
(Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre tecnologia no podcast Deu Tilt. O programa vai ao ar às terças-feiras no YouTube do UOL, no Spotify, no Deezer e no Apple Podcasts. Nesta semana, o assunto é: Algoritmo na cadeia; os segredos das fotos de Zuck; O jogo pesado de Trump a favor da Big Tech)
O cabo de guerra entre Elon Musk, dono do X, e Alexandre de Moraes, ministro do STF, em 2024 foi uma das mais simbólicas disputas envolvendo uma Big Tech e uma autoridade de um governo nacional.
Dessa briga o Brasil saiu vencedor, diz o advogado e professor Carlos Affonso Souza, diretor do ITS-Rio (Instituto de Tecnologia e Sociedade). Mas agora, que Musk faz parte do governo como chefe do DOGE (Departamento de Eficiência do Governo, na sigla em inglês) e as Big Tech se uniram a Donald Trump, "o jogo é outro", afirma.
Não só o Musk é integrante do governo, mas tem uma fala do [CEO da Meta, Mark] Zuckerberg muito explícita de que empresas e governo americano estão juntas para lutar contra ataques a essas companhias ao redor do mundo
Carlos Affonso Souza, advogado e diretor do ITS-Rio
Em entrevista ao Deu Tilt, podcast do UOL para humanos por trás das máquinas, Carlos Affonso avalia que, a partir de agora, embates com as Big Tech podem resultar em sanções e pressões vindas do governo norte-americano.
Para ele, agora é cristalino o que antes não era tão claro para a maioria das pessoas: a tecnologia deixou de compreender produtos e serviços para ser tema de geopolítica.
Acho que vale a pena a gente olhar com cuidado para essa mudança de chave. Um eventual enfrentamento com empresas norte-americanas já não é o mesmo que a gente tinha em 2024. O resultado não vai ser uma audiência pública no congresso americano e depois um relatório que ninguém leu
Carlos Affonso Souza
Brasil pioneiro na treta
A briga entre Musk e Alexandre de Moraes rendeu ao país a imagem de quem levou o primeiro dano, mas saiu vitorioso. A má notícia é que a cartada de bloquear plataformas para forçar o cumprimento de leis e decisões judiciais pode deixar de ser efetiva se usada diversas vezes, avalia Carlos Affonso.
Achar que, em todo confronto com empresas de tecnologia, o Brasil vai tirar do bolso uma varinha mágica e bloquear a plataforma, não vai acontecer. É preciso abrir a caixa de ferramentas caso o Brasil entre em uma discussão de tensão regulatória. É importante dizer que é um jogo geopolítico
Carlos Affonso Souza
Uma nova corrida
Desde que reassumiu a presidência dos EUA, Donald Trump toma decisões protecionistas. Coloca em prática o mantra "American First". Diversos magnatas da indústria da tecnologia estiveram em sua posse, uma postura que pode ser interpretada como um alinhamento ao novo governo. Essa visão, porém, carece de sinais mais claros para se concretizar, avalia o advogado.
Esse é o momento em que a gente teve a posse do Trump, falas mais duras sendo colocadas, um alinhamento estratégico ainda não completamente consolidado. Não vimos como esse ecossistema de empresas americanas vai se comportar
Carlos Affonso Souza
Os chefões das Big Tech, no entanto, não perdem de vista que estão numa corrida em que os rivais estão do outro lado do mundo.
Não tenho dúvidas de que o ponto final dessa conversa é a disputa por supremacia tecnológica ao final dos anos 2020. É bom lembrar que o plano anual chinês diz que a China alcança a supremacia tecnológica em IA [inteligência artificial] em 2030. E, se os EUA quiserem ganhar, vão ter que ganhar durante o governo Trump
- Carlos Affonso Souza, advogado e diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade
'Melhor botar o algoritmo na cadeia', diz 'pai do Marco da Internet' sobre STF

Com o retorno das atividades do Supremo Tribunal Federal, o mundo político está em compasso de espera diante da expectativa quanto à retomada do julgamento do Marco Civil da Internet, que pode criar uma forma de regular as plataformas digitais, como as redes sociais.
Para o advogado e professor Carlos Affonso Souza, um dos pais do Marco Civil da Internet, é provável que o STF mexa no artigo 19 da lei, que hoje responsabiliza as plataformas de internet por conteúdo de terceiros apenas se descumprirem ordem judicial. Pelo voto dos ministros, é possível traçar alguns cenários.
Há, contudo, muitos pontos de interrogação na possível nova formulação, diz o advogado. Em entrevista ao Deu Tilt, podcast do UOL para humanos por trás das máquinas, Souza argumenta que criar uma responsabilização civil pelo que é recomendado é muito complexo. "É melhor botar o algoritmo na cadeia", disse.
Lua de mel a 3 e irmã feminista: o que revelam as fases de Zuckerberg?

De universitário com chinelinho a magnata da tecnologia. Mark Zuckerberg, dono da Meta, já passou por muitos rebrandings. A sua nova versão com cabelos revoltos e tentativa de parecer descolado é apenas um dos muitos visuais pensados para passar uma mensagem sobre si e sobre a empresa que comanda. Até quando essa fase vai durar ninguém sabe.
Também colunista do UOL, o especialista acompanha o mundo da tecnologia, sempre pelo olhar jurídico. Tanto é que ele é um dos pais do Marco Civil da Internet, legislação conhecida como "Constituição da Internet brasileira". Ainda assim, sobra espaço para reunir histórias humanas sobre as pessoas que constroem empresas, ferramentas e técnicas ligadas ao segmento da tecnologia.
Agora, ele comenta as histórias e segredos por trás das várias fases do bilionário.
DEU TILT
Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre as tecnologias que movimentam os humanos por trás das máquinas. O programa é publicado às terças-feiras no YouTube do UOL e nas plataformas de áudio. Assista ao episódio da semana completo.

Comentários
Aproveite ao máximo as notícias fazendo login
Entrar Registro