Candidatura presidencial de Flávio Bolsonaro é vista como blefe por aliados e opositores

O anúncio do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) de que foi escolhido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como candidato do grupo para disputar a Presidência da República nas eleições do ano que vem foi recebido com ceticismo por aliados e opositores da família.

Críticos e apoiadores concordam que se trata de um blefe, mas apresentam motivos diferentes. Eles apostam em retirada futura da candidatura em favor de Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) ou algum outro representante da direita.

Para apoiadores, Bolsonaro lançou o filho com o objetivo de fortalecer o nome da família em um momento de baixa. O ex-presidente está preso na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, condenado por tentativa de golpe de Estado.

Nesse cenário, para seus críticos, Bolsonaro teria avaliado como importante colocar em evidência alguém da família, carregando o seu sobrenome, para estancar a perda de capital político enquanto se encontra preso.

Para os segundos, seus aliados, o ex-presidente teria anunciado o nome do filho como uma maneira de empoderá-lo frente à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, com quem teve atritos na última semana.

Michelle criticou o deputado André Fernandes (PL) por costurar uma aliança com Ciro Gomes (PSDB) no Ceará, e Flávio reagiu, dizendo que ela havia se dirigido ao parlamentar de forma "autoritária e constrangedora".

Para manter o comando político da família com os filhos, Bolsonaro teria então planejado a oficialização de Flávio como seu representante nas eleições do ano que vem.

O ceticismo com que a indicação foi recebida por aliados e opositores está relacionado ao que veem como fragilidades de uma candidatura do senador.

Entre elas, acusações como o esquema de rachadinha na época em que ele era deputado estadual, as suspeitas de lavagem de dinheiro em uma franquia da rede de cafés Kopenhagen e a compra de uma mansão em Brasília.