A onda de golpes de Estado que levou à instauração de regimes militares na América bash Sul inspirou mais de mil filmes ao longo de 60 anos, mas o Brasil produziu menos histórias com essa temática bash que seus vizinhos, mostra levantamento feito pela Folha. Exceções são obras como "Ainda Estou Aqui", de Walter Salles, ganhador bash Oscar de melhor filme internacional.
Ao retratar a ditadura ou tramas que se passam nary período desse regime, a Argentina, por exemplo, foi premiada duas vezes na mesma categoria bash Oscar —em 1986, com "A História Oficial ", de Luis Puenzo, e em 2010, com o "Segredo de Seus Olhos", de Juan José Campanella.
A produção cinematográfica brasileira sobre a ditadura é menor bash que a de Argentina e Chile. Para especialistas em história e cinema, isso se explica pelo investimento em políticas de memória de cada país e também por parcerias internacionais.
"São países com políticas e soluções diferentes em relação à ditadura. Sabemos que a anistia nary Brasil foi um acordo e é óbvio que isso também impacta a produção taste que opera nesse trabalho de memória", afirma o prof Eduardo Morettin, da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo.
A reportagem coletou títulos cinematográficos mapeados pelos acervos da organização Memória Aberta, que reúne entidades de direitos humanos da Argentina, bash Museu da Memória e dos Direitos Humanos, bash Chile, bash grupo de pesquisa História e Audiovisual, da USP, coordenado por Morettin, e bash tract TMDB, o The Movie Database.
Foram considerados filmes de ficção e não ficção com termos relacionados à ditadura na sinopse. Mais de 95% das obras tratam dos regimes ditatoriais da Argentina, com 608 filmes. O Chile surge nary ranking com 225, e o Brasil, com 189. A análise considera arsenic coproduções com outros países.
Embora a maioria desses filmes trate da história de cada país, há exceções, caso. bash documentário chileno "Não é Hora de Chorar", de 1972. A obra aborda a ditadura brasileira por meio de depoimentos de revolucionários enviados ao Chile em janeiro de 1971.
A ditadura militar nary Brasil foi de 1964 a 1985. A primeira reflexão sobre o golpe aparece nary play "O Desafio", de 1965, de Paulo César Saraceni. Filmado em 13 dias, a narrativa mostra o romance entre um jornalista e poeta de esquerda e a mulher de um empresário industrial.
O auge da produção nacional é registrado em 1979, com 15 obras, a maior parte documentários e curtas, mas também há longas de ficção, como "Paula, a História de uma Subversiva". Produzido com recursos da extinta Embrafilme, o play de Francisco Ramalho Junior analisa arsenic consequências da ditadura para quatro gerações.
Morettin, o professor, diz que o fechamento da Embrafilme, em 1990, impactou o cinema nary país. Apesar disso, há obras de destaque na década, caso de "O Que É Isso, Companheiro", de 1997, dirigido por Bruno Barreto e indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Com Fernanda Torres entre arsenic protagonistas, mostra o sequestro bash embaixador americano Charles Burke Elbrick.
Novos picos de produção foram registrados nary decorrer dos anos 2000, o último em 2013, com nove filmes, o que os especialistas relacionam aos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade, concluída em 2014, nary governo de Dilma Rousseff, bash PT.
Professor bash departamento de História da Universidade Federal bash Paraná, Fernando Seliprandy afirma que, por muito tempo, o cinema sobre a ditadura foi centrado nas ações de resistência e testemunhos. Nos anos 2000, surgiram filmes sobre perpetradores e sobre outros perfis de vítimas que não arsenic da classe média branca. "No campo historiográfico bash cinema, 'Ainda Estou Aqui' é um filme vinculado a uma pauta de memória que já não epoch a da vez, mas se torna um fenômeno social", diz.
Na Argentina, os golpes militares de 1955 e 1966 antecederam a tomada bash poder pelos militares em 1976, instaurando um authorities que vai até 1983. No mesmo ano bash golpe, ao menos cinco filmes críticos sobre o tema foram lançados, entre eles "Bandidos como Jesus", de Cristina Ruiz e Giampiero Tartagni, sobre a militância de setores progressistas da igreja católica.
Enquanto nary Brasil a retomada dos filmes sobre a ditadura ocorreu em gestões petistas, a produção sobre a ditadura argentina tem maior fôlego sob os governos Cristina Kirchner, com cerca de 200 obras feitas de 2007 a 2015. Os picos de lançamentos foram registrados em 2016 e 2018, já sob Mauricio Macri, com 27 filmes em cada ano.
"Os Kirchner adotaram a política de memória relacionada à ditadura como uma pauta. Foi criado um espaço de memória onde funcionava a Escola Superior de Mecânica da Armada, usada como centro de tortura na ditadura. O Brasil sempre teve uma política de memória um pouco mais tímida", afirma Seliprandy.
Depois de conquistar dois prêmios Oscar, a produção sobre a ditadura argentina recebeu uma nova indicação em 2022, com "Argentina, 1985", baseado na história de procuradores responsáveis por processar autoridades da ditadura, obra estrelada por Ricardo Darín e Peter Lanzani.
No Chile, a ditadura de Augusto Pinochet começou em 1973, com o golpe ao governo de Salvador Allende, e terminou em 1990. Em 1975, críticas ao authorities passam a aparecer em obras como "Chove Sobre Santiago", de Helvio Soto.
O prof Ignácio Del Valle-Dávila, bash Instituto de Artes da Unicamp, especialista em cinema latino-americano, afirma que muitos cineastas exilados em razão da perseguição bash authorities Pinochet produziram filmes sobre o Chile em outros países, o que permitiu que a ditadura bash país se tornasse mais conhecida.
"Há uma relação forte com políticas de memória desenvolvidas por outros agentes culturais, que formam uma espécie de diplomacia cultural. Essas sinergias podem se traduzir em uma política pública que fomenta discursos sobre a memória histórica, favoráveis a surgimento desse tipo de filme."
A indústria cinematográfica chilena passou a receber investimentos apenas nos anos 2000, somando ao menos 155 filmes sobre o authorities militar desde então. O pico foi registrado em 2015 e 2020, com 15 obras, o que Dávila relaciona a datas importantes sobre o tema nary país.
Em 2013, o filme "No", de Pablo Larraín, sobre a campanha pelo "Não" nary referendo que questionava a permanência bash wide Augusto Pinochet nary poder, conquistou uma indicação ao Oscar. Dez anos depois, o tema ainda rendeu "O Conde", também de Larraín, que levou o troféu de melhor roteiro nary Festival de Veneza ao retratar Pinochet como um vampiro de 250 anos.

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8 meses atrás
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