Conheça a família de aviões Airbus A320, que enfrenta problemas pelo mundo

Conheça um pouco da história do modelo, que mudou a aviação mundial.

Nasce uma estrela

Primeiro voo do Airbus A320, na década de 1980 Imagem: Airbus

O programa que deu origem à família Airbus A320 foi lançado em 1984. O projeto nasceu em um momento em que a fabricante enfrentava um histórico difícil, principalmente após as primeiras tentativas com aviões de fuselagem larga, que não despontavam como esperado para o momento.

Apostar no A320 representava uma decisão estratégica de entrar no mercado de aeronaves de fuselagem estreita com curto e médio alcance. Esse filão era, até então, dominado por modelos como os da família Boeing 737.

Entre as principais inovações do A320 estão o uso de controles de voo digitais, chamados de fly-by-wire. Essa tecnologia, até então presente comumente em aviões militares apenas, eliminava cabos, bastando o piloto comandar a aeronave na cabine que sinais eletrônicos são enviados para as superfícies de controle do avião.

Isso representou um forte avanço tecnológico e aumento na confiabilidade da operação em diversos aspectos. O primeiro voo do A320 ocorreu apenas em 22 de fevereiro de 1987, e sua entrada em serviço comercial se deu em abril de 1988 pela companhia Air France.

Com o tempo, o A320 ganhou território e passou a ser visto com confiança e uma alternativa aos seus concorrentes.

Família grande

Primeiro voo do Airbus A320, na década de 1980 Imagem: Airbus

Com o sucesso do modelo original, a Airbus expandiu a família A320 para atender diferentes necessidades do mercado. As principais variantes originais incluem, do com menor capacidade para o maior: A318, A319, A320 e A321.

Em 2010, a Airbus lançou uma nova geração de aviões, a família A320neo (neo = New Engine Option, ou seja, nova opção de motor), marcando o início de uma modernização da frota com motores mais eficientes e melhorias aerodinâmicas, incluindo winglets (ou sharklets), que são aquelas estruturas viradas para cima na ponta das asas.

As versões neo oferecem economia de combustível da ordem de 20% por assento em comparação com os modelos antigos, se tornando mais atrativos para empresas e investidores.

Além disso, variantes de maior alcance e capacidade como a A321XLR (XLR - eXtra Long Range, ou, alcance ultralongo), expandiram ainda mais o leque de rotas possíveis a serem operadas. Isso inclui alcances similares aos dos jatos tradicionais de fuselagem larga (geralmente, com dois corredores), que antes dominavam rotas do tipo.

A concorrência com o 737

Durante décadas, o domínio no segmento de aviões de fuselagem estreita (ou de corredor único) esteve concentrado no Boeing 737. A aposta da Airbus com o A320 iniciou uma competição direta, em que o A320 representou não apenas uma alternativa, mas uma mudança de paradigma.

O avião conseguiu apresentar uma maior cabine interna na categoria, controles fly-by-wire, cabine de comando praticamente idêntica entre os modelos da família (o que gera economia com novos treinamentos) e inovações tecnológicas constantes. Assim, o mercado ficou polarizado entre o Boeing 737 e o seu concorrente direto da Airbus, forçando o ritmo de evolução dos modelos ano a ano.

O ápice dessa disputa se concretizou no segundo semestre de 2025, com a 12.260ª entrega de um A320neo para um cliente. Esse número superou a marca acumulada pelo Boeing 737, que começou a operar comercialmente 20 anos antes, tornando os aviões da família A320 como os mais entregues da história.

Airbus A320neo, o modelo mais recente da família A320 Imagem: Airbus

Fontes: Airbus, Aviation Weekly, Jane's Defence, Boeing