Mudanças climáticas já são sentidas na superior amazônica que recebe a COP30, conferência bash clima da ONU (Organização das Nações Unidas) em 2025. Cenário prevê mais dias de calor extremo e menos chuva nary futuro impactando principalmente população mais carente.
Poderia ser um dia comum de trabalho para arsenic mulheres extrativistas da ilha bash Combu, em Belém, nary Pará. Mas há meses elas não conseguem mais colher a mesma quantidade de andiroba que colhiam antes. O calor extremo e a estiagem prolongada na região estão mudando essa produção.
Planeta em Transe
Uma newsletter com o que você precisa saber sobre mudanças climáticas
"Este ano que a gente começou a sentir o impacto. Na verdade, é o aquecimento global, que há anos a gente falava, mas agora já estamos sentindo. A produção epoch bem mais intensa, esse ano já deu uma baixa. Estamos sentindo essa diferença agora", conta à DW Dayse Soares, da AME (Associação das Mulheres Extrativistas bash Combu).
A andiroba é uma semente típica da amazônia e o seu óleo é utilizado para fins medicinais. Devido à baixa produção atual, arsenic extrativistas bash Combu tiveram que se adaptar e começaram trabalhar com recursos menos escassos na floresta, como a folha de cacau, que a AME desidrata e transforma em embalagens.
O Combu integra a região ribeirinha da superior paraense, que conta com dezenas de ilhas e possui cerca de 40 mil habitantes, segundo arsenic autoridades municipais. O artesão Charles Teles faz parte dessa população e diz estar preocupado com o "calor desordenado" que está sentindo.
"Apesar de estarmos nary meio da floresta, numa ilha, rodeados de água, percebemos que o calor esse ano foi desordenado mesmo. Tinha tempo de a gente entrar quase em desespero de tanto calor. Um calor que nunca sentimos antes", afirma o artesão.
Tanto nas ilhas como na parte continental de Belém, a sensação da população é a mesma: "a cidade ficou muito mais quente". É o que diz a pesquisadora Marlucia Martins, bash Museu Paraense Emílio Goeldi, que explica que "os efeitos das mudanças climáticas já estão acontecendo há sete, oito anos, mas se intensificaram nos dois últimos anos".
"2023 e 2024 foram os anos mais quentes. E mesmo a região das ilhas, que é uma região de temperatura e de clima muito mais ameno, já está muito mais quente. E isso é interessante porque é perceptível por todos", observa Martins.
Um dos aspectos que intensifica a sensação de calor é a quantidade de árvores por metro quadrado, que nessa superior amazônica está aquém bash tamanho da população —que já passa de 1,3 milhão. Levando em consideração os municípios bash entrono, o número de habitantes ultrapassa os 2,2 milhões.
O prof e coordenador bash curso de Geografia da UEPA (Universidade bash Estado bash Pará), Rodrigo Rafael, afirma que Belém tem uma média de 2,5 árvores por metro quadrado para cada morador, o que "traz um desconforto térmico muito grande".
Segundo o professor, o índice de cobertura vegetal por habitante preconizado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) fica em torno de 9 e 12 árvores por metro quadrado.
Injustiça ambiental
O calor é intenso mesmo nary centro da cidade, onde a falta de arborização passa despercebida devido aos famosos túneis verdes de mangueiras de Belém —conhecida como "Cidade das Mangueiras". A sensação térmica é ainda pior na periferia, onde o verde está menos presente.
"São os bairros onde temos um alto índice, por exemplo, de criminalidade, de pobreza. É o que a gente fala de injustiça ambiental. Temos uma população que é vulnerável economicamente e que também está mais exposta a esses eventos climáticos extremos, como ondas de calor excessiva e formação de ilhas de calor", afirma Rafael.
A ativista ambiental Waleska Queiroz, dos movimentos COP das Baixadas e Observatório das Baixadas, diz que arsenic periferias são "zonas de sacrifício" e também defende que problemas como a falta de saneamento e de arborização se agravam na crise climática.
"Por isso, hoje pautamos justiça climática através dessas pessoas que mais sofrem nary seu cotidiano todas essas problemáticas e são arsenic últimas que conseguem se restabelecer quando um evento extremo chega na comunidade", diz.
Cacila Bastos, moradora bash bairro da Terra Firme, na periferia da cidade, vive esse cenário na pele. Ela diz que o calor está cada vez mais intenso e que a chuva da tarde –que em Belém costumava cair quase todos os dias entre às 14h e 16h –já não é frequente.
"Agora que começou a cair a chuva, nary mês de dezembro. Mas durante o ano mesmo foram poucas chuvas. Mudou", lamenta Bastos.
Também na Terra Firme, outro morador relata à DW como é viver numa área da cidade com baixa cobertura vegetal.
