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Um desses golpes é o "romance scammer" ou estelionato sentimental virtual. Nele, grupos de estelionatários estrangeiros se aproximam das vítimas pelas redes sociais, fazem com que se apaixonem e pedem dinheiro emprestado - o valor nunca é devolvido.
Por ser um crime em escala internacional, é difícil para a vítima conseguir recuperar o dinheiro roubado, mas existem algumas dicas que podem auxiliar no processo. Veja a seguir.
O que fazer se for vítima
Para denunciar, é preciso:
- salvar as conversas, principalmente, aquelas em que há o pedido de dinheiro;
- guardar os comprovantes de pagamentos e dados bancários de quem recebeu;
- não apagar fotos que o bandido enviou;
- fazer um boletim de ocorrência relatando tudo o que aconteceu;
- contratar um advogado, para ter auxílio em cada etapa, uma vez que se trata de um crime mais complexo.
O estelionato é um crime tipificado no artigo 171 do Código Penal. É considerado estelionato sentimental quando o relacionamento é usado para extorquir dinheiro da vítima.
O artigo diz ainda que: "A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se a fraude é cometida com a utilização de informações fornecidas pela vítima ou por terceiro induzido a erro por meio de redes sociais, contatos telefônicos ou envio de correio eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo".
Mas punir o crime somente como estelionato sentimental não é suficiente, afirma Glauce Lima, caçadora de golpistas e fundadora do Instituto GKScanOnline, de apoio a vítimas de crimes cibernéticos.
Ela começou a procurar os bandidos online após uma amiga ser vítima do golpe em 2011. Em 1 ano, ela conseguiu remover 1.600 perfis falsos de rede social e em 2013 conseguiu prender o golpista que roubou sua amiga, em parceria com a polícia nigeriana, onde vivia o bandido.
“Ele não é só estelionato, ele é uma formação de quadrilha. O dinheiro do "romance scammer", a gente tem prova que ele acaba sendo desviado para o tráfico internacional de drogas”, diz.
Por isso, para ter alguma chance de encontrar os bandidos, é necessário que a Polícia Federal auxilie nos procedimentos e identifique em qual país está o bandido. Isso pode ser feito rastreando o IP, que é o número identificador do computador, ou ainda refazendo o caminho do dinheiro das vítimas até o grupo golpista.
Quando a vítima é mulher, simular um relacionamento para obter vantagens financeiras também pode ser considerado uma violência doméstica financeira e, portanto, ser enquadrado na lei Maria da Penha, explica o promotor Thiago Pieronom do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDF).
Caso o estelionatário possa ser identificado, a vítima pode receber indenização também por danos morais e materiais.
As vítimas do "romance scammer" têm dificuldades para denunciar. Primeiramente, elas sentem vergonha do que a família irá pensar.
Foi o que aconteceu com Isabela*, que vendeu um terreno que havia recebido de herança da sua mãe para enviar para o golpista e nunca contou para o seu marido, por medo da reação dele.
Além disso, há o julgamento da sociedade de que quem cai nesse golpe são pessoas “burras", causando mais vergonha, aponta Desiree Hamuche Montes, fundadora da iniciativa “Era Golpe, Não Amor".
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*Isabela é um nome fictício, para proteger a vítima.
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