Pão de queijo do cemitério vira franquia de 8 lojas e fatura R$ 4,9 milhões

Testando sabores fitness. Andréia diz que, em outubro, incluiu sabores fitness (como requeijão light, ricota e peito de peru) no cardápio da loja do shopping Metropolitano Barra, na Barra da Tijuca, no Rio, para atender ao público de uma academia recém-inaugurada no local. "Estamos em fase de testes para ver como será a aceitação desses sabores nesta unidade", diz.

Produção da massa é terceirizada. O pão de queijo é fabricado por um fornecedor homologado em Minas Gerais. São produzidas 5 toneladas de pão de queijo por mês. Já os recheios são preparados em uma cozinha industrial no Rio. Em 2026, a empresa tem planos de abrir uma fábrica própria de pão de queijo, no Rio.

São Paulo terá 1ª unidade fora do Rio

Empresa aderiu ao franchising em 2024. Hoje, a rede tem oito unidades, todas no Rio, sendo três próprias e cinco franquias.

Franquia em São Paulo. No início de dezembro, a empresa vai abrir uma franquia em São Paulo (a primeira fora do Rio). Será no shopping Plaza Polo Brás, na região central de São Paulo.

Operação é enxuta. Andréia diz que a operação da franquia é simples, com produtos prontos, congelados e já em porções. "O operador assa o pão de queijo e põe o recheio na hora. Basta ter forno, freezer e fogão. É uma operação enxuta", declara.

Pão de queijo é uma paixão nacional e que pode ser explorado em outros momentos do dia como um sanduíche ou uma refeição. Essa é a nossa proposta. Outro diferencial da marca é ir para locais superpopulosos. A franquia precisa de metragem pequena, de 8 m², e isso é um baita diferencial para São Paulo.
Andréia Freitas, CEO da Bomdiqueijo

Franquia custa de R$ 169 mil a R$ 249 mil. São três modelos de negócio: quiosque, loja de rua e loja de shopping. O faturamento médio mensal varia de R$ 70 mil (quiosque) a R$ 80 mil (loja de rua e loja de shopping). O lucro gira em torno de 23% (para todos os modelos).

Em 2024, a empresa faturou R$ 4,9 milhões. O lucro foi de 30%. A meta é chegar a 30 lojas até o final de 2026 e atingir um faturamento de R$ 25 milhões. O foco da expansão é a Região Sudeste. "Nosso plano é crescer em espiral, favorecendo a logística e a consultoria de negócios aos franqueados. Prefiro crescer de maneira mais sólida e sustentável do que crescer sem freio", declara.

Negócio começou no cemitério

Andréia pediu demissão do emprego para assumir o negócio do pai em 2016. Ela havia trabalhado por oito anos em uma empresa de mudanças internacionais. "Apesar de ter bom cargo e bom relacionamento no trabalho, eu estava com necessidade de algo novo. O espírito empreendedor já estava aflorando ali. Ainda por cima, na mesma época, meu pai ficou doente e precisava de alguém para tocar a cantina dele", diz.

Pai tinha concessão da cantina do cemitério São João Batista, no Rio. Segundo Andréia, ele começou a tocar a cantina no início da década de 1980, vendendo apenas café, biscoitos e lanches rápidos. A filha logo ampliou o cardápio, incluindo pão de queijo recheado e outros salgados. Na época, o cemitério era administrado pela Santa Casa de Misericórdia.

A cantina era um negócio de família, uma concessão municipal de mais de 20 anos que sustentou nossa família, mas que estava praticamente abandonada pelas condições de doença do meu pai.
Andréia Freitas

Em 2018, ela transformou a cantina em uma cafeteria. Investiu R$ 50 mil no negócio.

Sugestão de clientes a fez repensar o negócio. Andréia diz que comentários de dois clientes mostraram a ela o potencial do seu pão de queijo recheado. "Um senhor, acompanhado da esposa, falou: 'Vim ao velório, mas pensando no pão de queijo'. O mesmo aconteceu com outro cliente, que passava pelo cemitério e entrava para comer o pão de queijo", afirma. Na mesma época, ela via quiosques vazios na estação do metrô. "Imaginei meu negócio ali. Fiz um plano de negócios sozinha e mandei para o metrô, que aprovou", diz.

Abertura do 1º quiosque. Ele foi aberto em maio de 2021, na estação de metrô Carioca, no centro do Rio. Ela investiu cerca de R$ 120 mil, fruto da venda de um carro e do seu FGTS. Parcelou compras no cartão e levou itens da sua própria casa (forno, micro-ondas e TV) para o quiosque.

Negócio escalável, mas também copiável

História de superação agrega valor. Para Adriano Campos, consultor de negócios do Sebrae-SP, a trajetória de Andréia Freitas é de superação e a narrativa da sua história agrega valor ao seu negócio. "Ela passou por dificuldades e incertezas na pandemia, viu o faturamento do negócio familiar despencar, precisou de ajuda, mas conseguiu se reerguer e criar uma marca de sucesso. Isso ajuda a criar conexão emocional com sua clientela", afirma.

Negócio de um item só. Campos diz que a empreendedora apostou em investir em um produto icônico e muito amado do brasileiro, mas soube aperfeiçoar o produto e se diferenciar no mercado. "Mas esse é também um ponto de atenção, porque o pão de queijo é um produto fácil de fazer e muito copiável. Por isso, ela deve sempre procurar se diferenciar da concorrência e mostrar isso ao público", declara.

Modelo de negócio é escalável, mas exige cuidados. O consultor de negócios diz que, por ser uma operação enxuta, o modelo de negócio criado por Andréia é escalável e com um produto de fácil manipulação. No entanto, diz ele, embora a operação seja simples, cresce o risco de gestão da empresa. "Ela precisa ter protocolos bem definidos para manter a qualidade dos seus produtos e padronizar a marca. Muitas vezes, expandir traz as dores do crescimento, com risco de resvalar em perda operacional, pois ela terá maior dificuldade de monitorar todo o processo", afirma.

Logística é ponto de atenção. Campos diz que, para expandir para outras regiões, a empresa precisa pensar na logística da distribuição dos produtos, contratando, por exemplo, uma frota refrigerada para transportar a massa e os recheios do pão de queijo.

Conhecer o mercado e os hábitos do consumidor. "Quando ela sai do seu território para novos mercados, ela se expõe mais à concorrência daquele novo lugar. Por isso, vale estudar esse mercado para descobrir suas nuances e as preferências do consumidor", afirma.

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