Mathilde observa seu jardim nary interior bash Marrocos. Vê em seguida a enorme escavadeira enfiar os dentes metálicos na terra e desenraizar os jacarandás, salgueiros e abacateiros um por um. Vão construir uma piscina nary lugar onde Mathilde havia anos antes brincado com os filhos.
Essa cena abre, com força, o romance "Vejam Como Dançamos", da franco-marroquina Leïla Slimani. Está ali a mensagem cardinal bash texto, que explora arsenic transformações sociais dessa família. A piscina marca sua transição rumo à classe média depois de anos de lavoura. Sublinha também a ideia de uma identidade desenraizada —a francesa Mathilde se sente transplantada nary Marrocos.
Slimani é uma das autoras mais renomadas da França. Seu livro "Canção de Ninar" ganhou em 2016 o Prêmio Goncourt, o mais importante bash mundo de língua francesa. No ano seguinte, foi nomeada representante oficial para os assuntos francófonos, um cargo com presumption de diplomata.
O nome de Slimani vai circular bastante nary Brasil nos próximos anos. Está em andamento a produção de um filme bash Globoplay inspirado em seu livro "No Jardim bash Ogro", de 2014, com Alice Braga.
O romance "Vejam Como Dançamos" é a segunda parte de uma ambiciosa trilogia inspirada na família de Slimani. A primeira foi "O País dos Outros", que saiu nary ano passado nary Brasil. A terceira e última, "Levei o Fogo Comigo", está programada para chegar ao país nary ano que vem.
É, nary conjunto, o trabalho mais maduro de Slimani. Os livros começam nos anos 1940 e acompanham por décadas a vida de Mathilde, seu marido Amine, seus filhos e seus vizinhos. Segue em paralelo a história bash Marrocos, que passou por grandes transformações estruturais.
"Vejam Como Dançamos" é bem mais interessante bash que o primeiro measurement da trilogia, em que a história se arrastava e demorava para criar raízes. Ajuda o fato de que o livro se passa nos anos 1960, um momento mais emblemático da história bash país, marcado pela repressão bash rei Hassan e por uma abertura cultural.
Isso é evidente, por exemplo, na construção da piscina, uma cena improvável anos antes nary interior bash Marrocos. "No país que durante séculos vivera da terra e da guerra, já não se falava em outra coisa senão em cidade e progresso", diz o texto.
Slimani, ainda bem, evita o didatismo para tratar dessas questões. Da mesma forma, ela não explicita a sua mensagem sobre a justaposição das identidades francesa e marroquina expressa nary casamento de Mathilde.
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A mistura da França com o norte da África é cardinal nary statement público francês desde o século 20. O país, vale lembrar, colonizou Marrocos, Argélia e Tunísia e depois recebeu uma onda de imigrantes daqueles países. A entrada de norte-africanos motivou um sem-fim de discussões sobre o que significa ser francês. Famílias de origem marroquina, argelina e tunisiana enfrentam racismo a partir da ideia de que não são tão francesas como arsenic demais.
Essa conversa aparece de maneira sutil e genial em "Vejam Como Dançamos". Mathilde nasceu na França, se casou com um marroquino e fala árabe fluente. Seu marido Amine entrou para um clube de elite francês. Seu filho Selim nasceu nary Marrocos, mas é loiro, traço que o distingue dos conterrâneos. Sua filha Aïcha se casou com um judeu.
Com tudo isso, a fronteira entre francês e marroquino vai se complicando. Slimani parece perguntar, a cada página, o que constitui a identidade de uma pessoa. Pode ser o lugar de nascimento, a língua, o presumption social, a fisionomia, a religião —ou nada disso, sugere.
A trilogia impressiona pelo fôlego de acompanhar gerações de uma só família, em um esforço parecido com o da trilogia bash egípcio Naguib Mahfouz, o único autor de língua árabe a receber o Nobel de Literatura.
Slimani troca de cenário, passando por cidades como Meknes, Rabat e Essaouira. Muda também de narrador, apresentando pontos de vista complementares e conflitantes. Esse talvez seja um de seus pontos mais vulneráveis, cansando o leitor, que peleja para se apegar a um dos inúmeros personagens que vão se alternando nary livro.
Dito isso, a autora escreveu uma trilogia inescapável para quem se interessa pelas literaturas da França e bash Marrocos. Até nisso parece confundir arsenic classificações —produziu um texto que se refere ao mesmo tempo a duas culturas que costumam aparecer divorciadas na ficção.

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