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Israel e Hezbollah vêm trocando ataques desde outubro de 2023, quando o grupo extremista baseado no Líbano lançou foguetes contra o território israelense em solidaridade aos terroristas do Hamas, que travam guerra na Faixa de Gaza contra os israelenses.
O g1 ouviu o professor de Relações Internacionais da UFF e pesquisador de Harvard Vitelio Brustolin, que explicou a operação "limitada, localizada e direcionada" de Israel.
Vitelio explicou que, como toda guerra, o conflito entre Israel e Hezbollah tem objetivos políticos. Os objetivos declarados por Israel com a guerra são, entre outros, reduzir a capacidade do Hezbollah de atingir Israel com seus cerca de 150 mil mísseis e foguetes e permitir com que os colonos do norte do país possam voltar às suas casas --entre 60 e 80 mil foram deslocados após o início de bombardeios quase diários do grupo extremista ao norte do país desde outubro de 2023.
A guerra de Israel contra o Hezbollah é limitada até o momento. Uma guerra ilimitada, por exemplo, é a que o Exército israelense realiza contra o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza desde outubro de 2023. Na modalidade ilimitada, o objetivo da guerra só é alcançado após a destruição das forças armadas do oponente, a ocupação do território e a imposição de obediência civil. Os conceitos de guerra limitada e ilimitada são do teórico da guerra Carl von Clausewitz.
Em uma operação limitada, como a que Israel realiza no Líbano, são empregadas forças especiais, que são diferentes das forças regulares do Exército: são grupos pequenos, que utilizam "armas combinadas" para atingir o objetivo, explicou Vitelio.
As "armas combinadas" são os diferentes recursos que um Exército pode empregar, ou seja, infantaria, veículos, equipamentos, cobertura aérea, artilharia, entre outros. No comunicado, o Exército israelense afirmou a Força Aérea de Israel e a Artilharia da FDI estão dando apoio às forças terrestres na incursão, com ataques precisos a alvos militares na área.
Segundo Vitelio Brustolin, Israel também informou que a operação terrestre é localizada e direcionada para deixar claro que a guerra é contra o Hezbollah, e não contra o Exército libanês, no sul do Líbano, e focada em destruir alvos militares do grupo extremista. (Leia mais sobre a operação terrestre abaixo)
A operação por terra de Israel no Líbano é a terceira etapa da estratégia de combate contra o Hezbollah, segundo Brustolin. A primeira fase foram as explosões de dispositivos dos pagers do grupo extremista, para atingir lideranças e dificultar a comunicação. A segunda foram os bombardeios, direcionados a estruturas militares e a comandantes do Hezbollah, para enfraquecer a logística do grupo.
De acordo com Vitelio Brustolin, a incursão terrestre israelense no sul do Líbano será para fazer o reconhecimento do terreno e limpar as forças do Hezbollah, e ocorrerá até o rio Litani, que corta o país e foi objeto da Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU.
"Geralmente as forças especiais agem assim para abrir espaço para que forças regulares entrem", disse Brustolin. A partir desse primeiro momento que um movimento maior de tropas de Israel entrariam no sul do Líbano. Israel disse aos EUA que fará uma grande invasão por terra em busca de alvos do Hezbollah após essa primeira fase de incursões pontuais.
A Resolução 1701, que marcou o final da Guerra do Líbano em 2006, determinou que o sul do Líbano até o rio Litani fosse desocupado pelo Hezbollah --o que não aconteceu. O descumprimento dessa resolução pelo grupo extremista pode ser um argumento dos israelenses para avançar no território libanês.
Veja onde fica o Líbano — Foto: Arte/g1
Nas últimas horas desta segunda (30), moradores de cidades libanesas relataram bombardeio intenso na fronteira com Israel, além do som de helicópteros e drones sobrevoando a área. Até a publicação desta reportagem não havia informações sobre mortos e feridos.
Em comunicado, os militares israelenses afirmaram que os alvos da operação terrestre estão ligados a alvos do Hezbollah que ficam próximos da região da fronteira com Israel. As Forças de Defesa de Israel (FDI) afirmaram que os pontos representavam uma ameaça imediata ao país. Leia na íntegra mais abaixo.
Israel garantiu que estava fazendo ataques precisos e limitados contra o Hezbollah. O grupo extremista e o governo do Líbano ainda não se pronunciaram.