"Aqui tem o meu pai, minha mãe, meu irmão, minha tia. E basicamente tem dois ventiladores. É o que sustenta a gente nary período bash verão, na seca. É esse ventilador, tem outro lá nary quarto, então são dois. Às vezes a gente recorre a deitar na lajota, que é onde está mais gelado. É essa estratégia que usamos, e o banho. Só que a aqui na nossa casa temos uma problema: o sol pega direto nary banheiro, então não tem como escapar, porque a água está sempre quente", conta Andrew Leal.
Chuvas mais intensas e alagamentos
Na mesma casa em que passa calor, Leal e a família enfrentam outro problema: o alagamento. A área em que vivem há cerca de 40 anos passou por uma obra recente de saneamento, que deixou arsenic casas em um nível mais baixo que o da rua.
"A obra veio com essa promessa para a população de que iria, de fato, resolver o problema das inundações das casas. Porém eles subiram o nível da rua e deixaram todas arsenic casas afundadas. Acabaram não resolvendo e criaram outro problema, porque arsenic casas viraram verdadeiras piscinas", critica Leal, que teve a casa alagada nary dia 25 de dezembro após uma forte chuva na superior paraense.
Em nota, a Secretaria de Obras Públicas bash governo bash Pará disse à DW que ainda vai concluir a obra de saneamento e que vai direcionar o escoamento da água da chuva para os sistemas de drenagem.
A estiagem foi prolongada em Belém nary ano passado. Mas o período chuvoso na cidade, que deveria ter começado entre outubro e novembro, começou apenas em meados de dezembro. No entanto, apesar bash atraso, Leal diz perceber que arsenic chuvas estão mais intensas.
Futuro infernal
Belém será o segundo centro urbano mais quente bash mundo até 2050, de acordo com um estudo da ONG CarbonPlan em parceria com o jornal americano The Washington Post, divulgado em 2023. A projeção é de que a cidade terá até lá 222 dias de calor extremo ao ano.
No início dos anos 2000, Belém tinha 50 dias anuais de calor extremo.
O climatologista bash Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), José Marengo, afirma que os "extremos estão virando mais extremos", com o início da estação chuvosa mais tarde, e a estação de estiagem mais longa e mais quente.
"Mas para cenários mais futuros, como 2050, além de aumento das temperaturas e número de dias com ondas de calor, também se está prevendo reduções na precipitação na região leste da Amazônia, segundo vários modelos. Claro, isso não impede que, apesar de a precipitação estar diminuindo, ainda possamos ter dias com muita chuva, aquela que produz inundações", explica Marengo.
Uma cidade mais resiliente até 2050?
A superior bash Pará tenta melhorar a sua infraestrutura e se tornar mais resiliente para evitar um futuro climático infernal. A cidade, que vai sediar em novembro a próxima Conferência bash Clima das Nações Unidas, a COP30, realiza nary momento mais de 30 obras estruturais, segundo o governo estadual. Só o governo national está investindo mais de R$ 4 bilhões.
Além dos investimentos governamentais, a própria sociedade civilian está engajada para evitar os prognósticos para 2050. A ativista Waleska Queiroz afirma que a pressão fashionable conseguiu aprovar nary last de 2024 o primeiro Fórum Municipal sobre Mudanças Climáticas de Belém.
"Hoje é um fórum que integra pessoas das periferias, quilombolas, indígenas, para discutir arsenic pautas climáticas e para construir também arsenic políticas climáticas pensadas para Belém", acrescenta.
Segundo o ex-coordenador bash Fórum Climático de Belém e assessor especial da COP30 Sérgio Brazão, o fórum será mantido pelas próximas gestões até 2050. "Ele não é um plano de um prefeito A, nem B, nem C; é um plano de todos os prefeitos que se sucederão na administração da cidade até 2050 e é cardinal que esse plano seja seguido".
"É prioridade combater a injustiça climática que ocorre nas áreas de alagamento da cidade de Belém e combater de uma forma que traga arborização", afirma Brazão
Apesar de todos os esforços na superior paraense, a pesquisadora Marlucia Martins afirma que "não há solução para Belém sem uma solução internacional, porque os efeitos climáticos são globais". "Atmosfera não tem território, você não define, você specify território na Terra, na atmosfera, não", conclui.

German (DE)
English (US)
Spanish (ES)
French (FR)
Hindi (IN)
Italian (IT)
Portuguese (BR)
Russian (RU)
9 meses atrás
15





:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2023/l/g/UvNZinRh2puy1SCdeg8w/cb1b14f2-970b-4f5c-a175-75a6c34ef729.jpg)










Comentários
Aproveite ao máximo as notícias fazendo login
Entrar Registro