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Pádel: esporte com raízes gaúchas no Brasil se populariza mundialmente

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O Rio Grande do Sul foi o berço do pádel no Brasil, onde foram construídas as primeiras quadras da modalidade nos anos 1980. Honrando a tradição do Estado no esporte, os padelistas gaúchos – como são chamados os atletas de pádel – têm se destacado no cenário internacional. O esporte, muito popular na Europa, principalmente em Portugal, tem caído no gosto de personalidades e conquistado cada vez mais praticantes mundialmente.

A modalidade conta com elementos do tênis e do squash, é disputada em duplas, com raquetes e uma bola. A quadra possui grama sintética e é menor do que a de tênis, com 20 metros de comprimento e 10 metros de largura. Um dos destaques do esporte é o fato da quadra ser fechada por quatro paredes, que fazem com que a bola seja recolocada no jogo, o que traz maior dinamismo à partida.

Indicado para todas as idades, o esporte melhora a coordenação e o reflexo de seus praticantes. A sua prática ajuda a tonificar, principalmente, os músculos das pernas e os glúteos, mas os movimentos de braço também auxiliam na definição dos braços e cintura. Ainda, por ser um esporte aeróbico, auxilia no fortalecimento do coração.

Para o padelista e ex-técnico da Seleção Feminina (2002-2010) e Seleção Brasileira de Menores (2003-2007), Rogerio Furtado, conhecido como Rogerinho, a principal diferença do pádel para os outros esportes de raquete é o dinamismo. "A bola fica mais viva na quadra, tu tens o auxílio dos vidros e das paredes; a bola está sempre em quadra. Diferente do tênis, que a bola, ao passar por ti, o ponto está encerrado, aqui a bola está sempre em andamento e em jogo, com velocidade de reação, reflexo, é muito mais ativo do que outra modalidade", comenta Rogerinho.

TÂNIA MEINERZ/JC

Rogerinho comandou a seleção feminina de pádel e a seleção de menores em diferentes ocasiões. Foto: Tânia Meinerz/JC  

O técnico atribui a popularização do esporte às personalidades que o praticam. "Essas pessoas que são populares fazem erguer e as pessoas escutam toda hora no rádio e na televisão a palavra pádel e começam a pensar: 'Que esporte é esse? Quero conhecer, está todo mundo praticando e jogando'. Então, isso faz crescer o esporte", afirma Rogerinho.

Um exemplo disso é o fato do técnico português Abel Ferreira e sua comissão técnica serem assíduos praticantes de pádel. Um dos técnicos mais vencedores da história do Palmeiras incentivou o time paulista a construir uma quadra da modalidade, com investimento em torno de R$ 150 mil, segundo reportagem do ge.globo.

Em Porto Alegre, Rogerinho inaugurou seu próprio clube de pádel, com três quadras indoor, todas com grama sintética e cercadas por vidro. O complexo esportivo fica localizado na Sociedade Libanesa de Porto Alegre (Avenida Sociedade Libanesa, nº 10, no bairro Boa Vista) e teve o investimento de R$ 3 milhões para sua construção.

Além do técnico que dá nome ao clube, Leopoldo Junior, conhecido como Juninho, dá aulas no local. Natural de Rio Grande, o jovem de 22 anos traz o amor pelo esporte da família, pois cresceu vendo o pai em quadra. "Nos mudamos para Porto Alegre em 2008 e acabamos perdendo o contato com o pádel. Por volta de 2016, fizeram uma quadra de pádel dentro do meu condomínio e comecei a jogar, meu pai voltou a jogar, e surgiu a vontade de fazer aula também", relata Juninho.

TÂNIA MEINERZ/JC

Juninho começou a treinar por influência do pai e, hoje, integra o circuito profissional e é técnico. Foto: Tânia Meinerz/JC

O atleta passou a ser treinado por Rogerinho e foi convocado para integrar a seleção brasileira de pádel em 2019, na categoria Sub-18. Acumulando títulos estaduais e nacionais, Juninho começou no circuito profissional em 2022 e pretende continuar lecionando. "Peguei muito gosto por estar no meio do esporte, só treinar não é só o que me apetece, gosto muito de estar junto dando aula e incentivando esse pessoal", complementa o atleta.