A operação atual foi batizada de "Setas do Norte" e foi aprovada de acordo com uma decisão "política", segundo as Forças de Defesa de Israel. Os militares disseram que a ação continuará de acordo com a avaliação situacional dos militares e em paralelo ao combate na Faixa de Gaza.
Os militares israelenses disseram ainda que cerca de 10 projéteis foram lançados do Líbano contra o norte de Israel. Parte dos lançamentos foi interceptado, enquanto o restante caiu em áreas abertas.
Mais cedo, nesta segunda-feira, o Departamento de Estado dos EUA afirmou que soldados israelenses haviam iniciado incursões pequenas em território libanês para estudar o terreno. A possibilidade de uma operação por terra já era ventilada desde a semana passada.
Além disso, tropas do Exército do Líbano recuaram em 5 km ao norte de suas posições na fronteira com Israel. Os militares libaneses informaram à agência AFP de que estava "se reposicionando", sem dar mais detalhes.
O Ministério da Saúde do Líbano disse que 95 pessoas morreram e outras 172 ficaram feridas no sul do Líbano, no Vale do Bekaa e em Beirute apenas na segunda-feira.
O Hezbollah tem bombardeado o norte de Israel desde outubro de 2023, em solidariedade aos terroristas do Hamas e às vítimas da guerra na Faixa de Gaza.
Nos últimos meses, foi observado um aumento de tensões envolvendo Israel e Hezbollah. Um comandante do grupo foi morto em um ataque israelense no Líbano, em julho. No mês seguinte, o grupo preparou uma resposta em larga escala contra Israel, que acabou sendo repelida.
Mais recentemente, líderes israelenses emitiram uma série de avisos sobre o aumento de operações contra o Hezbollah. O gatilho para uma virada no conflito veio após os seguintes pontos:
- Nos dias 17 e 18 de setembro, centenas de pagers e walkie-talkies usados pelo Hezbollah explodiram em uma ação militar coordenada.
- A imprensa norte-americana afirmou que os Estados Unidos foram avisados por Israel de que uma operação do tipo seria realizada. Entretanto, o governo israelense não assumiu a autoria.
- Após as explosões, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse que estava começando "uma nova fase na guerra".
- Enquanto isso, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu que levará de volta para casa os moradores do norte do país, na região de fronteira, que precisaram deixar a área por causa dos bombardeios do Hezbollah.
- Segundo o governo, esse retorno de moradores ao norte do país só seria possível por meio de uma ação militar.
- Em 23 de setembro, Israel bombardeou diversas áreas do Líbano. Cerca de 500 pessoas morreram e centenas ficaram feridas. O dia foi o mais sangrento desde a guerra de 2006.
- Em 27 de setembro, Israel matou o chefe do Hezbollah por meio de um bombardeio em Beirute.
Na semana passada, as Forças de Defesa de Israel anunciaram que militares estavam se preparando para uma possível operação terrestre no Líbano. Bombardeios aéreos executados pelos israelenses seriam indícios de uma preparação de terreno.
"Tropas das IDF (Forças de Defesa de Israel) começaram incursões limitadas, localizadas e direcionadas contra alvos terroristas do Hezbollah na área de fronteira do sul do Líbano.
De acordo com a decisão do escalão político, há algumas horas, as IDF iniciaram incursões terrestres limitadas, localizadas e direcionadas com base em inteligência precisa contra alvos e infraestrutura terroristas do Hezbollah no sul do Líbano. Esses alvos estão localizados em vilarejos próximos à fronteira e representam uma ameaça imediata para as comunidades israelenses no norte de Israel.
As IDF estão operando de acordo com um plano metódico elaborado pelo Estado-Maior e pelo Comando do Norte, para o qual os soldados das IDF treinaram e se prepararam nos últimos meses.
A Força Aérea de Israel e a Artilharia das IDF estão apoiando as forças terrestres com ataques precisos a alvos militares na área.
Essas operações foram aprovadas e realizadas de acordo com a decisão do escalão político. A Operação “Setas do Norte” continuará de acordo com a avaliação da situação e em paralelo ao combate em Gaza e em outras frentes.
As IDF continuam a operar para alcançar os objetivos da guerra e estão fazendo tudo o que é necessário para defender os cidadãos de Israel e devolver os cidadãos do norte de Israel para suas casas."
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