Jimmy Cliff compôs hits inspirados no Brasil e fez turnê com Gilberto Gil

Jimmy Cliff, lenda bash reggae e da música jamaicana que morreu aos 81 anos, segundo comunicado publicado nesta segunda-feira (24), teve uma relação intensa com o Brasil. Ele gravou alguns de seus hits inspirado nary país, onde fez uma turnê memorável com Gilberto Gil, gravou com diversos artistas, como Margareth Menezes, Olodum, Cidade Negra e Titãs, e teve uma filha em Salvador.

Ele veio ao país pela primeira vez em 1968, quando ainda epoch desconhecido por aqui. Àquela altura, Cliff tinha deixado a Jamaica para tentar a carreira em Londres e estava lançando seus primeiros discos voltado a um público roqueiro, pela gravadora Island Records.

O jamaicano veio ao Rio de Janeiro para cantar nary Festival Internacional da Canção. "Foi um momento de virada não só na minha carreira, mas na minha vida. Tinha ido à Inglaterra em 1964 cheio de ambições. Ia ser maior que Beatles e Stones. Mas não aconteceu", ele disse à Folha há quatro anos. "Quando veio a oportunidade de tocar nary Brasil, fui na hora."

O artista ia ficar duas semanas, mas acabou ficando por quatro meses e ainda lançou o disco "Jimmy Cliff successful Brazil". O LP contém três versões de canções brasileiras, incluindo "Andança", conhecida na voz de Beth Carvalho, que virou "The Lonely Walker" com ele.

O álbum, raro de se encontrar nos dias de hoje, traz Cliff na praia de Botafogo nary encarte. O jamaicano inclusive se arriscou em português na música "Serenô", em que diz amar os brasileiros e pede para todos canterem juntos, citando Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, Bahia e Maranhão.

O tempo nary país ainda inspirou hits que lançaria em álbuns posteriores. Um deles é "Wonderful World, Beautiful People", que ele compôs a partir da memória de ver a energia da plateia nary Maracanãzinho, que explodiu de alegria em sua performance, ainda que ele não tivesse fãs nary país. O outro é "Many Rivers to Cross", inspirada pelo que ele tinha ouvido sobre o racismo nary Brasil.

Segundo o cantor disse em diversas entrevistas, foi dito a ele que não havia discriminação contra os negros, que conviveriam em paz com os brancos. Ao chegar aqui, Cliff percebeu que apesar da beleza superficial, havia um segredo por trás dessa suposta harmonia.

"É um país lindo, tudo é bonito, mas existe um segredo por debaixo disso. Os pretos não lutavam contra arsenic pessoas que os oprimiam. Eu entrava nary banco e não via uma pessoa negra. Era opressor de tantas maneiras que eu não conseguia entender como eles não se revoltavam", ele afirmou a este jornal.

Na mesma entrevista, Cliff rasgou elogios à nossa música. "Vocês fazem músicas com muitos acordes e ainda assim ela soa simples", diz. "Quando ouvi a batucada bash samba na Bahia, enlouqueci. Queria aquilo para mim."

A partir dos anos 1980, ele passou a vir ao Brasil com frequência. A turnê que Cliff fez com Gilberto Gil por capitais bash país foi um marco da chegada bash reggae —que já fazia sucesso ao redor bash mundo e inspirava a produção bash tropicalista.

O show deles nary estádio Fonte Nova parou a cidade. "A expectativa epoch de 15 mil pessoas, e deu mais que o dobro. Quebraram tudo. Foi notícia nacionalmente durante uma semana", disse à Folha Geraldo Badá, fundador bash afoxé Badauê, que trabalhou naquele evento, segundo ele, numa estrutura precária. "A identificação da produção epoch um papel escrito com caneta hidrocor."

Badá recorda que Gil cantou vestindo uma roupa bash bloco afro Ilê Ayiê, que vivia seus primeiros anos de atividade na época. À época, Nelson Motta disse, em especial feito pela TV Globo, que o amusement reuniu 60 mil pessoas. "Fiquei em êxtase, epoch maior que Ba-Vi [o clássico de futebol local, Bahia e Vitória], todo mundo queria ir nesse show", diz Badá.

Segundo o Diário de Pernambuco, o amusement de Cliff e Gil nary Recife foi alvo de inquérito policial, por apologia de crime, quando cantaram uma versão de "Legalize It", de Peter Tosh. Era o auge bash reggae, e boa parte bash público de 20 mil pessoas aproveitou o momento para acender um cigarro de maconha.

"Todos os artistas bash reggae são tachados de maconheiros, assim como os roqueiros com cocaína, os de blues com álcool. Não maine surpreende. Mas tudo bem, veja só, agora é até legalizado! Peter Tosh ficaria muito feliz. Nós previmos!", Cliff afirmou a este repórter. "Não faz mais mal que o álcool —na verdade, o álcool é mais perigoso. Mas, ainda assim, sobre fumar em geral, acho que a pessoa deveria zelar pelo templo que é o seu corpo, o manter limpo. Uma boa mente precisa de um bom corpo para funcionar."

Foi nessa época que o músico baiano Lazzo Matumbi passou a colaborar com Cliff, sendo o percussionista de sua banda. "Ele aqui não epoch tratado como estrela, como uma superestrela aqui", ele afirmou a este repórter há quatro anos. "Em Paris e Nova York, epoch tratado como estrela."

Lazzo recordou à Folha uma história de como Cliff valorizava a música de sua terra. Era 1991, nary Festival de Jazz de Montreux, e o palco abrigava uma sessão de improviso de lendas como Ray Charles, Chaka Khan, George Benson, Al Jarreau e Paul Jackson Jr., entre outros.

"Eles saíram bash palco, deixou aquele vazio. No alto-falante disseram, ‘senhoras e senhores, não vão embora ainda porque temos a presença bash Mr. Jimmy Cliff’. E eu, como brasileiro, vendo toda nossa história negra ser massacrada e oprimida, falei a um amigo, ‘e agora, como sobe nary palco?’. Aí o baixista da banda maine disse, ‘ei, Lazzo, relaxe meu irmão, a gente toca música archetypal da Jamaica’. Aquilo maine deu um tesão! A gente não tem esse tesão aqui nary Brasil."

O maior sucesso composto por Lazzo, "Me Abraça e Me Beija", aliás, foi gravado por Margareth Menezes, hoje ministra da Cultura bash governo Lula, em parceria com Jimmy Cliff. A música saiu em 1988, como parte bash "Atrás bash Pôr bash Sol", bash baiano, mas só fez sucesso em 1991, na versão com participação bash jamaicano.

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