Crianças se reúnem em um campo de deslocados na escola Lycée Marie Jeanne em Porto Príncipe, Haiti

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Unicef diz que as gangues haitianas estão infligindo 'horrores inimagináveis às crianças'
  • Author, Imogen Foulkes
  • Role, Da BBC News em Genebra (Suíça)
  • Há 18 minutos

Há vários anos a ilha caribenha está sob o domínio de gangues violentas que tratam a população com brutalidade implacável, disse o Unicef.

A violência sexual contra crianças no país aumentou 1.000% desde 2023, transformando seus corpos "em campos de batalha", disse o porta-voz da entidade, James Elder.

O Unicef estima que 85% da capital Porto Príncipe esteja sob controle de gangues. Mais de 1 milhão de crianças vivem com a constante ameaça de violência.

Elder deu o exemplo de uma garota de 16 anos que saiu de casa para ir às compras e depois foi apreendida por homens armados. Ela foi espancada, drogada e estuprada repetidamente.

Ela ficou detida por cerca de um mês, ele disse, até que a gangue a soltou quando percebeu que sua família não tinha dinheiro para pagar o resgate. Os sequestros por extorsão são comuns no Haiti.

Ela agora está em um abrigo da ONU com dezenas de outras meninas recebendo cuidados.

O controle de gangues em Porto Príncipe levou a uma quebra quase completa da lei e da ordem, ao colapso dos serviços de saúde e à emergência de uma crise de segurança alimentar.

Mais de 5,6 mil pessoas foram mortas devido à violência de gangues no Haiti somente no ano passado.

O conselho presidencial de transição do Haiti, o órgão criado para organizar eleições e restabelecer a ordem democrática, parece estar em crise.

O conselho substituiu o primeiro-ministro interino em novembro, mas fez pouco progresso na organização de eleições há muito adiadas.

As crianças também estão sendo recrutadas pelas gangues, às vezes à força, diz o Unicef.

A organização encontrou crianças membros de gangues de apenas oito anos.

O básico que as crianças haitianas precisam para ter uma infância normal, mesmo que ainda estejam em casa com suas famílias, é praticamente inexistente, diz o Unicef. Escolas e hospitais mal funcionam e dezenas de milhares de crianças não estão na escola.

O Unicef criou espaços móveis seguros no Haiti para tentar apoiar crianças e prevenir a violência sexual.

Mas no ano passado, quando solicitou US$ 221,4 milhões (R$ 1,3 bilhão) para financiar seu trabalho no Haiti, recebeu apenas um quarto disso.

Teme-se agora que, com o congelamento da ajuda externa dos EUA afetando projetos humanitários em todo o mundo, as necessidades do Haiti sejam negligenciadas novamente.

Esta reportagem foi escrita e revisada por nossos jornalistas utilizando o auxílio de IA na tradução, como parte de um projeto piloto.