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Renda per capita mensal do produtor de tabaco é o dobro da média brasileira

A renda per capita mensal média do produtor de tabaco da Região Sul (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná) é de R$ 3.935,40, enquanto a renda per capita geral no Brasil é de R$ 1.625,00 (IBGE/2022). Além disso, 73% dos produtores de tabaco dispõem de outras rendas, além daquela proveniente do cultivo do tabaco, tais como aposentadorias, empregos fixos ou temporários, atividades autônomas, aluguéis, arrendamentos, ou rendimentos de aplicações financeiras. Os dados fazem parte da segunda edição da pesquisa Perfil socioeconômico do produtor de tabaco da Região Sul do Brasil realizada em 2023 pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Administração (CEPA) vinculado a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).

O estudo mostra que a renda familiar mensal do produtor de tabaco (média de três moradores) é de R$ 11.755,30. Assim como a primeira edição, realizada em 2016, o estudo foi encomendado pelo SindiTabaco e conduzido no período entre 30 de junho a 20 de julho de 2023, em 37 municípios produtores de tabaco que compõem a Região Sul do Brasil. Pelo menos 80% dos produtores de tabaco enquadram-se nas classes A e B, a média geral brasileira não chega a 25%.

O presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Iro Schünke, disse que a pesquisa foi extremamente importante para o setor porque mostrou que o produtor tem uma vida digna graças ao tabaco. De acordo com Schünke, os resultados reafirmam a importância econômica e social do tabaco no meio rural. "Em muitos momentos, temos ouvido que o produtor de tabaco vive em uma situação de vulnerabilidade social, mas a pesquisa desmonta essa narrativa. Assim como aconteceu em 2016, os resultados não surpreendem quem conhece o setor", acrescenta.

O estudo foi coordenado pelo professor Luiz Antonio Slongo e contou com o apoio do professor Rafael Laitano Lionello (ESPM/SP) e dos doutorandos Lucas Dorneles Britto (PPGA/UFRGS) e Nathalia Soares Brum de Mello (PPGA/UFRGS), além de técnicos da universidade. A coleta de dados foi feita o base em entrevistas pessoais, realizadas na residência dos produtores. A população considerada para esse estudo foi composta por produtores de tabaco da Região Sul e, para efeitos de amostra, considerou-se um total de 1.145 casos, com erro amostral máximo de 2,9%.

Segundo Slongo, que coordenou a pesquisa, chamou atenção o fato de o pequeno produtor da região Sul ter uma quantidade de terra muito pequena e conseguir ter uma situação social e econômica privilegiada. "Eles têm na média 16 ou 17 hectares de terra e conseguem tirar disso uma renda que é extremamente desproporcional ao tamanho de terra", ressalta. O professor da Ufrgs afirma que o estudo mostrou que os produtores estão muito satisfeitos e nem pensam em abandonar a produção de tabaco. "Os produtores da região Sul gozam de uma situação econômica e social muito privilegiada", acrescenta.

A pesquisa demonstrou que os produtores de tabaco estão cada vez mais conectados. Enquanto em 2016 menos da metade dos produtores possuía acesso à internet, em 2023 essa realidade foi alterada drasticamente: quase 94% têm acesso à internet, sendo mais de 92% na própria residência. 

Domicílio do produtor de tabaco na região Sul

O levantamento do Cepa/Ufrgs mostra que 73% dos produtores da região Sul têm a alvenaria como material predominante na construção (65% em 2016) e que quase 72% têm três ou mais dormitórios por domicílio. Todas as residências têm, pelo menos, um banheiro ou sanitário, sendo que quase 36,4% têm mais de um e 95% têm fossa séptica para esgoto. O estudo apontou que 29% têm poço artesiano, 97,1% têm água encanada e quase todos os domicílios têm acesso à energia elétrica, via rede geral de distribuição (98,6%). O trabalho destacou que 13,5% têm acesso a outras fontes e dos que utilizam outras fontes - 12,3% são de energia solar. Praticamente 100% têm água aquecida (99,6%), pelo menos para banho, utilizando, para tanto, a energia elétrica, de forma predominante.

Com relação a posse de bens, 100% dos produtores de tabaco têm veículo ou caminhonete (eram 89% em 2016) e 62,7% têm motocicleta (61% na última pesquisa) e 13,7% dos produtores de tabaco têm outro imóvel, além daquele utilizado para morar (eram 10% em 2016). Mais de 97% dos domicílios têm máquina de lavar roupa e 65% têm também secadora de roupa e o uso do ar-condicionado aumentou 61% desde a primeira pesquisa, em 2016. Atualmente, 33,4% têm ar condicionado e 80,7% têm ventilador.

A pesquisa identificou que em 57,2% dos domicílios têm aspirador de pó e 88,6% têm forno elétrico e 67,2% têm forno de micro ondas. Já 80,9% dos produtores possuem trator e 13,4% microtrator. Praticamente 100% têm TV a cores, sendo 90,5% do tipo tela plana. Além disso, 100% têm, pelo menos, um telefone celular, sendo que 85,1% do tipo smartphone e 36% dispõem de computador.

Quase 60% dos chefes de família têm mais de oito anos de estudo, o que corresponde ao primeiro grau completo, ou mais. Entre esses, 32,2% têm mais de 11 anos de estudo, o que corresponde ao segundo grau completo e até cursos superiores, completos ou incompletos. E 95,6% deles já fizeram cursos sobre manuseio seguro de agrotóxicos e 50,2% já fizeram cursos de manejo correto do solo.

Municípios das entrevistas

Rio Grande do Sul: Arroio do Tigre, Boqueirão do Leão, Caiçara, Camaquã, Canguçu, Chuvisca, Crissiumal, Ibarama, Mata, Santa Cruz do Sul, São Francisco de Assis, São Lourenço do Sul, Vale do Sol e Venâncio Aires.

Santa Catarina: Canoinhas, Içara, Iporã do Oeste, Itaiópolis, Ituporanga, Orleans, Palmitos, Papanduva, Petrolândia, Riqueza, São João do Sul e Vidal Ramos.

Paraná: Agudos do Sul, Ipiranga, Irati, Piên, Prudentópolis, Quitandinha, Rio Azul, Rio Negro, São João do Triunfo, São Miguel do Iguaçú e Três Barras do Paraná.

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