- Author, Tom Bateman & Antoinette Radford
- Role, BBC News em Jerusalém e Londres
Há 22 minutos
A sexta-feira (27/10) e as primeiras horas de sábado (28) no horário local na Faixa de Gaza foram marcadas pela queda das telecomunicações em boa parte do território e por intensos bombardeios — mais pesados do que nas noites anteriores — realizados por Israel.
Enquanto isso, Israel confirmou que as suas forças estão expandindo as operações terrestres contra o Hamas em Gaza e voltou a insistir que a população do território palestino se desloque para o sul.
Jornalistas da BBC relatam que a comunicação por telefone e internet parece ter sido amplamente interrompida no território palestino.
Baseada em Jerusalém, a repórter da BBC Alice Cuddy afirmou que na sexta-feira conseguiu falar com contatos seus em Gaza mas, à noite, suas ligações e mensagens não pareciam chegar ao território palestino.
A maioria das pessoas com quem Cuddy vinha falando estava abrigada em Khan Yunis, após ter fugido de suas próprias casas em outros lugares.
Mas uma família que vive na parte central de Gaza contou à repórter mais cedo que tinha optado por não deixar sua casa por enquanto.
“Continuaremos morando aqui até encontrarmos uma maneira segura de sair”, disse o pai pelo telefone de sua casa, cujas janelas e portas foram destruídas após ataques a edifícios próximos.
“Estamos em uma situação muito miserável. Principalmente as crianças, elas têm medo.”
O repórter Mehdi Musawi, da BBC Árabe em Londres, também afirma ter tido dificuldades de falar com suas fontes em Gaza durante toda a sexta-feira.
"No início da noite, todas as linhas de comunicação estavam fora do ar. E então, imagens ao vivo de Gaza mostraram escuridão total, exceto por flashes e bolas de fogo à distância", diz Musawi
"Enviei uma enxurrada de mensagens para as pessoas com quem havia falado antes, mas nenhuma resposta veio, nem mesmo um duplo visto para confirmar o recebimento."
O serviço de monitoramento de internet Netblocks postou no X (antigo Twitter) que houve um “colapso na conectividade” em Gaza.
A Paltel, a Empresa de Telecomunicações da Palestina, divulgou um comunicado nas redes sociais confirmando a “interrupção completa de todos os serviços de comunicação e internet com a Faixa de Gaza".
Em nota, Deborah Brown, pesquisadora da ONG Human Rights Watch, disse que o "apagão" nas telecomunicações "traz o risco de acobertar atrocidades em massa e de contribuir para a impunidade de violações de direitos humanos".
Os Médicos Sem Fronteiras e o Crescente Vermelho Palestino divulgaram que perderam o contato com alguns membros de suas equipes em Gaza.
“Estamos profundamente preocupados com a capacidade das nossas equipes em continuar a prestar os seus serviços médicos de emergência, especialmente porque este conflito afeta o número central de emergência ‘101’ e dificulta a chegada de veículos e ambulâncias aos feridos", disse o Crescente Vermelho Palestino em um comunicado.
Outra organização humanitária, a ActionAid, também disse perdeu contato com os seus funcionários em Gaza.
“O apagão isola a população, tornando quase impossível que procurem ajuda, partilhem as suas histórias ou mantenham contato com os seus entes queridos."
“Este isolamento aprofunda o sofrimento daqueles que já enfrentam uma grave crise humanitária no meio de um aumento no bombardeamento aéreo de civis”, afirmou a ONG em um comunicado.
Com a interrupção das telecomunicações, a ansiedade angustia a diáspora palestina.
Nos últimos 20 dias, trocas esporádicas e limitadas pelo WhatsApp trouxeram momentos ocasionais de alívio.
Entretanto, qualquer demora maior na comunicação costuma vir acompanhada de uma ansiedade paralisante, expressa por perguntas como: “Eles estão mortos ou vivos? A casa deles foi atingida por um bombardeio também?”
Em um grupo de WhatsApp, familiares de todo o mundo estão mandando mensagens frenéticas desde a interrupção prolongada na comunicação.
“Ai, meu Deus!”, um escreveu.
“Parece que uma ofensiva terrestre pode começar.”
A BBC pediu um posicionamento das forças militares de Israel sobre a interrupção na comunicação, mas até o momento não recebeu resposta.
*Colaborou na reportagem Brandon Drenon.
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