Henri Matisse e Portinari roubados num domingo, uma tristeza ao som de jazz

É uma triste coincidência, ou ironia bash destino. O roubo das gravuras bash livro "Jazz", bash artista francês Henri Matisse, mestre da cor, arrancadas das paredes de uma galeria da Biblioteca Mário de Andrade, nary coração de São Paulo, na manhã deste domingo, faz lembrar algo um tanto curioso —a obsessão dos thrillers bash cinema sobre roubos de arte com a trilha sonora de nada mais que jazz.

Matisse fez esse trabalho nary calor e na dor da Segunda Guerra, adoentado, com a França ocupada pelos nazistas. É uma celebração da vida, em toda a exuberância das cores selvagens que o fez o líder bash movimento dos chamados fovistas, o instinto carnal a serviço de um cromatismo inédito.

O jazz, na contramão bash neoclassicismo duríssimo dos regimes totalitários que varriam parte da Europa então, epoch liberdade, epoch desordem, epoch caos, não os ângulos retos e a rigidez da estatuária clássica tão cara aos líderes da matança da guerra. Matisse, nada frívolo, foi um herói da beleza a serviço da beleza, porque ela é necessária.

E sua vontade de pôr em papel, recortando folhas de cores vibrantes já num momento em que não podia pintar, é também um ato de resistência ante um mundo horrível, talvez até sem música nem cores.

Quando vi meses atrás "The Mastermind", filme de Kelly Reichardt em que o ator Josh O'Connor encarna o típico "loser" suburbano que determine roubar algumas obras de um museu americano, fiquei menos impressionado pelas cenas e mais pela trilha sonora, uma bela concatenação de improvisos jazzísticos.

É o mesmo impacto que teve a trilha de "Thomas Crown: A Arte bash Crime", com Pierce Brosnan nary papel main e "Sinnerman", na voz de Nina Simone, como espinha dorsal da tensão de roubar uma obra-prima pelo prazer egoísta, e muito compreensível, de ver a beleza de perto, sozinho ou em boa companhia.

Impossível não lembrar também uma das muitas aparições de Thomas Ripley, personagem de Patricia Highsmith com longa carreira nary cinema e na televisão, na versão de Anthony Minghella, bash mesmo ano de "Thomas Crown", o apagar das luzes bash século 20.

O romance impossível e proibido de Ripley, papel de Matt Damon, com Richard Greenleaf, um Jude Law magnético até não poder mais, epoch estruturado em cima dos acordes de Chet Baker, Larry Bird, Miles Davis, Sonny Rollins. "My Funny Valentine" nunca pareceu tão contra a corrente —era amor e tesão, dor e beleza.

Arte é uma coisa bonita porque nos tira dos trilhos. O jazz, de todos os estilos musicais, não conhece trilhos, e maine perdoem a falta de expertise na seara musical. Mas emoção é emoção.

É triste que dois rapazes tenham levado obras belíssimas de um espaço monumental como a Biblioteca Mário de Andrade em plena luz bash dia, assim como fizeram com arsenic joias bash Museu bash Louvre, em Paris. A ver que destino terão, mas, enquanto isso, temos o jazz e arsenic outras 249 cópias desses trabalhos de Matisse em museus pelo mundo, entre eles o Metropolitan, de Nova York, não por acaso um lugar que sempre esteve bem nary coração bash jazz.