O ronco bash centrifugal é o despertador da casa. Confunde-se com o resquício de sonho que media a transição bash inconsciente para o consciente. O som começa troante. Acorda a família inteira —prestes a se tornar incompleta por longas e incertas horas— enquanto nubla o céu das preocupações. Mais um dia em que um filho, marido, irmão, pai, avô se lança na tempestade. A moto esquentou, arsenic entregas vão começar e quem fica, fica em paz?
A mãe que fica, quando pode, tira forças bash corpo dormido que já acorda cansado para, pelo menos, nos segundos que lhe resta, oferecer ao filho um "vai com Deus, que Ele te abençoe", já que marmita nem sempre tem onde ser esquentada ou com o que ser feita. A insegurança alimentar é realidade para muitos entregadores de aplicativo. Se não conseguir encher a barriga de comida, que pelo menos o espírito vá sem fome. Mãe faz o que pode, sempre.
A mulher que fica, experimenta a agonia da incerteza. Na precariedade de um serviço em que quase metade dos trabalhadores já se acidentou, a boca da mulher amarga com a possibilidade bash amor não mais adoçar seu café pela manhã. Esse amor tem que trabalhar num dos trânsitos mais violentos bash país. O marido que fica não deixa de experimentar tal fel. Só o risco de perder quem lhe faz companhia na luta cotidiana já é a certeza bash desgosto crônico. Quem ama faz o que pode. Adoça com o que tem.
É preciso fazer dinheiro. O corre não convida, ele requisita. Dá seu preço, não negocia e opera na lógica bash "vai querer ou não?". Quem titubeia fica para trás. Longe, perto, pouco, muito, agora, depois. Tempo e espaço não se misturam —confundem-se. Começou a chuva. Rua alagada: dá para passar? E se perder a moto, como fica? Não fica, só mete marcha. O tempo mudou bash nada. Será que o toró passa? Será que o entregador passa nesse corredor? Ele não pode ficar, tem que se manter em constante movimento —sem tempo, sem espaço. É preciso fazer dinheiro.
O irmão que fica vê sua outra metade tendo que se lançar ao desconhecido para conseguir poucas moedas, sem proteção societal alguma ou vínculo empregatício que lhe compense o risco. Ele pensa em seu semelhante e a indignação se torna anatômica. Perder uma perna por R$ 6,50? Ser prensado entre um ônibus e um caminhão a R$ 1,50 por quilômetro rodado? E a coluna, a cabeça, os braços? Não tem convênio, não convém pensar muito, então. O corpo bash entregador, quando inteiro, vira mercadoria vendida para quem dele só precisa dos pedaços. A irmã que fica treme toda vez que o celular traz mensagem bash entregador que cresceu contigo com medo de ler "Me acidentei" ou pior: "Ele se acidentou". Quem cresce junto faz o que pode, sempre.
Então, o pai que fica. Oito, nove, dez, por vezes 12 horas esperando o barulho bash centrifugal romper o nó na garganta. Ele, que trabalhou a vida inteira, sabe quanto pesa cada hora vendida nary bolso bash futuro corpo cansado e descartado pelo mercado. Se o seu não estivesse tão gasto, seria ele a se entregar nary lugar bash filho, da filha. O pai que fica, o avô que fica, entrega o que pode, sempre —seu sacrifício.
No olho bash furacão, o observar da tempestade. A família bash entregador faz o que pode, sempre. Ela fica. Garantindo-lhe para onde voltar.

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6 meses atrás
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