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Francesa estuprada e dopada pelo pai na infância fala sobre abusos após caso Pélicot: 'Achava que eu merecia'

Anne, de 63 anos, é uma delas e contou ao canal de notícias da emissora alemã Deutsche Welle sobre os abusos que sofreu na infância. Quando criança, ela foi dopada e estuprada por seu próprio pai e outros homens durante anos.

"Você se sente constantemente em perigo, como se estivesse enlouquecendo. Para uma criança, sua família é seu mundo. Sempre achei que fosse minha culpa. Achava que eu merecia. Diversas vezes tentei tirar minha própria vida", lamenta.

Motivada pela força de Giséle Pélicot, Anne, que não teve coragem de denunciar o pai por décadas, agora espera que o prazo de 20 anos para denúncias de estupro seja abolido na França para poder abrir uma ação judicial contra ele.

O caso Pélicot levou o governo francês a criar uma comissão parlamentar sobre submissão química, a fim de propor emendas à lei e reavaliar leis sobre o tema.

"Espero que meu pai esteja com medo. Quero que ele veja que os tempos estão mudando", afirma.

Gisèle Pelicot compareceu a quase todas as audiências do julgamento iniciado em setembro — Foto: Reuter

'Que a vergonha mude de lado'

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"Todos aqui, apesar da presunção de inocência, são culpados, assim como eu", disse Dominique Pelicot nesta segunda-feira.

Dominique Pélicot compareceu ao tribunal nesta quarta, visivelmente fraco — Foto: Benoit PEYRUCQ / AFP

A maioria dos outros 50 réus também é acusada de estupro agravado. A promotoria pediu entre 10 e 18 anos de prisão para 49 investigados.

Em seguida falou Maréchal, que reconheceu os atos dos quais foi acusado. "Julgue-me pelo que fiz e pelo que sou", pediu.

Depois foi a vez dos demais. A maioria não quis testemunhar, embora alguns tenham se mostrado gratos pelo julgamento e pelo trabalho de seus advogados. Outros ainda reiteraram suas desculpas à vítima.

Houve também aqueles que insistiram em negar os fatos, apesar dos milhares de fotos e vídeos tirados por Dominique Pelicot enquanto os crimes eram cometidos. Essas provas fundamentais no julgamento. "Eu não sou um estuprador", disse um deles.

Depois que todos os 51 réus tiveram a oportunidade de se dirigir à sala de audiências, o presidente do tribunal em Avignon, no sudeste da França, concluiu a curta sessão para o início da deliberação.

O veredito é esperado para esta quinta-feira, após três meses e meio de audiências.

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