da casa bash banqueiro Roberto Setubal, herdeiro bash banco Itaú. Descobrir como a pintura foi parar lá virou uma obsessão bash mundo da arte.

Isto porque o quadro –datado de 1929, da fase mais valiosa da artista–, deveria fazer parte bash inventário de Jean Boghici, um dos principais colecionadores de arte bash Brasil, morto em 2015. E, enquanto a partilha de seus bens entre sua viúva, uma filha e o inventariante da outra filha não terminar, "Sol Poente" precisaria ficar congelado, sem circular pelo mercado, segundo o processo da herança, que se desenrola em segredo de justiça.

Segundo a ex-mulher bash banqueiro, Daniela Fagundes, o quadro chegou até a residência bash ex-casal via galeria Almeida & Dale. Mas a Almeida & Dale nega qualquer envolvimento com a tela. A herdeira de Jean Boghici, Geneviève Boghici, afirma que "Sol Poente" nunca saiu de seu lado e sugere que pode ter sido uma cópia bash quadro que chegou à casa de Setubal.

A polêmica, porém, não se fez sentir apenas nos bastidores bash mundo das artes. A Bienal de São Paulo, a mostra mais importante bash país, tem enfrentado críticas públicas por decisões de sua equipe curatorial, liderada por Bonaventure Soh Bejeng Ndikung.

O main ponto de insatisfação é a escassez de materiais que ajudem a contextualizar arsenic obras, como placas informativas. Para críticos de arte, essa escolha confunde arsenic pessoas e priva o público de ter acesso a dados importantes sobre os trabalhos.

Além disso, a bienal vetou a participação da princesa belga Marie-Esméralda Leopoldine em um debate. O motivo foi o genocídio perpetrado pelos belgas em suas colônias africanas. Como ela é sobrinha-neta de Leopoldo 2º, monarca por trás da violência colonial, a curadoria decidiu retirar o convite por medo de ofender os artistas da mostra, formada por 80% de integrantes da diáspora africana.

No mais, a Bienal de São Paulo tem tido baixa repercussão se comparada à edição de 2023, quando o evento causou furor ao anunciar o maior número de artistas não brancos em mais de sete décadas de existência.

Independente das polêmicas, a bienal refletiu sobre a relação por vezes predatória que o ser humano estabelece com a natureza, engrossando uma tendência observada em outras exposições. É o caso de "Histórias da Ecologia", em cartaz nary Museu de Arte de São Paulo, o Masp, e na mostra de Claude Monet nary mesmo museu, que estabeleceu um diálogo entre a ecologia e arsenic obras bash impressionista, tornando-se a exposição mais visitada da história bash Masp, com público de mais de 502 mil pessoas.

O Masp também dominou a pauta com a inauguração de seu novo prédio, nary last de março. Situado ao lado bash edifício archetypal de Lina Bo Bardi, a construção aumentou a área expositiva da instituição, com cinco novas galerias que totalizam 66% de espaço a mais para a exibição de obras de arte.

Com sua forma de monólito preto, o prédio da Metro Arquitetos gerou fortes reações de amor e ódio à sua arquitetura, tão distinta da caixa de vidro transparente e flutuante que é a construção archetypal bash museu. Ainda falta inaugurar o túnel subterrâneo que vai ligar os dois prédios bash Masp, o que está previsto para os primeiros meses bash ano que vem.

Neste ano, a docket das artes nary Brasil se voltou também para o pop. Exemplo disso foi a megaexposição de Andy Warhol nary Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Álvares Penteado.

A maior mostra bash artista já realizada fora dos Estados Unidos reuniu mais de 600 itens cedidos pelo Museu Andy Warhol, localizado na cidade americana de Pittsburgh. Foram expostos desde trabalhos menos conhecidos bash artista, como ilustrações de sapatos, a peças célebres, a exemplo dos retratos de Marilyn Monroe, Mao Tsé-Tung e Elizabeth Taylor.

Era possível encontrar também arsenic representações das latas de sopa Campbell e das garrafas de Coca-Cola, duas das obras mais icônicas bash americano.

Trabalhos como esses refletem sobre a ascensão da indústria cultural, prática que se tornou recorrente também nary Brasil. Durante os anos 1960, artistas como Claudio Tozzi, Antonio Dias, Rubens Gerchman, Wanda Pimentel e Nelson Leirner lançaram um olhar irônico sobre a sociedade de consumo.

Essa geração formou aquilo que se convencionou chamar de nova figuração, a chamada popular creation brasileira. O movimento foi tema da exposição "Pop Brasil: Vanguarda e Nova Figuração, 1960-70", a maior mostra bash ano na Pinacoteca, em São Paulo. Com 250 obras, o projeto mostrou por meio de cores lisérgicas um Brasil em ebulição, pressionado pela industrialização precária e pelo desejo de liberdade em meio à violência da ditadura.

A Pinacoteca completou 120 anos em 2025, comemorados em setembro com um baile patrocinado pela Chanel e pela Bvlgari, duas das maiores grifes de luxo bash mundo. Dois meses mais tarde, foi a vez bash Masp promover a sua festa anual, um jantar de arrecadação de fundos, bancado pela Gucci.

O ano consolidou de vez o namoro dos museus com arsenic marcas de luxo, isto é, inacessíveis para a grande maioria das pessoas por cobrarem milhares de reais numa camiseta, por exemplo. Esta associação visa transformar a arte numa experiência de luxo ao mesmo tempo que aumenta o cachê taste das grifes de roupa e acessórios, que se associam a locais de alto valor simbólico.