Na última terça-feira (15), Marcelo Marques anunciou que doará a gestão da Arena ao Grêmio. Porém, até chegar na solução, a relação do clube com a OAS foi marcada por desavenças, imbróglios jurídicos e até mesmo escândalos de corrupção. O Jornal do Comércio realizou uma linha do tempo com os assuntos mais relevantes do período, que teve início em 18 de setembro de 2008 com a aprovação do contrato da empreiteira- que ficaria responsável pela construção e gestão do estádio. O então presidente, Paulo Odone, foi o encarregado de firmar o acordo.
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Além disso, tomado pela vaidade de ser o rosto da inauguração, Odone apressou a aberura do estádio. A estreia ocorreu no dia 8 de dezembro de 2012, em amistoso contra o Hamburgo-ALE - vencido por 2 a 1 pelos gaúchos, igualmente à final do Mundial de Clubes de 1983 . Assim, a história deu o pontapé inicial dentro das quatro linhas.
2013/2014 - Início do imbróglio e corrupção
No ano de 2013, além da primeira partida oficial realizada no dia 31 de janeiro contra a LDU-EQU, o presidente Fábio Koff, que assumiu o cargo deixado por Paulo Odone, alternou discursos. Primeiro, explicitou que o estádio não pertencia ao Tricolor. Pouco tempo depois, em 18 de junho de 2013, inverteu a fala e esclareceu que o local, de fato, era dos gremistas e só restavam detalhes (que não foram concluídos). “ A Arena é do Grêmio. A Arena, um sonho, uma realidade, um templo como poucos, mérito de muitos e orgulho de todos, é do Grêmio. Faltam apenas alguns ajustes operacionais para deixá-la impecável e fazê-la viável", falou.
No primeiro semestre de 2014, a questão de trocas de chaves entre Grêmio e OAS pela Arena e Olímpico - estabelecido no acordo - começou. O clube afirmou que não faria a transação enquanto a Arena estivesse alienada em garantias bancárias ao BNDES.
Para dificultar de vez a relação, no dia 14 de novembro, a Justiça Federal condenou a cúpula da OAS por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa na Operação Lava Jato. Reflexo disso foi o não pagamento, por parte da construtora, aos três bancos repassadores do financiamento da Arena ao BNDES. Problema, aparentemente resolvido no dia 21 de junho de 2015 quando o clube realizou o pagamento e, com isso, concretizou a compra do estádio. Todavia, a negativa por parte do Banco do Brasil impediu o ato.
2015/2019 - Tentativas frustradas
Já com Romildo Bolzan Jr. na presidência do clube, em 2015, os discursos e empecilhos continuaram. O presidente informou em 5 de setembro que o Banco do Brasil aceitará o acordo e o desfecho positivo era “irreversível”. Em 2019, Romildo determinou o prazo de posse do estádio para o fim daquele ano. Sem prosseguir no acordo, no dia 18 de dezembro, o limite voltou a ser modificado, desta vez para 2020.
2020/2022 - Descrença no negócio
No dia 17 de dezembro de 2020, a OAS e o Ministério Público do RS firmaram acordo preliminar para a realização das obras do entorno, abrindo a porta para a tão aguardada troca de posses entre Grêmio e construtora. Em 9 de abril de 2021, as esperanças se reacenderam. O Tricolor homologou acordo com as partes envolvidas no processo de compra da gestão da Arena, mas imbróglios judiciais voltaram a atrapalhar. Após o não pagamento de dívidas por parte da OAS e a não realização das prometidas obras, Romildo admitiu no final do seu mandato em 2022 que não compraria o estádio e explicou ser improvável que a questão fosse resolvida antes de 2033.
2023/2024 - Penhora e obras no entorno
Em 13 de dezembro de 2022, a Justiça mandou os bancos recolherem os bens da OAS. Dando seguimento ao processo, no dia 13 de junho de 2023, o pedido de penhora dos bancos à OAS foi aceito, mas suspenso três meses depois.
Com risco de ser leiloado, o estádio ganhou sobrevida quando no dia 20 de março de 2024. O grupo investidor, SDG II Fundo de Investimento em Direitos Creditórios Não Padronizados, comprou parte da dívida de R$ 226,39 milhões que a OAS tinha com bancos financiadores pela construção de parte do estádio.
Este ano foi marcado pelas inundações que assolaram o estado. A Arena, como grande parte das instalações da Zona Norte de Porto Alegre, foi tomada pelas águas e grande parte da sua infraestrutura precisou de reparações. O Grêmio, visando fiscalizar os reparos necessário, no dia 19 de junho pediu a suspensão do seguro que a OAS tinha direito, fragilizando ainda mais a relação.
A novela das obras do entorno continuaram e sem saída em meio aos problemas com a gestora do estádio.O Tricolor, no dia 22 de outubro de 2024, comprou um terço da dívida da construtora com bancos. A ação foi feita em acordo de renegociação com o Banrisul.
2025 - Final feliz
Entrando no ano decisivo, no dia 7 de abril de 2025, a Justiça retomou o processo de penhora da Arena que segue até hoje. E no dia 12 de julho de 2025, o empresário Marcelo Marques anunciou a compra dos dois terços da dívida existente com o Grupo Revee por R$ 80 milhões e a gestão do estádio junto à OAS por R% 50 milhões.
O último ato, mas não decisivo, aconteceu nesta terça-feira, quando o credor, ao lado do presidente do Tricolor Alberto Guerra, anunciou em coletiva de imprensa a doação total da gestão da Arena para o Grêmio na próxima temporada. Assim, dando importantes passos em problemas com mais de 12 anos de duração.
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