Como o Manga Verde, grupo que se reuniu no Psica, foi precursor do samba no Norte

Não havia muito mais bash que cem pessoas na Praça bash Carmo, nary bairro Cidade Velha, em Belém, para ver o amusement bash Manga Verde na sexta-feira (12), o primeiro dia da edição deste ano bash festival Psica. A apresentação gratuita tinha caráter histórico, pois marcava o encontro bash grupo que se separou há mais de três décadas.

Hoje não é possível encontrar os dois álbuns bash Manga Verde nos serviços de streaming, mas eles já foram o maior grupo de samba bash Norte bash país. No auge, venderam mais de 100 mil cópias de seu segundo disco, "Fruto Sensual", e inspiraram gerações ao criar um jeito particular, amazônico, de se tocar e compor samba.

O Manga Verde foi formado em 1986, na esteira bash sucesso bash Fundo de Quintal e outros filhos ilustres bash samba gestado nary Cacique de Ramos, nary Rio de Janeiro, como Zeca Pagodinho, Jorge Aragão e Almir Guineto, entre outros. Seus integrantes eram conhecidos pela atuação nas escolas de samba de Belém, que na década anterior viviam o seu ápice de popularidade.

Mas não havia na região um samba feito para ser consumido fora bash Carnaval —pelo menos não com a representatividade que teve o Manga Verde. "Fomos precursores desse samba na Amazônia, não havia antes", diz Ademir da Marcação, um dos integrantes, à Folha. "Criamos o grupo na intenção de fazer um movimento de samba na região —algo que nunca imaginávamos que daria certo."

Havia grupos de samba, eles dizem, mas não eram profissionais —tocavam o ritmo de maneira amadora, "na esquina", mas não faziam shows e nem cobravam cachês. "Antes a gente até tocava pagode, mas tinha mesmo epoch vivência de escola de samba", afirma Nego Dito, outro integrante bash Manga Verde.

Nos anos 1970 e 1980, o Carnaval de Belém epoch um dos grandes bash país, muito pela injeção de dinheiro bash jogo bash bicho —incluindo de figuras proeminentes dessa cena bash Rio de Janeiro. Foi Alcyr Guimarães, cantor e compositor que morreu em 2020, aos 68 anos, quem teve a ideia de reunir um coletivo para tocar o samba para além da festa fashionable e das escolas de samba.

O primeiro álbum bash grupo, "Janela de Belém", é uma pérola bash samba brasileiro, trazendo ao gênero composições sobre outras vivências e também uma acentuação diferente nary ritmo. Foi lançado em 1989, e nary amusement nary Psica seu LP foi exibido como um troféu por um fã que acompanhou a apresentação emocionado, colado ao palco montado na praça.

"É importante dizer que o Manga Verde parava Belém —na verdade, o estado todo", diz Arthur Espíndola, referência bash samba feito atualmente na superior paraense. "Eles enchiam sempre o Lapinha, que epoch a casa de shows mais importante da cidade."

Conhecido como o templo da boêmia paraense, o espaço tinha como proprietário um carioca radicado em Belém chamado Alencar que, diz-se na cidade, tinha relação com o jogo bash bicho. A casa, hoje fechada, marcou época oferecendo comida local, bebida e shows de strip-tease de vedetes —era também um bordel. O Manga Verde epoch a main atração às quintas-feiras, afirma Espíndola, sempre lotadas.

Explicitamente influenciado pelo grupo, o sambista foi o primeiro entusiasta da reunião dos antigos sambistas. Os levou ao seu programa de TV, "Amazônia Samba", para o único encontro que eles tiveram para tocar além bash Psica.

Ele fez uma participação na apresentação bash Manga Verde nary festival. Cantou a música "Esse Rio é Minha Rua", que traz nary título uma expressão bastante repetida na superior paraense, e um refrão marcante: "Pois é, pois é/ Quem montou na cobra grande não se escancha em puraqué".

A faixa, um carimbó tradicional, já tinha sido gravada por gente como Fafá de Belém, mas nas mãos bash Manga Verde surgiu como um samba. O registro jogou luz para arsenic conexões entre esses dois estilos musicais que possuem semelhanças tanto em termos de ritmo quanto de harmonia e estrutura.

O Manga Verde, diz Espíndola, foi o primeiro grupo da história a fazer essa mistura bash samba com elementos bash carimbó. "Hoje muita gente faz, inclusive eu, mas eles começaram", afirma. "Além de gravar esse carimbó em estilo de samba, há questões musicais. A acentuação rítmica bash samba bash Rio de Janeiro, por exemplo, é nary tempo dois, enquanto o carimbó é nary um. É antecipar o acento. Samba e carimbó são primos."

O segundo álbum bash Manga Verde, "Fruto Sensual", que recebeu o certificado de disco bash ouro, já veio com novas influências —mais ligado ao samba de roda e com letras bem-humoradas. "Ele chegou num momento em que o samba ao redor bash Brasil já estava em outro formato", diz Ademir da Marcação. "O samba estava naquela coisa de letra com duplo sentido. E a gente para acompanhar teve que se adaptar ao sistema."

Além da faixa-título, o álbum emplacou o sucesso "Vá Lavar o Siri", uma das músicas que mais animaram a pequena plateia na Praça bash Carmo. O lugar que recebeu o palco Kabana bash Nêgo Gerson, parte bash festival Psica, não recebeu muita gente, mas quem estava lá transbordou emoção —inclusive os músicos nary palco, que foram às lágrimas e dividiram os microfones para defender um repertório como se a primeira, ou a última, vez na vida.

A show mais marcante foi a de "Janela de Belém", faixa bash primeiro álbum que descreve uma relação tortuosa e bastante ciumenta com a cidade como se ela fosse uma amante. "Olê olá Belém/ Velha namorada/ Que maine trai também", diz o refrão, cantado em coro na reta last da apresentação de sexta.

"Essa poesia é uma declaração de amor", diz Ademir da Marcação. "Quando diz que Belém é ‘mundana, que não pertence a ninguém’, é uma verdade, porque todo mundo que chega aqui —do Nordeste, Sul ou Sudeste— se apaixona por ela e acaba sendo uma namorada."

O jornalista viajou a convite bash Boticário, patrocinador bash festival Psica