Fazenda vê PIB mais fraco como senha para cortar juros em janeiro

O secretário de Política Econômica do ministério da Fazenda, Guilherme Mello, chama a atenção para a desaceleração mais forte dos serviços (0,1%). "A indústria (0,8%) e o agro (0,4%) vieram bem, um pouco melhor que o esperado. Como houve revisão dos trimestres anteriores e melhorou o primeiro semestre, mantemos nossa projeção de fecharmos o ano com crescimento entre 2,2% e 2,3%", afirmou à coluna.

Mello continua: "O PIB de hoje reforça o que a gente já vem falando: há uma desaceleração das atividades cíclicas - ligadas ao ciclo econômico, e portanto afetadas pela politica monetária - e uma resiliência das atividades não cíclicas, menos afetadas pela política monetária. Mostra também que os efeitos da politica monetária são claros. Esse conjunto de dados será avaliado pelo BC para pensar o momento que deve iniciar o ciclo de redução da taxa de juros".

Outros assessores da Fazenda ressaltam que desde que Lula assumiu, não houve um trimestre sem crescimento. E é um crescimento sustentável que, na projeção deles, deve se manter entre 2% e 3% nos próximos anos.

Mercado vê cenário menos otimista

Analistas do mercado têm uma visão diferente. Muitos ainda colocam em dúvida a antecipação do processo de flexibilização monetária. "Nossa projeção segue de corte em março, com possível antecipação para janeiro ainda na mesa. A inflação segue acima da meta a despeito da política monetária restritiva. A desinflação vista no ano é quase por completa atribuída à apreciação do câmbio e ainda assim não produz IPCA no centro da meta", aponta o economista-chefe da Porto Asset, Felipe Sichel.

Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, acrescenta: "Ano que vem PIB caminha para ficar em 1,5%. Tem uma desaceleração muito clara. A gente vê isso acontecer com mais intensidade em consumo e investimento. A única coisa que está segurando são as commodities. A exportação está forte".