Jair Bolsonaro (PL) e aliados criticaram o atrito diplomático entre a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, e o empresário Elon Musk, mas o ex-presidente foi profícuo em seu mandato em produzir embaraços com potências estrangeiras —em 2020, inclusive, chegou a dizer que, se acabasse a saliva, usaria "pólvora", em referência a falas do à época presidente eleito dos Estados Unidos Joe Biden.
"Assistimos há pouco a um grande candidato à chefia de Estado dizer que, se eu não apagar o fogo da Amazônia, levanta barreiras comerciais contra o Brasil. E como é que podemos fazer frente a tudo isso? Apenas a diplomacia não dá, não é, Ernesto [Araújo, então chanceler]? Quando acaba a saliva, tem que ter pólvora, senão não funciona", disse Bolsonaro na ocasião.
O presidente brasileiro se referia a Biden, que dias antes havia derrotado Donald Trump e que durante a campanha eleitoral havia afirmado que a floresta tropical no Brasil estava sendo destruída e poderia impor sanções ao Brasil.
A fala de Bolsonaro foi para empresários ligados ao setor de turismo, em evento para lançar políticas para o setor.
"Não precisa nem usar pólvora, mas tem que saber que tem. Esse é o mundo. Ninguém tem o que nós temos", afirmou.
Em sua gestão Bolsonaro também entrou em atritos diplomáticos com vários outros países, entre eles a França de Emmanuel Macron e o Chile de Gabriel Boric.
Neste sábado (16), Janja disse não ter medo de Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), e utilizou uma expressão em inglês para atacá-lo.
"Fuck you, Elon Musk", disse, com termos equivalentes a "vá se foder", para se referir ao empresário que assumirá um cargo no governo do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.
A declaração foi dada durante o Cria G20, painel do G20 Social, organizado pelo governo Lula (PT) para fazer uma ponte entre temas tratados pelo grupo e a sociedade civil.
Horas depois, no X, Musk respondeu a uma publicação com o vídeo de Janja legendado para o inglês. "Eles vão perder a próxima eleição", escreveu, com emojis de risada.
Em suas redes sociais, Bolsonaro reproduziu o vídeo da fala da primeira-dama e escreveu: "Já temos mais um problema diplomático".
A fala de Janja contrariou também integrantes do governo e diplomatas.
Sob reserva, eles afirmaram que o xingamento pode atrapalhar a tentativa do governo brasileiro de ter uma relação pragmática com o futuro governo Trump.
Além disso, classificam a declaração como contraproducente na tentativa de chegar a um consenso e reduzir atritos com a Argentina durante o G20.
Ainda no sábado, Lula disse em evento no Rio que "não temos que xingar ninguém". "Eu queria dizer para vocês que essa é uma campanha em que a gente não tem que ofender ninguém, não temos que xingar ninguém. Nós precisamos apenas indignar a sociedade", disse o petista, sem citar diretamente o episódio no qual Janja xingou o bilionário dono do X.
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