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IA que caça 'novo Neymar' leva 1º brasileiro a assinar com clube da Europa

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O jogador de futebol Leonardo Veiga foi descoberto pela Footbao, plataforma que usa inteligência artificial
O jogador de futebol Leonardo Veiga foi descoberto pela Footbao, plataforma que usa inteligência artificial Imagem: Arquivo Pessoal

Quem olha a Footbao de fora vê apenas uma rede social repleta de vídeos de jogadores de futebol e aspirantes mostrando suas jogadas. Mas, internamente, a plataforma faz uso intensivo de inteligência artificial para analisar as habilidades dos boleiros em busca do "novo Neymar".

Nesta semana, saiu o primeiro gol internacional. Um dos talentos garimpados pelos robôs da empresa, o meia Leonardo Vanzuita Veiga, de 18 anos, assinou contrato com um time italiano e vai jogar na Europa.

Eu só conhecia o ChatGPT e as IA do Google, mas eu não sabia que tinha alguma de futebol. Nunca imaginei que a inteligência artificial pudesse realizar meu sonho de ser jogador profissional
Leonardo Veiga, jogador de futebol

Não é por acaso. Fundada há dois anos por um italiano, a Footbao escolheu o Brasil para iniciar suas atividades por ser um celeiro de promessas do futebol. Até agora, já fez parceria com 20 clubes -alguns fazem as seletivas, as "peneiras", dentro da plataforma- e negocia com cinco da Série A do Brasileirão.

Há 30 milhões de pessoas que jogam futebol no Brasil, e algumas delas sonham virar jogadoras de futebol profissional. Há talento por toda parte ainda não descoberto por um clube por não ter sido visto ou ignorado. O que a tecnologia faz é tornar mais fácil para as pessoas se conectarem. Remover a fricção muda o cenário e o jogo para as pessoas
Nick Rappolt, CEO da Footbao

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Criada por dois italianos, Francesco Ciringione, da firma de investimentos First Consulenza, e Boris Collardi, ex-CEO do banco suíco Julius Baer, a Footbao nasceu como uma rede social, um "TikTok para o futebol". Mas rapidamente seus fundadores perceberam que algo assim já existe -são os próprios TikTok e Instagram:

  • Após seis meses de repaginação, a plataforma ganhou outro propósito: identificar boas promessas do futebol a clubes, qualificar seu nível de habilidade e conectá-las a clubes interessados. Só que, para além de apenas abrigar vídeos...
  • ... A plataforma adotou diversas camadas de IA para analisar os jogadores como fazem os "olheiros". No entanto...
  • ... O trabalho das máquinas começa bem antes: elas verificam se as imagens mostram uma partida de futebol e de que tipo (de campo, futsal, de areia). Depois...
  • ... Descomprimem o vídeo, cortam em vários frames e recombina para permitir que analistas humanos possam analisá-los. Além disso...
  • ... A IA identifica o que o jogador está fazendo: chutando ao gol, passando, driblando, cruzando ou correndo. A partir daí...
  • ... Avalia o jogador como um "olheiro" faria, discriminando os pontos altos e baixos de critérios como "passe", "jogada aérea", "movimentação". Tudo isso é revisado e aprimorado por um "analista de scout" humano. O resultado vira uma ficha técnica do atleta, que vai sendo atualizada conforme mais vídeos são processados. Não fica só aí, já que...
  • ... Esse material é submetido novamente à IA para ela aprender com o olhar humano e, no futuro, produzir relatórios de forma automatizada. Debaixo do capô da Footbao?
  • ? Há uma combinação de vários modelos de IA, como Gemini, do Google, e os da OpenAI. Já está em curso, porém, aprimoramentos na plataforma, porque?
  • ? No futuro, o objetivo é que a Footbao faça um reconhecimento facial do jogador e, a partir de um vídeo longo que ele submeter à plataforma, o acompanhe pelo campo para não só elaborar avaliações de desempenho mas também cortes de trechos chamativos para olheiros de clubes.

A visão é unir o lado físico e digital, criando um banco de dados completo do jogador com estatísticas, potencial de jogo e histórico para enviar a clubes internacionais
Nick Rappolt, CEO da Footbao

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O trabalho tecnológico nos bastidores da Footbao já deu frutos. Dois atletas garimpados pela plataforma assinaram com as categorias de base de Corinthians e Flamengo. A zagueira Glória Gasparini assinou com o Timão em 2023 e foi convocada neste ano para a Seleção Brasileira sub-17.

Esta semana, o meia Leonardo Veiga assinou contrato com o Spezia, um clube centenário italiano, do noroeste do país europeu e próximo a Gênova, que disputa a segunda divisão do Campeonato da Itália.

Antes de embarcar definitivamente, Léo já havia feito testes no Lecce, time da Série A do Italiano, após olheiros do time terem gostado de seu perfil no Footbao.

Essa oportunidade muda minha vida completamente. Todo jogador sonha ir para a Europa, e eu tô realizando esse sonho. Quando apareceu a oportunidade, eu não acreditava. Achei que não ia dar certo. E, no final, eu tô realizando um sonho por causa da inteligência artificial. Muito top.
Leonardo Veiga, jogador de futebol

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Léo e Glória, no entanto, são exceções. A Footbao tem 100 mil usuários ativos, dos quais 30 mil a acessam mensalmente. Ainda que seja de esperar que todas essas pessoas sejam aspirantes a jogadores profissionais, a dupla faz parte de um seleto grupo. São cerca de 5,5 mil talentos, classificados assim por terem recebido cinco estrelas ao serem avaliados por analistas profissionais que consideram terem condições de integrar um clube profissional. Eles ainda são ranqueados de A a D. No topo, há cerca de três dezenas de atletas.

Na outra ponta da plataforma, estão os times de futebol. Goiás e Avaí compõe um grupo de parceiros que recorre à plataforma para recrutamento. Neste momento, o Audax, de Osasco (SP), realiza uma peneira online. Os atletas interessados enviam suas avaliações e vídeos presentes na Footbao para o clube, que convoca para um teste presencial os que mais interessaram conforme posição e habilidades.

Segundo Rappolt, os planos são convencer clubes a fazerem do Footbao uma vitrine para seus jogadores, com vistas a transferências para outros mercados. "Há mais de 800 clubes no Brasil, e boa parte obtém a maioria do seu dinheiro com a descoberta de novos jogadores e transferências de jogadores."

O executivo afirma que a Footbao não teve retorno financeiro com a ida de Léo para o Spezia. Mas conta que a plataforma trabalha para criar algo como uma "blockchain dos dados de jogadores", ou seja, replicar a tecnologia que sustenta o bitcoin e outras moedas criptográficas. Em vez de quem transferiu que quantia e para quem, o que será guardado nesses grandes livros de registro digitais serão as informações de desempenho e financeiras dos atletas.

DEU TILT

Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre as tecnologias que movimentam os humanos por trás das máquinas. O programa é publicado às terças-feiras no YouTube do UOL e nas plataformas de áudio. Assista ao episódio da semana completo.

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