Os estabelecimentos do setor de gastronomia em Porto Alegre já estão sofrendo as consequências do aumento na tarifa de energia elétrica, anunciado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no final de setembro. A nova preocupação dos bares e restaurantes da Capital se soma aos prejuízos remanescentes da enchente de maio, resultando em um cenário de incertezas sobre o equilíbrio financeiro dos empreendimentos.
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Os estabelecimentos do setor de gastronomia em Porto Alegre já estão sofrendo as consequências do aumento na tarifa de energia elétrica, anunciado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no final de setembro. A nova preocupação dos bares e restaurantes da Capital se soma aos prejuízos remanescentes da enchente de maio, resultando em um cenário de incertezas sobre o equilíbrio financeiro dos empreendimentos.
Para a diretora-executiva da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Rio Grande do Sul (Abrasel-RS), Luciana Teles, os estabelecimentos encontram dificuldades na tarefa de administrar o quadro de custos.
“A redução de gastos com energia elétrica no setor de gastronomia é complicada, porque o consumidor possui expectativa de conforto. Por isso, os empreendimentos precisam oferecer ar-condicionado para os clientes, assim como garantir que os equipamentos de cozinha estejam funcionando bem para que haja agilidade nos atendimentos”, explica Luciana.
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A diretora da Abrasel-RS sugere que os estabelecimentos poderiam observar uma redução nos custos com energia caso optassem por equipamentos mais eficientes, por exemplo, de iluminação. No entanto, ela acredita que estas mudanças só poderiam ser feitas no longo prazo, uma vez que demandam planejamento prévio.
Mesmo em meio às dificuldades de gerenciamento de gastos, os bares e restaurantes evitam ao máximo repassar o aumento da tarifa de energia elétrica para os clientes. De acordo com levantamento feito pela Abrasel-RS, 40% dos estabelecimentos não conseguiram aumentar os preços dos cardápios nos últimos 12 meses. Este recorte abrange também os aumentos no custo de alimentos e insumos.
O repasse do aumento do custo da energia elétrica para o cardápio, embora promovesse certo alívio financeiro para os empreendimentos, também poderia diminuir o movimento de clientes. Assim, os empreendimentos optam por absorver o valor adicional da tarifa.
Segundo Luciana, o setor gastronômico possui expectativa alta para a chegada do verão. “O período das festas de final de ano proporciona uma movimentação maior do mercado e, consequentemente, um alívio financeiro necessário para os bares e restaurantes”, explica. A diretora-executiva da Abrasel-RS também acredita que a retomada do horário de verão, já descartada pelo governo federal para este ano, representaria uma oportunidade de economia energética para os empreendimentos do setor.
“Com a volta do horário de verão, a economia de energia, apesar de pequena, faria sentido de qualquer forma. Além disso, como escureceria mais tarde, as pessoas ficariam na rua por mais tempo, o que poderia contribuir pro aquecimento da economia”, comenta Luciana.
Repasse à clientela inviabilizaria operação, diz empresário
A Usina de Massas, restaurante localizado no bairro Moinhos de Vento, está tentando não repassar para o cardápio o aumento na tarifa de energia elétrica. De acordo com o fundador do empreendimento, Áureo Martinez, em caso de repasse, os produtos ficam com valores inviáveis e fora da realidade do mercado.
“De uma maneira geral, aumentos nunca são bem-vindos aos negócios. Nós temos um sério problema de não conseguir repassar todos os aumentos, sejam eles de produtos ou serviços”, explica. O fundador da Usina de Massas afirma que, em alguns bares e restaurantes, existe uma regra que limita a absorção de aumentos, a fim de garantir o registro de superávit.
Segundo Martinez, a energia elétrica está para os bares e restaurantes, assim como a gasolina está para o setor de transporte. “A energia impacta de todas as maneiras, desde a cozinha até os equipamentos utilizados para conforto no salão. Nós estamos chegando em uma época de calor, então, automaticamente existe um gasto de energia maior por conta dos ares-condicionados”, explica.
Como a massa é considerada uma comida de sazonalidade fria, é comum que durante o verão a Usina precise arcar com custos adicionais relacionados aos equipamentos de refrigeração, justamente para garantir que os alimentos não pereçam. Neste contexto, a operação espera uma baixa de 40% no faturamento dos próximos meses, já que 90% dos pratos do cardápio são dedicados às massas.
Em relação à retomada do horário de verão, Martinez acredita que o efeito da adoção da medida não seria o mesmo em todos os bares e restaurantes. Para ele, o impacto da mudança varia conforme o tipo de operação de cada estabelecimento. “Para os restaurantes, eu não considero que o horário de verão seja positivo, porque escurece mais tarde e, por isso, as pessoas demoram para se ajustar em casa e para jantar. Agora, se eu sou dono de um bar de happy hour, a mudança no horário me ajuda a faturar mais”, comenta.
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