
Crédito, AP Photo/Jerome Delay
- Author, Sarah Rainsford
- Role, Correspondente para a Europa Oriental e Meridional
Há 23 minutos
O Ministério Público de Milão abriu uma investigação sobre alegações de que cidadãos italianos viajaram para a Bósnia-Herzegovina para realizar uma espécie de "safári de atiradores" durante a guerra no início da década de 1990.
Segundo a acusação, italianos e outros teriam pagado grandes somas para atirar em civis na cidade sitiada de Sarajevo.
A denúncia em Milão foi apresentada pelo jornalista e romancista Ezio Gavazzeni, que descreve uma "caçada humana" por "pessoas muito ricas" com paixão por armas que "pagavam para poder matar civis indefesos" de posições sérvias nas colinas ao redor de Sarajevo.
De acordo com alguns relatos, eram cobradas taxas diferentes para matar homens, mulheres ou crianças.
Mais de 11.000 pessoas morreram durante o brutal cerco de quatro anos a Sarajevo.
A Iugoslávia foi devastada pela guerra e a cidade foi cercada por forças sérvias e sujeita a bombardeios constantes e tiros de franco-atiradores.
Alegações semelhantes sobre "caçadores de pessoas" vindos do exterior foram feitas diversas vezes ao longo dos anos, mas as provas reunidas por Gavazzeni, que incluem o depoimento de um oficial da inteligência militar bósnia, estão agora sendo examinadas pelo procurador antiterrorismo italiano Alessandro Gobbis.
A acusação é de homicídio.

Crédito, CHRISTOPHE SIMON/AFP
O oficial bósnio teria revelado que seus colegas bósnios descobriram sobre os chamados safáris no final de 1993 e, em seguida, repassaram as informações para o serviço de inteligência militar italiano Sismi no início de 1994.
A resposta do Sismi veio alguns meses depois. Eles descobriram que os turistas de "safári" voavam da cidade fronteiriça de Trieste, no norte da Itália, e depois viajavam para as colinas acima de Sarajevo.
"Demos um fim nisso e não haverá mais safáris", disseram ao oficial. Em dois ou três meses, as viagens cessaram.
Ezio Gavazzeni, que geralmente escreve sobre terrorismo e máfia, leu pela primeira vez sobre as excursões de atiradores de elite a Sarajevo há três décadas, quando o jornal italiano Corriere della Sera noticiou o caso, mas sem provas concretas.
Ele voltou ao assunto depois de assistir a Sarajevo Safari, um documentário de 2022 do diretor esloveno Miran Zupanic, que alega que os envolvidos nos assassinatos vieram de vários países, incluindo os EUA e a Rússia, além da Itália.
Gavazzeni começou a investigar mais a fundo e, em fevereiro deste ano, entregou aos promotores suas descobertas. As investigações totalizam um dossiê de 17 páginas, incluindo um relatório da ex-prefeita de Sarajevo, Benjamina Karic.

Crédito, MICHAEL EVSTAFIEV/AFP
Uma investigação conduzida na Bósnia parece ter estagnado.
Em entrevista ao jornal italiano La Repubblica, Gavazzeni alega que "muitos" participaram da prática, "pelo menos uma centena" no total, com italianos pagando "muito dinheiro" para isso, até € 100.000 (mais de R$ 600 mil) em valores atuais.
Em 1992, o falecido escritor e político nacionalista russo Eduard Limonov foi filmado disparando vários tiros contra Sarajevo com uma metralhadora pesada.
Ele estava sendo guiado por posições nas encostas de uma colina pelo líder sérvio-bósnio Radovan Karadzic, que mais tarde foi condenado por genocídio por um tribunal internacional em Haia.
Limonov, no entanto, não pagou por seu "turismo de guerra". Ele estava lá como admirador de Karadzic, dizendo ao chamado Açougueiro da Bósnia: "Nós, russos, devemos seguir seu exemplo."
O fato de os promotores de Milão terem aberto um processo foi noticiado pela primeira vez em julho, quando o site do jornal Il Giornale escreveu que os italianos chegavam às montanhas em minivans, pagando enormes subornos para passar pelos postos de controle, fingindo estar em uma missão humanitária.
Após um fim de semana de tiroteios na zona de guerra, eles retornavam para suas vidas normais.
Gavazzeni descreveu suas ações como a "indiferença do mal".
A promotoria e a polícia já teriam identificado uma lista de testemunhas enquanto tentam estabelecer quem pode ter estado envolvido.

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