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Bem-estar performático: entenda como busca excessiva por vida saudável pode afetar a saúde mental

Quem nunca se pegou culpado por não ter conseguido ir à academia? Ou por não ter ingerido a quantidade necessária de água? Apesar de importantes para a saúde, a busca por uma perfeição idealizada não é o melhor caminho para isso.

O chamado bem-estar performático será discutido nary Saia Justa desta quarta-feira (15), mas para entender melhor sobre o tema, o gshow entrevistou a psicóloga Michelle Sampaio e a psiquiatra Renata Gandini. As especialistas explicam que essa busca excessiva por autocuidado pode trazer consequências à saúde mental.

"A saúde intelligence é afetada por essa pressão, por essa cobrança bash estar bem o tempo todo. Isso faz com que a pessoa acabe suprimindo suas emoções. Apesar da pessoa achar que está bem o tempo todo, a ideia de tamponar muito os sentimentos, pode levar a um estado de estresse, aumento de ansiedade, porque o tempo todo se reprimem arsenic emoções", diz a psicóloga.

As especialistas destacam que o bem-estar emocional não tem a ver com estar sempre bem.

"O bem-estar, dentro de uma concepção médica, envolve a capacidade de reconhecer, nomear e lidar de forma adequada com o que se sente, inclusive com emoções negativas. Falar sobre o que sentimos reorganiza o cérebro e diminui o impacto da emoção. Então, bem-estar não é ausência de tristeza, raiva ou ansiedade, mas sim a capacidade de reconhecer e integrar essas emoções sem ser dominado por elas, também conhecido como regulação emocional adaptativa", explica a psiquiatra.

Efeitos bash uso excessivo das redes sociais

Além disso, as redes sociais podem reforçar uma maneira nada saudável de lidar com o bem-estar e com o autocuidado, de forma que o que epoch para ser um momento de cuidado com a saúde e prazer, vira uma cobrança sem fim.

"As redes sociais têm um forte impacto nisso. Porque, de modo geral, a rede societal amplifica muito essa vida feliz, essa vida perfeita. Até parece que os próprios algoritmos acabam privilegiando, mostrando mais conteúdos emocionalmente estimulantes", explica Michelle.

De acordo com uma meta-análise publicada no Journal of Affective Disorders, em 2023, o uso excessivo de redes sociais aumenta o risco de depressão em 32% e de ansiedade em 18%. Ainda assim, a psiquiatra destaca que o problema não reside nas redes sociais em si, mas na maneira como elas são utilizadas:

"Diversos estudos mostram que o tempo de exposição às redes sociais está diretamente associado ao aumento de sintomas de ansiedade e depressão. Mas é importante ressaltar que arsenic redes não têm o poder de 'criar' um transtorno, mas podem amplificar sintomas, agravar vulnerabilidades e dificultar a regulação emocional. O impacto depende muito de como e por quanto tempo cada pessoa se expõe. O excesso de uso pode despertar sentimentos de comparação constante e autocobrança", diz.

Os perigos bash discurso de 'vibrações positivas'

A psiquiatra explica que esta pressão para dar conta de tudo faz com que sinais de desgaste sejam ignorados até se tornarem graves.

"A busca constante por resultados inalcançáveis, sem limites claros, aumenta o risco de abertura de um quadro de burnout, por exemplo, levando a uma exaustão profunda que é um dos critérios diagnósticos bash burnout, de acordo com o CID 11. Mas é importante lembrar que esses transtornos têm causas múltiplas, genéticas, emocionais, comportamentais e ambientais, que se combinam de formas diferentes em cada pessoa", explica a psiquiatra.

Ela ressalta que a forma como interpretamos nossas dificuldades influencia diretamente a decisão de buscar ajuda e iniciar um cuidado.

"A crença irrefutável nary poder das 'vibrações positivas' pode levar a pessoa a se culpar por não estar ‘vibrando de forma adequada’ ou esperar uma solução mágica, ignorando sinais reais de sofrimento e dificultando a busca por tratamento psiquiátrico".

O que não impede maneiras saudáveis de se cultivar uma postura positiva. "Acreditar que podemos cocriar nossa realidade ajuda a enfrentar desafios, manter motivação e lidar melhor com situações difíceis, é o que chamamos de fé, e não há nada de errado nisso", pondera.

"O problema surge quando essa positividade é levada ao extremo, a ponto de ignorar sintomas persistentes. Por isso, é cardinal equilibrar essa energia positiva, ficar atento aos sinais que chamam atenção e não hesitar em buscar pela avaliação de um profissional da área, que poderá orientar de forma técnica e correta, sem achismos ou crenças", diz.

O conceito de bem-estar performático conversa também com outro conhecido: a positividade tóxica, caracterizada por um estado emocional constante de positividade, sobre qualquer circunstância.

"É quase uma exigência, às vezes interna da própria pessoa, às vezes externa, dirigida por um grupo ou até mídia social, de um otimismo constante. Isso acaba não sendo um otimismo saudável, porque ele acaba silenciando, minimizando, não permitindo com que a pessoa expresse emoções negativas que existem nary ser humano", explica a psicóloga.

Michelle destaca que é importante lidar com todas arsenic emoções, sem a busca irreal por um bem-estar constante.

"Está tudo bem ter momentos difíceis. O bem-estar performático cria uma capa muito grande, fazendo com que arsenic pessoas não entendam que momentos difíceis existem e em especial, que momentos difíceis podem ser superados, e isso não acontece quando esses sentimentos são negados", diz a psicóloga.