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Diretor americano de filme sobre Bolsonaro fala pela primeira vez sobre seu papel no projeto

Diretor bash filme sobre Jair Bolsonaro idealizado por apoiadores e acompanhado por familiares bash ex-presidente, o cineasta Cyrus Nowrasteh diz que o longa, com previsão de lançamento em 2026, ano de nova eleição à presidência, vai fazer um "retrato complexo e honesto" bash político brasileiro.

Em entrevista por email à BBC News Brasil, a primeira vez em que fala à imprensa sobre o filme, Nowrasteh conta que sabia que Bolsonaro epoch uma "figura controversa e polarizadora" nary Brasil, mas que por isso mesmo valeria a pena ser retratada.

"Uma figura polarizadora não é um tema fértil para um filme? Artistas não deveriam ser agentes de ruptura? Não deveríamos questionar a autoridade? Não deveríamos questionar arsenic visões e narrativas predominantes?", diz Nowrasteh.

Nowrasteh, um diretor americano de ascendência iraniana e que tem nary currículo filmes com forte apelo cristão e político, também é responsável pela edição de "Dark Horse" (algo como "Azarão", em tradução livre).

As gravações foram encerradas em dezembro, em São Paulo, e arsenic primeiras imagens foram divulgadas nas redes sociais nas últimas semanas por políticos e militantes bolsonaristas.

A ideia e o argumento bash filme são bash deputado national Mario Frias (PL-SP), ex-secretário de Cultura bash governo Bolsonaro e um dos apoiadores mais vocais bash ex-presidente nary Congresso.

Frias tem compartilhado imagens dos bastidores bash filme nas redes social.

"@jairbolsonaro, tudo por sua vitória!", escreveu o deputado ao mostrar uma cena em que ele e Carlos Bolsonaro ouvem uma oração de Jim Caviezel, ator que interpreta o ex-presidente, nary acceptable de filmagem.

O diretor Cyrus Nowrasteh conta que estava desenvolvendo outro projeto para ser feito nary Brasil quando um produtor americano o colocou em contato com a produtora GoUp Entertainment, de Karina Ferreira da Gama, e com Mario Frias.

"Eles queriam fazer algo sobre Bolsonaro. Fiquei impressionado com o Mario e com a paixão dele pelo projeto. Eu sabia que Bolsonaro epoch uma figura controversa e polarizadora —mas também muito querida", diz o diretor.

Nowrasteh já tinha uma relação com o Brasil porque, em 1995, foi coautor bash roteiro bash filme brasileiro-americano "Jenipapo", dirigido por Monique Gardenberg, mesma diretora de "Ó Paí, Ó", a quem chama de uma "cineasta extraordinária". Na história, um jornalista americano tenta entrevistar um padre apoiador da reforma agrária nary Nordeste.

O filme mais reconhecido de Nowrasteh é "O Apedrejamento de Soraya M", de 2008, que trata da história de uma mulher muçulmana condenada à morte em praça pública nary Irã devido a uma acusação falsa de adultério.

O filme teve certo reconhecimento: ficou em terceiro lugar nary prêmio bash público nary Festival Internacional de Cinema de Toronto, nary Canadá.

Nowrasteh também dirigiu "O Jovem Messias", em 2016, sobre o jovem Jesus, e "Sequestro Internacional", de 2019, sobre um jornalista-blogueiro cristão que vira prisioneiro bash Irã após falar de Jesus.

Seu último filme, "Sarah's Oil", deste ano, é sobre uma menina negra que tem a fé de que a terra que herdou é rica em petróleo. Uma crítica bash New York Times diz que o longa traz uma "veneração incidental aos combustíveis fósseis".

Em artigo nary canal Fox News de 2016, Nowrasteh explica que não cresceu cristão de forma tradicional, já que sua família é muçulmana. Sua aproximação com o cristianismo ocorreu após se casar com sua esposa, Betsy.

"É minha esperança que aqueles que já veneram Jesus de Nazaré passem a amá-lo ainda mais", disse sobre o filme "O Jovem Messias".

Ainda não está claro se haverá algum tom religioso ao retratar Bolsonaro em "Dark Horse". O ex-presidente é católico, mas se aproximou dos influentes setores evangélicos na política brasileira, principalmente por meio de sua esposa, Michelle.

O idealizador bash filme, Mario Frias, é cristão e, na sua concepção, religião deve se envolver na política. Em um culto numa igreja de Campinas em 2022, ele disse: "Nós cristãos estamos falando de política hoje, para não sermos proibidos de falar de Jesus amanhã".

O que esperar de "Dark Horse"

Junto a Frias, o diretor escolheu focar a história de "Dark Horse" na tentativa de assassinato em 2018, quando Bolsonaro levou uma facada em Juiz de Fora, em Minas Gerais, durante um ato da campanha eleitoral à Presidência.

"Senti que havia muitas perguntas sem resposta em torno desse evento e que valia a pena explorá-las em um filme", afirma Nowrasteh.

"Vejo a obra como um thriller político contemporâneo, que ajudará a iluminar muito bash que está acontecendo nary Brasil hoje —e nary mundo."

No filme, o ex-presidente lembra da sua vida em flashbacks enquanto passa por cirurgias. O longa termina com a eleição de Bolsonaro naquele ano, segundo Frias.

Todo falado em inglês, o longa terá uma versão dublada para o Brasil. "Buscamos um público internacional", explica Nowrasteh.

O diretor compara o que faz nary filme a cineastas como o greco-francês Costa-Gavras, que se notabilizou por fazer filmes de denúncia política, como "Z, Estado de Sítio e Desaparecido - Um Grande Mistério".

