O mapa político definido nas eleições de outubro e que começa a ser colocado em prática a partir de 1º de janeiro mostra uma completa reformulação nas forças políticas nas principais cidades do interior e litoral de São Paulo, com esvaziamento total do PSDB e uma hegemonia inicial de PSD e Republicanos.
O primeiro é o partido de Gilberto Kassab, secretário de Governo na gestão de Tarcísio de Freitas, que integra a segunda legenda. Juntos, elegeram 7 dos 10 prefeitos nas maiores cidades do interior e litoral.
Enquanto o PSD conquistou Ribeirão Preto, São José dos Campos, Piracicaba e Bauru, o Republicanos levou Campinas, Sorocaba —ambas no primeiro turno— e Santos. As outras três prefeituras ficaram com PL (São José do Rio Preto), União Brasil (Jundiaí) e MDB (Praia Grande).
Em comparação com o cenário eleitoral de quatro anos atrás, a mudança é radical. Nas mesmas 10 localidades, 5 prefeituras foram conquistadas na ocasião pelo PSDB, partido que foi quase varrido das urnas em outubro. Em 2020, o Republicanos venceu nas duas cidades mais populosas do interior, com Dário Saadi em Campinas e Rodrigo Manga em Sorocaba, e MDB, DEM e Patriota ficaram com um município cada.
"É muito importante um partido forte. Um partido forte faz muito bem às prefeituras, em especial aquelas que são maiores, porque são prefeituras que têm uma complexidade maior. Uma cidade como Ribeirão Preto tem muitos desafios, e estar num partido grande, consolidado, como o PSD, é um facilitador para que o prefeito possa ter uma boa entrada com os governos estadual e federal", disse o prefeito eleito de Ribeirão, Ricardo Silva, do PSD.
O município de 698 mil habitantes será o maior em São Paulo governado pelo partido de Kassab, numa vitória obtida literalmente na última urna apurada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Na eleição mais disputada na história da cidade, Ricardo derrotou o empresário Marco Aurélio Martins (Novo) por uma diferença de apenas 687 votos.
Ribeirão é uma das cidades ainda governadas por tucanos –Duarte Nogueira, segundo vice-presidente nacional da sigla–, mas que exemplifica o revés sofrido pela legenda nas urnas.
Depois de governar o município em 16 dos últimos 28 anos, o PSDB não conseguiu lançar candidatura própria e apoiou o ex-vereador André Trindade (União Brasil), que obteve somente 10,98% dos votos válidos, terminando na quarta colocação. Nogueira deve deixar o partido, e uma das possibilidades é migrar para o União Brasil, com foco na eleição de 2026.
As últimas semanas de seu governo foram marcadas por uma polêmica envolvendo a construção de um centro administrativo na cidade, com custo estimado em R$ 175 milhões.
Ricardo foi à Justiça e o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) suspendeu o início das obras no dia 18. No dia seguinte, a prefeitura conseguiu derrubar a liminar que impedia a construção do centro, que se chamará Prefeito Doutor Antônio Duarte Nogueira, pai do atual gestor e duas vezes chefe do Executivo municipal (1969-1973 e 1977-1983).
O eleito afirmou ainda que um pool de partidos formado também por MDB, PP e PL —todos na base de Tarcísio— dão muita força eleitoral numa disputa estadual mas que, apesar disso, também buscou diálogo com o governo do presidente Lula (PT).
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Juntos, esses dez prefeitos governarão 5,75 milhões de habitantes, ou 13% dos 44,4 milhões de paulistas distribuídos em 645 municípios.
O cenário de derrocada do PSDB não ocorreu somente nos maiores municípios. Na Baixada Santista, os tucanos chegaram a governar 7 das 9 cidades, mas em 2024 não conseguiram lançar nenhum candidato e só fizeram vereadores em três municípios.
A queda vertiginosa se explica porque, há quatro anos, o partido dominava o governo estadual com João Doria, o que já ocorria desde a primeira vitória estadual de Mário Covas (1930-2001), em 1994. A derrota de Rodrigo Garcia para Tarcísio em 2022, porém, esfacelou o partido no interior do estado, e prefeitos migraram para outras siglas.
A debandada se deu principalmente em direção ao PSD de Kassab, principal articulador político de Tarcísio, e em pequenos municípios, mais dependentes de recursos estaduais e federais.
Kassab se transformou, assim como seu partido, em alvo preferencial das ofensivas do PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, já que ambos buscavam se consolidar como a legenda com maior número de prefeituras nas eleições de 2024.
Melhor para o atual secretário de Tarcísio, que conquistou 205 prefeituras, quase 1 em cada 3 de São Paulo, ante as 66 do pleito de 2020 —em todo o país, foram 893.
Já o PSDB, das 180 obtidas quatro anos atrás, agora venceu somente em 21. Depois de elegerem tucanos em 2020, 66 cidades tiveram o PSD como vitorioso em outubro.
Embora tenha conquistado as duas cidades mais populosas do interior, Campinas e Sorocaba, o Republicanos de Tarcísio é o terceiro na lista de prefeituras que passará a administrar a partir de 1º de janeiro. Das 23 vitórias há quatro anos, agora foram 82, atrás do PL de Bolsonaro, que avançou de 41 para 104.
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