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Presidente da Coreia do Sul deu ordens para militares 'retirarem parlamentares à força' durante votação contra lei marcial

O comandante Kwak Jong-geun, da unidade de guerra especial do exército sul-coreano, afirmou ter recebido uma ordem direta do presidente Yeol para "retirar os parlamentares à força" durante depoimento perante a Comissão de Defesa Nacional do Parlamento.

"O presidente me ligou diretamente por um telefone seguro, dizendo: 'Parece que o quórum ainda não foi alcançado. Quebrem a porta, entrem rapidamente e retirem à força as pessoas que estão lá dentro'", disse Jong-geun.

O presidente Yeol pegou o país e o mundo de surpresa ao declarar lei marcial na madrugada de 3 de dezembro, no horário local. A lei foi derrubada em poucas horas pelo Parlamento, que realizou sessão emergencial à revelia das forças da lei marcial, que tinham instruções para fechar a casa legislativa. O presidente sobreviveu a uma votação de impeachment no final de semana passado, quando seu partido abandonou a votação.

O presidente foi proibido pela Justiça sul-coreana de sair do país.

Segundo a oposição, ocorreu um boicote, já que o presidente só poderia ser retirado do cargo caso 2/3 do parlamento votasse a favor do impeachment — são 200 de seus 300 membros. Os partidos de oposição que apresentaram a moção de impeachment têm 192 assentos. Eles precisariam de pelo menos oito votos adicionais do Partido do Poder Popular.

A derrota da moção deve intensificar os protestos públicos pedindo a saída de Yoon. Uma pesquisa mostrou que a maioria dos sul-coreanos apoia o impeachment do presidente.

Manifestantes pedem o impeachment do presidente sul-coreano — Foto: Kim Hong-ji/Reuters

O discurso foi a primeira aparição pública do líder embaraçado desde que ele revogou a ordem de lei marcial na manhã de quarta-feira, apenas seis horas depois de ela ter sido declarada, e após o parlamento desafiar os cordões militares e policiais para votar contra o decreto.

"Estou muito arrependido e gostaria de pedir sinceras desculpas ao povo que ficou chocado", disse Yoon. Entretanto, o presidente não apresentou sua renúncia. "Deixarei nas mãos do meu partido estabilizar a situação política no futuro, incluído o meu mandato", acrescentou.

Presidente da Coreia do Sul faz pronunciamento antes de votação de impeachment

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Na terça-feira (3), Yoon acionou um dispositivo constitucional para implementar a medida, substituindo a legislação normal por leis militares, fechando a Assembleia Nacional e colocando setores como a imprensa sob controle do governo.

A lei marcial foi decretada em um contexto de baixa aprovação do presidente e de trocas de farpas entre o governo e os deputados. A medida pegou a Coreia do Sul de surpresa e expôs a crise política do país, que vem se agravando nos últimos meses.

Yoon defendeu o decreto como uma maneira de proteger a Coreia do Sul de aliados da Coreia do Norte que estariam infiltrados no país. A lei, no entanto, sofreu uma série de reações negativas e levou milhares de sul-coreanos às ruas.

Presidente da Coreia do Sul decreta lei marcial; entenda o termo

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Em abril deste ano, o Partido Democrata — de oposição ao governo de Yoon — venceu com ampla vantagem as eleições parlamentares. Com isso, a legenda ampliou o controle da Assembleia Nacional, conquistando mais de 170 das 300 cadeiras da Casa.

À época, Yoon fez um pronunciamento prometendo mudanças no governo e políticas para estabilizar a economia na Coreia do Sul.

Enquanto isso, a oposição aprovou moções para investigar a primeira-dama. Todos os projetos acabaram sendo vetados pelo presidente.

No fim de novembro, o Partido Democrata rejeitou o orçamento do governo e avançou com um plano de revisão de gastos, cortando o equivalente a mais de R$ 17 bilhões. A medida irritou o gabinete presidencial, sendo que a porta-voz do governo chamou a ação de "tirania parlamentar".

Ao anunciar a lei marcial, Yoon descreveu a oposição como "forças pró-Coreia do Norte, sem vergonha, que estão saqueando a liberdade e a felicidade" dos sul-coreanos.

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