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Israel e aliados têm 1ª divergência por 'pausa' no ataque a Gaza

Nas três primeiras semanas após o ataque dos terroristas ao território israelense, em 7 de outubro, Israel e os seus maiores aliados, como Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido e Japão, estiveram muito alinhados.

A discussão sobre as pausas é o primeiro desentendimento público de alguns desses e Israel.

O chanceler do Japão, Yoko Kamikawa, disse na sexta (27) que havia esforços bilaterais e na ONU para pedir que Israel que concorde com algum tipo de pausa.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, declarou em um comunicado que "repete o apelo pelo cessar-fogo humanitário, pela libertação incondicional de todos os reféns e pela entrega de suprimentos vitais na escala necessária".

"Israel se opõe a uma pausa humanitária ou a um cessar-fogo neste momento", disse Lior Haiat, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel nesta sexta-feira (27). Um funcionário importante do governo israelense disse que os pedidos por uma pausa nos combates pareciam ser de “má fé”.

Os pedidos por uma pausa foram feitos depois de dias de intensa diplomacia na sede da ONU em Nova York e em Bruxelas. Há alguns países, como a Espanha, que querem pressionar Israel a estabelecer um cessar-fogo, e aqueles que dizem que o direito de Israel à legítima defesa é a prioridade.

A Assembleia Geral da ONU aprovou, nesta sexta-feira (27), com voto contrário dos Estados Unidos, uma resolução não vinculante que pede uma "trégua humanitária imediata e duradoura", em pleno recrudescimento da ofensiva militar israelense contra a Faixa de Gaza.

Com 120 votos a favor, 14 contra e 45 abstenções, a Assembleia Geral aprovou o texto proposto pela Jordânia em nome do grupo árabe, no qual não há menção ao Hamas e a Israel. Antes disso, rejeitou a inclusão de uma emenda do Canadá, que pedia a condenação expressa do Hamas pelo ataque de 7 de outubro, que provocou a morte de mais de 1.400 israelenses, a maioria civis.

Israel bombardeia Gaza — Foto: Reuters

Exército está expandindo as operações

Mais cedo, o principal porta-voz militar de Israel disse que as forças aéreas e terrestres israelenses estão intensificando suas operações.

"Além dos ataques realizados nos últimos dias, as forças terrestres estão expandindo suas operações nesta noite", disse o contra-almirante Daniel Hagari em entrevista coletiva transmitida pela televisão.

Ele disse que o principal alvo são os túneis usados pelo grupo terrorista Hamas que ficam em regiões próximas do território israelense.

Na quinta-feira, o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, deu uma entrevista coletiva e, quando foi perguntado sobre uma invasão terrestre da Faixa de Gaza, respondeu: "O dia em que isso ocorrerá não está longe, e a manobra começará quando as condições forem adequadas".

Os serviços de internet e telefonia móveis foram cortados no território palestino, de acordo com empresas locais de telecomunicações e com a Cruz Vermelha.

De acordo com o provedor Jawwal, os serviços foram interrompidos por causa dos intensos bombardeios.

Uma declaração do Crescente Vermelho disse que perdeu o contato com as operações em Gaza e com os membros da equipe no local.

De acordo com o "New York Times", os palestinos que ainda conseguem fazer contato com pessoas fora da Faixa de Gaza relatam que há medo e pânico pela possibilidade de mais ataques aéreos.

Mais cedo, o grupo terrorista Hamas afirmou que disparou uma salva de foguetes em direção a Israel em resposta aos bombardeios israelenses no norte da Faixa de Gaza.

Na semana passada, o ministro da Defesa de Israel detalhou pela primeira vez a ocupação que Israel pretende realizar na Faixa de Gaza. Segundo Yoav Gallam, a ação ocupação ocorrerá em três fases e "não durará para sempre".

"Queremos fazer uma operação em Gaza para deixar de sermos responsável pelo território para sempre", disse Gallant a parlamentares de Israel durante sessão no Parlamento do país.

Essas três fases em sua guerra devem ser:

  1. A primeira delas, já parcialmente em curso, consiste de ataques aéreos e a ofensiva por terra.
  2. Em um segundo momento, militares deverão em combater "bolsões de resistência" dentro da Faixa de Gaza.
  3. Na terceira fase, segundo o ministro, as tropas se retirarão, e Israel criará "um novo regime de segurança" que trará "uma nova realidade para a segurança dos cidadãos de Israel".