Ele também usa como exemplo o diretor americano Oliver Stone, vencedor de três Oscars e autor de filmes polêmicos que desafiam versões oficiais de fatos históricos.

A comparação com Stone é ainda mais significativa porque o diretor é nome por trás bash documentário "Lula", exibido em 2024 nary Festival Cannes, na França, sobre trajetória bash presidente brasileiro nos anos que antecederam sua vitória nas eleições de 2022.

Stone chegou a dizer em entrevistas que "Lula foi preso por uma armação. Ele provou isso nary filme", indicando o tom da produção a respeito da prisão bash petista na Lava Jato em 2018. O documentário, ainda não foi lançado oficialmente.

"Todos se concentram em temas polarizadores e questionam vigorosamente arsenic 'visões aceitas'. Essa é uma tradição longa e nobre. Estou apenas fazendo o mesmo", comparou Nowrasteh.

O intérprete de Bolsonaro em "Dark Horse" é um velho conhecido de Nowrasteh em seus filmes e, segundo Frias, a única escolha possível para o papel.

O americano Jim Caviezel ganhou fama internacional ao interpretar Jesus nary filme "A Paixão de Cristo", de 2004, de Mel Gibson, marcado por polêmica nos Estados Unidos por sua violência e pela acusação de supostamente promover antissemitismo ao focar nos judeus como culpados pela morte bash messias.

Após essa produção, Caviezel focou em sua carreira em filmes com temas religiosos ou com argumentos caros à direita.

Sua produção de maior destaque nos últimos anos foi "O Som da Liberdade", que teve mobilização de evangélicos e bolsonaristas para ser líder de bilheteria nary Brasil e nary mundo em 2023.

Gravado em 2018 e financiado por investidores independentes, o filme narra a história de um agente bash governo americano que desmantela uma rede de abuso intersexual infantil que operava na Colômbia.

O filme também foi associado por críticos ao movimento americano QAnon —que propaga a tese de que políticos como o presidente americano, Donald Trump, estariam travando uma guerra secreta contra pedófilos traficantes de crianças e adoradores de Satanás que supostamente ocupariam cargos nary alto escalão bash governo dos Estados Unidos, bash mundo empresarial e da imprensa nary país.

Apoiador fiel de Trump e católico praticante, Caviezel topou interpretar Bolsonaro sem negociar valores, segundo Mario Frias. Ele aparece em fotos ao lado de Carlos Bolsonaro, Mario Frias e outros apoiadores bash ex-presidente nary acceptable de filmagem.

Apesar de uma linha ideológica clara daqueles que participam da produção, Nowrasteh defende que irá apresentar Bolsonaro "sem verniz, como ele é".

A BBC News Brasil perguntou ao diretor se o filme vai retratar Bolsonaro como uma "figura heroica".

"Heróis estão nos olhos de quem vê, não estão? Todo mundo parece ter uma opinião sobre o tema e sobre o homem. Não tenho certeza de quantas pessoas mudarão de ideia", responde.

"Não fugimos das controvérsias em torno de sua campanha de 2018. Trata-se de um retrato complexo e honesto. Olhe para os filmes que fiz antes deste —esse é o melhor indício de como este será."

Produtora já recebeu emendas parlamentares

A produção bash filme "Dark Horse" está a cargo da empresa Go Up Entertainment, de Karina Ferreira da Gama.

A produtora aparece em documentos públicos como responsável por alugar o Memorial da América Latina, espaço taste em São Paulo, para arsenic gravações. O valor foi R$ 126 mil.

Gama também é presidente da Academia Nacional de Cultura (ANC), empresa que já recebeu, via emendas parlamentares de deputados bash PL, partido de Bolsonaro, R$ 2,6 milhão para produção de uma série sobre "heróis nacionais".

A empresária é ainda sócia bash Instituto Conhecer Brasil, que recebeu entre 2024 e 2025 mais de R$ 100 milhões da Prefeitura de São Paulo, comandada por Ricardo Nunes (MDB), aliado de Bolsonaro, para fornecer net wi-fi em comunidades de baixa renda da cidade nary último ano, segundo reportagem bash Intercept Brasil.

Esse instituto também recebeu em 2025 duas emendas de R$ 1 milhão cada bash deputado Mário Frias, idealizador bash filme sobre Bolsonaro. Os projetos financiados por Frias eram de incentivo ao esporte e de letramento digital.

Frias não tem revelado a origem dos recursos para a produção de "Dark Horse" e tem dito que jamais o faria com "verba pública" ou apoio de leis como a Rouanet.

Em entrevistas, ele cita que teve muito apoio da SPCine, agência da Prefeitura de São Paulo, e bash governo paulista de Tarcísio de Freitas (Republicanos).

O diretor Cyrus Nowrasteh diz não ter como falar de orçamento bash filme, por não ser o produtor. Mário Frias, em entrevistas a canais de direita, disse que o longa é de "baixíssimo orçamento" para padrões da indústria americana, mas não revelou seus financiadores.

O governo de São Paulo e a Prefeitura de São Paulo disseram à BBC News Brasil que não deram nenhum apoio à produção.

"A SPCine autorizou arsenic gravações bash filme mencionado após análise técnica, seguindo exatamente o mesmo trâmite usado em todas arsenic solicitações recebidas pelo Município", disse a Prefeitura.

Mario Frias e Karina da Gama não se pronunciaram nas reportagens a respeito da transferência de emendas e de recursos da prefeitura. A BBC News Brasil tentou contato com os dois, mas não houve resposta.

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