8 meses atrás 24

Projeto de ferrovia que ligará Porto Alegre a Gramado terá viagens de uma hora

Chegar a Gramado em até uma hora, aproveitando uma paisagem deslumbrante e com serviço de bordo, pode estar mais perto de acontecer com o projeto de trem que ligará Porto Alegre à cidade da serra. O investimento, estimado em R$ 3 bilhões iniciais, será totalmente privado e aguarda a assinatura do contrato de adesão com o governo estadual para prosseguir com o licenciamento ambiental e iniciar as obras. No final de fevereiro, o projeto recebeu parecer favorável da Procuradoria Geral do Estado (PGE).De acordo com o engenheiro civil Renato Ely, sócio da RG2E, empresa que compõe a Sultrens Transportes Ferroviários, uma companhia de propósito específico, o traçado mais viável entre os estudados tem como partida uma estação a 700 metros do Aeroporto Internacional Salgado Filho, na Capital, e chegada à Avenida das Hortênsias, entre Gramado e Canela. São cerca 83,5 km de extensão, que exploram as encostas a Leste do Morro Ferrabraz. O trajeto terá partidas a cada meia hora nos dois sentidos, das 10h às 22h, e, antes das 10h, haverá trens a cada uma hora, começando às 7h. A operação pode iniciar em 2031.

Continue sua leitura, escolha seu plano agora!

De acordo com o engenheiro civil Renato Ely, sócio da RG2E, empresa que compõe a Sultrens Transportes Ferroviários, uma companhia de propósito específico, o traçado mais viável entre os estudados tem como partida uma estação a 700 metros do Aeroporto Internacional Salgado Filho, na Capital, e chegada à Avenida das Hortênsias, entre Gramado e Canela. São cerca 83,5 km de extensão, que exploram as encostas a Leste do Morro Ferrabraz. O trajeto terá partidas a cada meia hora nos dois sentidos, das 10h às 22h, e, antes das 10h, haverá trens a cada uma hora, começando às 7h. A operação pode iniciar em 2031.

Apesar de poderem atingir velocidades de até 130 km/h, os trens viajarão a, no máximo, 100 km/h, em um trajeto que percorrerá, desde a saída da Capital até a chegada em Gramado, Canoas, Cachoeirinha, Esteio, Sapucaia do Sul, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Campo Bom, Sapiranga, Araricá, Nova Hartz, Santa Maria do Herval, Igrejinha e Três Coroas. Inicialmente, serão 10 trens, com capacidade para 220 passageiros, que farão o trajeto de forma direta, com exceção de paradas em dois condomínios de luxo. "Os moradores desses condomínios poderão ir e voltar de Porto Alegre todos os dias, demorando apenas 50 minutos", explicou.

Trajeto terá foco na experiência

Ele acrescenta que o objetivo do projeto não é apenas utilitário, como acontece com a Trensurb, por exemplo, que liga a capital à Novo Hamburgo. "Nosso trem será 100% com passageiros sentados. O usuário poderá, por exemplo, experimentar os vinhos da Serra Gaúcha durante a viagem", disse. Ainda não há previsão para o valor das passagens, pois isso depende da quantidade de investidores que abraçarem o projeto, mas o público são turistas com alta renda. Apesar de o foco ser no turismo, ele não descarta o estudo de uma malha ferroviária para transporte de cargas de alto valor agregado.

Após a assinatura do contrato de adesão, a empresa entrará com o requerimento de licenciamento ambiental para a obtenção da licença prévia da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema). Um Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) já foi realizado e protocolado em novembro do ano passado.

"É uma nova fase de alinhamento. O governo irá aprovar, orientar, emitir a licença prévia e fiscalizar, mas o resto será privado", disse. O processo se baseia no Marco Institucional das Ferrovias de 2021 e do governo estadual, em 2023, que autoriza o setor privado a operar serviços ferroviários por 99 anos, desde que estejam de acordo com a política do governo e sejam autosustentáveis, sem o uso de recursos públicos.

O engenheiro civil informa que já estudava o assunto desde 2022 no Rio Grande do Sul e que, em 2023, se associou a mais duas empresas para detalhar o projeto. "Tenho vasta experiência em projetos de metrô e semelhantes, então estudei em vários locais do Brasil e vi que esse trajeto é um dos mais viáveis", afirmou. No ano passado, a Sultrens se reuniu com o governo, mas as enchentes suspenderam as tratativas até setembro, quando foram retomadas.

Entre as possíveis dificuldades do projeto estão as elevações da serra, mas, segundo Ely, trens já realizaram a rota na década de 1960 e, com a tecnologia atual, o trajeto é plausível. Além disso, já há conversas com quatro fornecedores de trens que detêm tecnologia. Os veículos precisam ter capacidade de vencer rampa com 6% de declividade, em uma distância total de 12 km de extensão. Seis meses antes do início da operação, serão realizados testes técnicos com autoridades, a população e entidades da sociedade civil.

A Secretaria de Logística e Transportes informou que está avaliando a viabilidade do traçado da ferrovia "e também analisando os aspectos técnico-operacionais do requerimento da empresa Sultrens Transportes Ferroviários. O extrato do requerimento foi publicado no Diário Oficial, conforme determina a lei e as normativas da ANTT (Agência Nacional dos Transportes Terrestres)", disse em nota.

Os próximos passos da Sultrens já estão marcados: o trem do litoral, mas ainda não há detalhes. "Ainda estamos estudando. Assim que tivermos uma equipe trabalhando no trem da serra, vamos avançar nesse projeto", adiantou.