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Sustentabilidade na produção de arroz é tema de evento internacional na Serra

Grãos

- Publicada em 08 de Novembro de 2023 às 17:10

Integração entre arroz e pecuária aumentou em até 6% a produtividade dos grãos em Uruguaiana

Integração entre arroz e pecuária aumentou em até 6% a produtividade dos grãos em Uruguaiana


cleiton ramão/irga/DIVULGAÇÃO/JC

Claudio Medaglia

A ampliação das áreas cultivadas com arroz em sistemas integrados de produção agropecuária (Sipa) é um caminho que precisa ser seguido no Rio Grande do Sul para aumentar a produtividade e a sustentabilidade das lavouras. A afirmação é do engenheiro agrônomo Júlio Kuhn Da Trindade, pesquisador no Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação.

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A ampliação das áreas cultivadas com arroz em sistemas integrados de produção agropecuária (Sipa) é um caminho que precisa ser seguido no Rio Grande do Sul para aumentar a produtividade e a sustentabilidade das lavouras. A afirmação é do engenheiro agrônomo Júlio Kuhn Da Trindade, pesquisador no Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação.

O especialista participa desde terça-feira (7) do Simpósio Internacional de Sistemas Integrados Agropecuários. O evento ocorre até sexta-feira, no Dall’Onder Grande Hotel, em Bento Gonçalves. Nesta quarta-feira, ele apresentou a palestra “Sipa em Terras Baixas: Estratégias para o Futuro Sustentável da Produção de Arroz Irrigado no RS”.

Leia também: Arrozeiros mantêm safra enxuta, apesar da alta cotação do cereal

Segundo ele, a chamada Revolução Verde, ocorrida no Brasil entre as décadas de 1960 e 1970, com o desenvolvimento de tecnologias e aposta na especialização na cultura, acabou conduzindo muitas propriedades ao monocultivo intensivo. “E, hoje, enfrentam os problemas decorrentes dessa prática, como a dependência da cultura. Entre eles estão sua relação de custos altos e preços em baixa, nos últimos anos, além de lavouras mais suscetíveis a plantas daninhas e à degradação da produção e da qualidade dos solos”, analisou Trindade para o Jornal do Comércio pouco antes de apresentar seu trabalho em um dos painéis do encontro.

Ele lembrou que, nos últimos 12 anos, a rotação do cultivo de arroz com a soja em terras baixas já vem sinalizando uma tomada de consciência do produtor rural sobre a importância da mudança. Atualmente, dos cerca de 900 mil hectares que deverão ser semeados com arroz na safra 2023-2024, mais de 500 mil serão em tradicionais áreas destinadas à orizicultura.

“A produção intensiva, mesmo com bom manejo de fertilizantes, leva à queda de rendimento. O produtor entendeu isso e buscou a integração com outras culturas para qualificar suas áreas. A soja, como alternativa à monocultura do arroz, é uma commodity altamente rentável e facilita o enfrentamento de plantas daninhas, bem como a revitalização do solo. Assim, se resolve o verão, mas podemos melhorar ainda mais”, diz o agrônomo.

É que enquanto o Rio Grande do Sul produz apenas uma safra por ano, a Região Central do País colhe três. Em estudos feitos entre 2018 e 2020, quando esteve cedido ao Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Trindade experimentou consorciar áreas de arroz com soja, milho e pastagens ou plantas de cobertura no inverno. Em alguns dos lotes, o arroz retornou somente na quarta safra. E o rendimento da cultura aumentou em até 20%.

Trindade levou ao simpósio dois estudos. Em um deles, desenvolvido no município de Cristal, no Sul do Estado, são analisados os resultados de um experimento envolvendo lavoura de arroz, rotação de culturas e diversificação com pecuária. “O projeto iniciou as atividades no campo em 2013, a partir de uma parceria público-privada entre diversas instituições, como a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o (Irga) e a Embrapa, entre outras”.

No outro, desenvolvido em Uruguaiana, em parceria com colegas do Irga e da Unipampa, foi feita a análise do desempenho agronômico do arroz irrigado integrado com produção pecuária. “No protocolo de integração lavoura-pecuária de longa duração que está em execução desde 2018 no Centro de Pesquisa do Irga em Uruguaiana, avaliamos produtividade e rendimento de grãos ao longo de cinco safras consecutivas (de 2018 a 2023), de modo a verificar se a introdução de pastagens de azevém anual para pastejo de bovinos de corte afeta o desempenho produtivo do arroz irrigado. O que verifiquei foi um aumento de até 6% na produtividade do arroz a partir da integração com a pecuária”, contou.

RS tem uma das áreas de maior produtividade mundial na orizicultura

Trindade apresentou estudo desenvolvido em lavoura de arroz no município de Cristal, no Sul do RS

Trindade apresentou estudo desenvolvido em lavoura de arroz no município de Cristal, no Sul do RS


júlio kuhn da trindade/irga/divulgação/jc

O agrônomo Júlio Kuhn Da Trindade, da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, disse antes de sua participação no Simpósio Internacional de Sistemas Integrados Agropecuários, que ocorre ocorre até sexta-feira, em Bento Gonçalves, que o Rio Grande do Sul tem uma das áreas de maior produtividade no mundo na orizicultura. Mas ainda precisa avançar. “A monocultura não é sustentável. O uso de sistemas integrados minimiza riscos e até auxilia no enfrentamento de eventos climáticos. Além disso, permite ao produtor diluir suas receitas com outras atividades”.

De acordo com o pesquisador, a própria Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) diz que o caminho viável para a produção de alimentos é a verticalização e o melhor aproveitamento da terra. “Não se aceita mais áreas em pousio. Podemos trabalhar a terra o ano inteiro, sem precisar degradar campos nativos. Além da soja – ou do milho –, podemos produzir energia alimentar com proteína animal ou mesmo com cereais de inverno. Mas o bioma Pampa tem grande vocação para a pecuária. Pastagens geram proteção para o solo, e a presença do gado é importante para a ciclagem de nutrientes, desde que sejam usados na lotação adequada e o pastejo seja feito sem exaurir o limite da planta”.

Paralelamente ao encontro internacional ocorrem o III Congresso Brasileiro de Sistemas Integrados de Produção Agropecuária e o VII Encontro de Sistemas Integrados de Produção Agropecuária no Sul do Brasil. A promoção do evento é da Aliança SIPA, uma parceria entre os setores público e privado para o fomento e incentivo aos sistemas integrados de produção agropecuária. O simpósio internacional congrega pesquisadores de diversas regiões do Brasil, dos Estados Unidos e da França. “Verificamos que as dificuldades não são muito diferentes em cada região ou país. E as soluções também são bastante semelhantes”, concluiu Júlio Trindade.

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