História do pádel

O pádel é uma das modalidades esportivas com invenção mais recente. O seu surgimento remonta ao ano de 1890, quando passageiros de navios ingleses tentaram adaptar o tênis para que pudesse ser praticado a bordo. Conhecido como "tênis de alto mar" inicialmente, era praticado em uma quadra menor e protegida por telas.

O responsável por levar o pádel à terra firme foi o estadunidense Frank Beal, que improvisou quadras em parques de Nova York em 1924. Nesta época, o esporte passou a ser chamado de Paddle Tennis.

Porém, quem criou as dimensões das quadras e definiu as regras utilizadas mundialmente foi o mexicano Enrique Corcuera, que construiu uma quadra em um hotel de Acapulco, no México, em 1962.

Na Europa, o responsável por popularizar o pádel foi o príncipe espanhol Alfonso de Hohenlohe, que introduziu o esporte no Marbella Club, na Espanha.

O primeiro Campeonato Mundial da modalidade foi realizado em 1992 com a presença de oito países das Américas e da Europa. O reconhecimento da modalidade esportiva pelo Conselho Superior de Desportos foi em maio de 1993, o maior passo do esporte até então.

No Brasil

As primeiras quadras de pádel construídas no Brasil foram no Rio Grande do Sul, nas cidades de Santana do Livramento, Jaguarão e Uruguaiana em 1987. O responsável por introduzir o esporte no País foi José Carlos Stecker, conhecido pelo apelido de Caminhão. Acostumado a praticar o esporte somente na época do verão na cidade de Punta Del Este, no Uruguai, Caminhão se uniu com amigos Edmundo Cordeiro, Duca Almeida, Roberto Ferreira e Pablo Olive para fundarem os primeiros espaços dedicados ao pádel no Brasil.

O primeiro torneio da modalidade no Brasil, ainda com o nome Padle Tênis, foi realizado em 1988. Conforme matéria do jornal A Platéia, que promoveu o evento, a competição contou com participantes que já começavam a adotar o esporte como "nova forma de lazer e diversão". O registro histórico foi guardado por Stecker e enviado à Sandra Severo D'Abreu, padelista e proprietária do Padelmania de Livramento, que faleceu em outubro de 2023.

Jornal A Platéia/Reprodução/JC

Registro do primeiro torneio de pádel realizado no Brasil, em 1988. Foto: José Stecker/Reprodução/JC

A modalidade se expandiu para outros lugares do Estado em 1991, com o Okinawa, de Porto Alegre, a Sociedade Aliança, de Novo Hamburgo e o Cepel, da cidade de Pelotas.

"É um sentimento de alegria e satisfação ao ver que aquele 'brinquedo' criado há três décadas com a finalidade de juntar amigos todos os fins de tarde se tornou, hoje, um dos esportes mais praticados no Brasil. Sentimento de gratidão a toda a nova geração de padelistas que possui o mesmo amor que eu por este esporte que é maravilhoso", afirma Caminhão.

Em 1992, foi criada a Federação Gaúcha de Pádel (FGP) na Sociedade Aliança em Novo Hamburgo, a primeira federação estadual da modalidade no País. Tendo Stecker como presidente, a FGP influenciou a expansão da modalidade para estados como Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Rondônia.

Já no ano de 1994, foi fundada a Confederação Brasileira de Pádel (Cobrapa), responsável por organizar as principais competições do País. A criação de uma entidade nacional era necessária para que o País pudesse participar de competições internacionais. O primeiro presidente da Cobrapa também foi Stecker. Atualmente, os principais torneios nacionais são o Campeonato Brasileiro, Paranaense, Catarinense, Gaúcho, Paulista e o Trinacional.

"Aproveito esta oportunidade para mandar um abraço grande a todos os professores que estão no padel, graças a eles o nosso esporte atingiu esta dimensão", complementa o patrono do pádel no Brasil.

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