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‘Dick rating’: Como mulheres monetizam narcisismo masculino cobrando para avaliar pênis

Mas algumas mulheres têm transformado em dinheiro o fetiche masculino de mostrar o órgão sexual a desconhecidas. O “dick rating” (“classificação de pênis”, em português) se tornou mais uma fonte de renda para produtoras de conteúdo adulto na internet.

Nesta semana, o g1 publica uma série de reportagens para explicar as novidades da produção de conteúdo pornô. Vídeos inspirados no TikTok, influenciadoras que fazem “avaliação de pau”, o lucrativo mercado da “venda de packs” e casas de conteúdo estão entre tendências.

Funciona exatamente do jeito que você está pensando: um homem envia a foto do próprio genital de forma consensual e paga para receber a resposta, que pode ser só uma nota de zero a dez, um áudio ou um vídeo sensual -- cada formato tem seu preço.

As reações também variam ao gosto do cliente, do mais básico elogio à pior das humilhações -- para esse tipo de retorno, existe uma sigla própria: SPH (small penis humiliation ou humilhação de pênis pequeno, na tradução para o português).

“Muitos homens têm a fantasia do exibicionismo. Para esses, enviar nudes é uma forma de mostrar o seu poder de fogo, tentar impressionar ou chocar”, explica Carla Cecarello, psicóloga especialista em sexualidade humana.

“E há também os que encontram, nessa prática, uma maneira de oprimir a figura feminina.”

‘Pode enviar, mas eu cobro’

A atriz e modelo Yu Ferracini começou a avaliar pênis alheios há dois anos, quando passou a produzir conteúdo para o OnlyFans. A plataforma, fundada em 2016, reúne milhares de usuários dispostos a pagar por conteúdo erótico.

A atriz e modelo Yu Ferracini cobra US$ 30 (quase R$ 150) para avaliar nudes de homens no OnlyFans — Foto: Reprodução/Instagram

“Muitos homens me enviavam fotos indesejadas do pênis, eles sentem tesão em fazer isso. Então passei a cobrar. Quer enviar? Pode, mas eu cobro”, explica.

Yu criou uma estratégia para faturar com os nudes não solicitados que recebe no Instagram e em aplicativos de relacionamento: “Finjo que não estou conseguindo abrir e, logo em seguida, mando o link do meu OnlyFans, avisando que recebo por lá”. Na plataforma, ela cobra US$ 30 (quase R$ 150) para responder com um vídeo avaliando o membro, geralmente de forma elogiosa.

Nem sempre o fetiche é centrado no pênis. Yu conta que já recebeu outros tipos de pedido. “O mais interessante foi um menino que me mandava vídeos na academia, e pedia que eu avaliasse o progresso do corpo dele”, lembra. "É uma coisa narcisista, vem do ego do homem."

Para além dos negócios de quem trabalha com conteúdo adulto, o “dick rating” se tornou parte de uma cultura sexual na internet.

No Reddit, rede de discussões on-line, há comunidades em que homens mostram seus pênis, com o objetivo de receber opiniões honestas. O site permite a publicação de conteúdo sexualmente explícito, desde que haja consentimento de quem recebe e de quem está na foto.

Sem cobrar nada, participantes dos fóruns dão notas e avaliam tamanho, forma, curvatura, espessura, número de veias e aparência dos testículos -- alguns comentários são carregados de volúpia, mas a maioria é bastante técnica.

“Quando o homem tem a necessidade de ser avaliado por uma mulher, há a vaidade, mas também uma submissão forte em relação à figura feminina”, analisa a psicóloga Carla Cecarello. “É como se a mulher passasse à posição de opressora, e o homem passa a ter certo prazer nisso.”

A modelo Ellabar costuma atender um outro nicho: o de homens que pedem para serem humilhados. “Faço avaliações sinceras e a SPH. Grande parte do meu público é de submissos”, diz.

A small penis humiliation é uma forma de humilhação erótica envolvendo o pênis, em que uma pessoa dominante degrada consensualmente o órgão de um submisso. Geralmente, os discursos são focados em críticas ao tamanho do membro.

A modelo Ellabar costuma trabalhar com SPH (da sigla em inglês, humilhação de pênis pequeno) — Foto: Reprodução/Instagram

Ellabar cobra mais barato para humilhar: os preços vão de R$ 45 a R$ 85, a depender do formato da avaliação, em texto, áudio ou vídeo. Para o “dick rating” comum, os valores ficam entre R$ 50 e R$ 100. E há o serviço mais econômico, que dá direito apenas a uma nota e custa R$ 35.

“Quem não gosta desse tipo de prática vai olhar para isso e se questionar: como um homem se submete a uma humilhação assim? Mas, para quem sente prazer nisso, é uma prática sexual saudável”, afirma a psicóloga.

Para ela, no entanto, investigar o que há por trás do prazer na humilhação pode ajudar o homem a se entender melhor e ter uma vida sexual mais satisfatória.

“Desfrutar desse tipo de prazer pode ter a ver com outras questões da vida dessa pessoa: como ela foi criada e qual foi o desenvolvimento familiar, por exemplo. Aí o buraco é mais embaixo.”

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