Como a guerra atual começou

▶️ Como começou o conflito mais recente entre o Hamas e Israel? A mais recente disputa na região começou em 7 de outubro, quando o Hamas realizou um ataque-surpresa contra Israel. Essa foi a mais violenta ação em território israelense dos últimos 50 anos. Os serviços de inteligência do país não conseguiram antecipar que uma ofensiva dessa magnitude estava sendo preparada.

▶️ O que é o Hamas? O grupo terrorista é uma das principais organizações islâmicas nos Territórios Palestinos (são duas áreas não contínuas: a Faixa de Gaza e a Cisjordânia). Desde 2007, o Hamas controla Gaza, localizada em um estreito pedaço de terra na costa oeste de Israel. O grupo é considerado terrorista por países como os Estados Unidos e o Reino Unido, mas tem o apoio do Irã.

▶️ Como foi o ataque? As ações se concentraram perto da fronteira da Faixa Gaza, de onde Hamas lançou milhares foguetes. Por terra, ar e mar, com motos e parapentes, homens armados invadiram o território israelense pelo sul do país. Invasores atiraram em pessoas nas ruas e sequestraram centenas de pessoas (incluindo mulheres e crianças), levadas como reféns para Gaza.

▶️ Como foi a resposta de Israel? Diante da ofensiva do Hamas, o governo israelense iniciou uma retaliação. "Estamos em guerra e vamos ganhar", disse o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, logo após o ataque. "O nosso inimigo pagará um preço que nunca conheceu." Ainda em 7 de outubro, Israel lançou bombas em direção à Faixa de Gaza.

▶️ Quantas pessoas morreram? O balanço divulgado em 23 de outubro informou que mais de 6 mil pessoas morreram desde o início da guerra entre o Hamas e Israel, em 7 de outubro. Na Faixa de Gaza, o número de vítimas subiu para passou de 5 mil, sendo 2 mil crianças. Os feridos em Gaza são 15.898. Em Israel, foram confirmadas em torno de 1,4 mil mortes, além de 4 mil feridos, a maior parte deles no dia ataque do Hamas em 7 de outubro.

▶️ Qual é o contexto recente desse do conflito? A Arábia Saudita e o governo de Israel estavam negociando para estabelecer relações diplomáticas formais. Os Estados Unidos trabalham ativamente para isso. Caso Israel e a Arábia Saudita se tornem aliados, o Irã, um adversário em comum dos dois, ficará mais isolado. "A principal motivação do Hamas e do Irã [para o ataque] foi o desejo de perturbar esse acordo, que ameaçava isolá-los. A ideia era envergonhar os líderes árabes que que fizeram a paz com Israel, ou que poderiam vir a fazê-lo”, afirmou Martin Indyk, ex-embaixador dos EUA em Israel.

▶️ O que é e onde fica Faixa de Gaza? É um território palestino localizado em um estreito pedaço de terra na costa oeste de Israel, na fronteira com o Egito e banhado pelo Mar Mediterrâneo. Marcado por pobreza e superpopulação, tem mais de 2 milhões de habitantes morando em um território de 41 km de comprimento e 10 km de largura. Tomada por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967, e entregue aos palestinos em 2005, Gaza vive um bloqueio de bens e serviços imposto por seus vizinhos de fronteira.

▶️ Qual é o histórico do conflito na região? A disputa entre Israel e Palestina se estende há décadas e já resultou em inúmeros enfrentamentos armados e mortes. Em sua forma moderna, remonta a 1947, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) propôs a criação de dois Estados, um judeu e um árabe, na Palestina, sob mandato britânico.

▶️ Quando Israel foi reconhecido como um Estado? Em 1948. Desde então, vem ocorrendo uma disputa por território na região, e vários acordos já tentaram estabelecer a paz na região, mas nenhum deles teve sucesso.

▶️ Qual é a diferença entre israelenses e palestinos? Israelenses são cidadãos do Estado de Israel, criado em 1948. Palestinos são o povo etnicamente árabe, de maioria muçulmana, que habitava a região entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo.

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