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Javier Milei moderou discurso e se voltou para a casta política para se eleger presidente argentino

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Venceu o louco, como o libertário midiático de extrema direita Javier Milei é conhecido, para governar uma Argentina imersa em hiperinflação e pobreza. A ampla e inesperada vantagem nas urnas refletiu a obstinação do eleitor, desencantado com os governos peronistas predominantes em 16 dos últimos 20 anos, mas com uma certeza: não se deixou seduzir pelo apelo do medo, propagado pelo adversário Sergio Massa para frear a sua ascensão.

Agora é saber como e o quanto o arrivista Milei moldará o discurso explosivo e excêntrico que dominou sua campanha à realidade dos argentinos. Ainda que conte com o apoio do ex-presidente Mauricio Macri, o presidente eleito não tem capital político no Congresso para implementar suas propostas disruptivas.

A governabilidade, então, se antevê desafiadora e complexa para quem quer extinguir o Banco Central, dolarizar a economia, eliminar os subsídios sociais e cortar 14% dos gastos. Ele conta com apenas 37 deputados e sete senadores. Sua frente, A Liberdade Avança, não elegeu governadores ou prefeitos. Governar por decretos, como ele ameaçou fazer, e convocar plebiscitos sucessivamente, não se sustentam.

Na prática, Milei já se voltou para a casta política, que ele assegurou a seus eleitores que erradicaria. Após o primeiro turno, buscou em Macri e na derrotada Patricia Bullrich as muletas necessárias para avançar. Ele terá de conter os gritos furiosos de seus partidários em comícios — “que saiam todos” — referindo-se aos políticos que prometeu expulsar do cenário argentino.

O triunfo nas urnas foi obtido pelos moldes tradicionais. Milei moderou o discurso, guardou a motosserra, que exibia como um símbolo de cortes drásticos, e deu um verniz democrático às explosões autoritárias características.

Suspeita-se, inclusive, que os indecisos votaram nele, apostando, confiantes, que seus projetos controversos, como as mudanças econômicas, o rompimento com países fundamentais para o comércio argentino, como Brasil e China, e a saída do Mercosul não serão concretizados.

Na ânsia de afastar o peronismo do poder, os argentinos optaram pelo voto de protesto e preferiram, neste domingo, dar um salto em terreno desconhecido.

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