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IA faz Neymar e Vini Jr ensinarem matemática no Instagram; entenda

Uma página viralizou nas redes sociais ao ensinar matemática para os seguidores de uma maneira pouco convencional. Com mais de 33 mil seguidores no Instagram e 20, 8 mil no TikTok, o perfil @trindia compartilha montagens de vídeos, criados por inteligência artificial (IA), de jogadores e influenciadores concluindo problemas matemáticos de grau elevado de dificuldade. Nas publicações, os administradores criam deepfakes de famosos como Neymar, Vini Jr. e Luva de Pedreiro para produzir as falas e o passo a passo de resoluções de equações de segundo grau, derivadas e radianos, por exemplo.

O uso de tecnologia impulsionada por IA para alterar falas de famosos chama a atenção de autoridades e especialistas, principalmente pelos riscos que podem representar. Apesar de falsos, os conteúdos são realistas, e podem passar despercebidos por olhos menos atentos. O problema de segurança pode afetar inclusive pessoas anônimas. Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostram que, em 2023, foram registrados 200.322 casos de estelionato por meio eletrônico. Pensando nisso, o TechTudo explica, nas próximas linhas, mais detalhes sobre o uso de deepfake nas redes sociais. Confira!

 Arte/TechTudo Neymar e Vini Jr ensinam matemática com IA em página viral do Instagram — Foto: Arte/TechTudo

Estudar pelo Instagram é uma alternativa válida?

As publicações da página são todas voltadas para o ensino de matemática com famosos, atraindo a atenção do público. Com uma linguagem descontraída, o @trindia aplica fórmulas de matemática e explica em quais casos podem ser usadas. Nos comentários, alguns internautas agradeceram pelas publicações, e afirmaram ainda que “o conteúdo dessa página deveria ser obrigatório em sala de aula”.

 Reprodução/Redes sociais Usuários do Instagram comentam sobre aprenderem matemática com jogadores; confira — Foto: Reprodução/Redes sociais

No entanto, apesar da popularidade, a professora Christine Lourenço lembra que os estudantes não devem confundir o uso das redes sociais com o tempo de estudo. “Estudo é feito com materiais didáticos, cadernos, anotações e livros, ou, eventualmente, utilizando plataformas educacionais ou ferramentas indicadas pela escola, como videoaulas. O Instagram, nesse contexto, pode ser visto como um lazer com qualidade acadêmica, mas ainda assim permanece na categoria de lazer”.

“O uso do Instagram pode ser considerado, mas sempre com a orientação dos professores ou da escola. É fundamental verificar se a conta em questão transmite informações confiáveis. Existem, de fato, contas sérias que disseminam bons conteúdos e podem ser uma boa fonte de estudo complementar, mas nunca como substituição ao estudo tradicional”, finalizou a educadora.

O que é deepfake? Especialista aponta riscos da tecnologia

Deepfake é uma tecnologia impulsionada por IA capaz de criar vídeos falsos, porém realistas, de pessoas realizando ações ou falas que nunca foram feitas originalmente. Um exemplo disso está em discursos de políticos, que podem ser adulterados com o recurso. Basicamente, a função consegue mapear o rosto de famosos e até de pessoas anônimas a partir de aprendizado de máquina e reproduzir movimentos da boca e de outras partes da face com exatidão. Em 2017, conteúdos pornográficos falsos das atrizes Gal Gadot e Emma Watson inundaram as redes sociais e acenderam o alerta para o problema.

 Reprodução Gal Gadot e Emma Watson já foram vítimas do uso indevido de deepfake — Foto: Reprodução

Mesmo quando utilizada para conteúdos de humor e de educação, Daniel Barbosa, pesquisador de segurança da companhia de segurança da informação ESET no Brasil, destaca que a falta de autorização por parte da vítima pode, por si só, se caracterizar como uma violação.

"Existem muitas questões a serem consideradas ao envolver a manipulação da imagem de alguém, em vídeo ou em fotos, e a primeira delas é o consentimento. Caso a imagem seja coletada, armazenada ou manipulada sem o consentimento da pessoa, isso já pode ser caracterizado como uma violação e, dependendo do uso, pode gerar consequências jurídicas nos âmbitos cível e criminal. Tudo o que não contar com o consentimento da pessoa envolvida é suscetível de tutela da Justiça e pode até caber ressarcimento. Ou seja: não importa se a manipulação da imagem tem uma pretensa finalidade positiva; a manipulação e veiculação precisam ser devidamente autorizadas.", informou o especialista.

Felizmente, o especialista também ressalta que mesmo que sejam muito realistas, alguns pontos delatar vídeos manipulados. Dentre os sinais a serem observados, estão a falta de sincronia entre os movimentos da boca e a fala, e o desalinhamento dos lábios ou dos olhos, que podem causar efeitos do tipo borrão ou duplicação. Além disso, caso a pessoa presente no vídeo pareça estar muito parada, isso também pode indicar que se trata de um fake. O excesso de movimento da pessoa no vídeo original pode causar diversos outros tipos de anomalia na imagem, que tornariam a manipulação mais fácil de ser identificada, por isso, esse tipo de gravação não é priorizada pelos criminosos.

"Além de atentar para os sinais de manipulação das imagens, é essencial desconfiar da autoria dos conteúdos. Quem posta exibe sua identidade? É facilmente encontrável? Essas perguntas devem conter respostas consistentes e acessíveis", finaliza o pesquisador.

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