Quem passa pela orla da Zona Sul de Porto Alegre, na altura dos bairros Tristeza e Assunção, está acostumado com a vista dos barcos dos clubes náuticos atracados próximos à beira do Guaíba. Pode-se ver, também, a estrutura desses locais e alguns pontos clássicos, como a ponte do Clube dos Jangadeiros, que liga a parte do ”continente” com a ilha particular do clube, a qual o outro acesso pode ser feito apenas pela água. No entanto, a cena destes pontos desaparecidos, submersos pela enchente que assolou o Estado um ano atrás, foi de inimaginável a uma memória daquelas que não devem ser esquecidas tão cedo.
Continue sua leitura, escolha seu plano agora!
Quem passa pela orla da Zona Sul de Porto Alegre, na altura dos bairros Tristeza e Assunção, está acostumado com a vista dos barcos dos clubes náuticos atracados próximos à beira do Guaíba. Pode-se ver, também, a estrutura desses locais e alguns pontos clássicos, como a ponte do Clube dos Jangadeiros, que liga a parte do ”continente” com a ilha particular do clube, a qual o outro acesso pode ser feito apenas pela água. No entanto, a cena destes pontos desaparecidos, submersos pela enchente que assolou o Estado um ano atrás, foi de inimaginável a uma memória daquelas que não devem ser esquecidas tão cedo.
Ainda assim, a reconstrução destes espaços foi feita em cerca de seis meses, até dezembro de 2024, e os estragos das cheias já não são perceptíveis, ao menos em um primeiro momento. É o caso do Jangadeiros, que viu sua sede ficar embaixo d’água naquele fatídico início de maio. Agora, com a retomada, respira novos ares, com a mesma estrutura, reconstruída após a tragédia.
É o que destaca o comodoro do clube, Cristiano Tatsch, além de ressaltar o trabalho voluntário no início da catástrofe na Capital: “Temos uma escola de vela e o pessoal, inclusive da classe de campeonato, foi para a água ajudar a socorrer as pessoas que estavam ilhadas”. Foram cerca de 15 botes disponibilizados para os resgates nos dez primeiros dias de enchente. À época, o ponto de partida era a sede do clube, em direção às Ilhas, Humaitá ou qualquer outro lugar em que se pedia o socorro, vindo desde o contato as autoridades às redes sociais do clube, abarrotadas de mensagens daqueles que já não viam outra opção para serem atendidos.
A importância do envolvimento do Jangadeiros e outras associações náuticas, acima de tudo, tem haver com expertise. “Nossos atletas e velejadores, principalmente os mais jovens, conhecem muito, sabem o que se faz na correnteza do rio, como se entra num bote de borracha para não virar, como se enfrenta uma onda grande. Eles estão habituados a isso. E o pessoal, mesmo de órgãos públicos de defesa civil, não entendem especificamente de água, como o nosso pessoal que estava envolvido”, salienta Tatsch.
O comodoro também alerta que o Guaíba é muito baixo e funciona à base de canais, e o do clube, que leva para o canal onde ocorre o trânsito de navios maiores, foi perdido. Trata-se de uma das obras ainda em andamento, no valor de R$ 200 mil oriundos do cofre do Jangadeiros, assim como a construção de uma rede de esgoto própria e uma rede de energia com cabos subterrâneos blindados para não serem atingidos pela água. Um dos pontos de destaque é que nenhuma das quase 100 embarcações foi perdida com a catástrofe.
No continente, as perdas também foram significativas, não só para o clube, mas também para os comerciantes do local. Foi o caso da Equinautic, que vende equipamentos e acessórios náuticos que, apesar da expressiva perda de material com o impacto da cheia no depósito, se manteve ativa no espaço da loja, afetado em menor escala, para auxiliar nos resgates com a reposição de peças que estragavam ao longo do dia. “Como nós tínhamos que ficar 24 horas por dia lá dentro, começamos a atender as pessoas, porque era muita gente fazendo resgates. Ajudamos a trocar hélice e motor dos barcos, por exemplo”, conta o proprietário do negócio, Márcio Lima. No fim, a loja “virou um QG na Zona Sul. O pessoal guardava mantimento, e também administrávamos o remédio para a leptospirose”, relembra.
Ele estima um prejuízo na casa de R$ 2 milhões, apesar das quatro viagens de caminhão para retirada de equipamentos do local quando o Guaíba não havia avançado. A Equinautic ainda lida com a limpeza de equipamentos menores, diante de tamanha demanda de recuperação após o desastre.
Um ano depois, Tatsch reflete que, “em primeiro lugar, pensávamos que a enchente de 1941 nunca mais fosse acontecer. E isso nos desmentiu. Porto Alegre tem que estar preparada. Temos que aprender com isso”. Lima também alerta que “o Guaíba vem se assoreando pela ação do homem, de desmatamento, e leva areia para a beira”, e entende que hoje, assim como toda cidade, “estamos contando com a sorte”.

German (DE)
English (US)
Spanish (ES)
French (FR)
Hindi (IN)
Italian (IT)
Portuguese (BR)
Russian (RU) 




:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2023/l/g/UvNZinRh2puy1SCdeg8w/cb1b14f2-970b-4f5c-a175-75a6c34ef729.jpg)










Comentários
Aproveite ao máximo as notícias fazendo login
Entrar Registro