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Vamos mapear áreas de interesse turístico em Porto Alegre, diz Fernanda Barth

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Nova titular da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Eventos de Porto Alegre, Fernanda Barth (PL) está alinhando as prioridades da gestão com os departamentos da pasta. E adianta que uma das diretrizes centrais será desenvolver o produto turístico na Capital. “A questão é tratar Porto Alegre também como um negócio, porque precisamos atrair investimentos, empregos, renda, manter nossos talentos aqui, a gente precisa desenvolver o produto turístico”, projeta.

Nesse sentido, a pasta fará uma mapeamento das áreas potenciais da cidade. “Vamos buscar desenvolver um estudo em Porto Alegre das zonas de interesse turístico”, afirma a secretária.

Fernanda Barth também fala, nesta entrevista ao Jornal do Comércio, de eventos já consolidados na Capital, de desafios a serem alcançados no ambiente de negócios de Porto Alegre e de ações no âmbito do desenvolvimento econômico.

Jornal do Comércio - Como surgiu o convite para a secretaria?

Fernanda Barth - Eu já sabia que o prefeito queria fazer algumas alterações, mas não sabia em quais secretarias. Em uma reunião de bancada, o deputado Zucco me disse: “Fernanda, pensa em assumir uma secretaria, porque o prefeito Sebastião Melo quer muito que um dos vereadores assuma uma secretaria e ele me disse que gostaria que tu assumisses a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Eventos”. Na época, eu disse para o Zucco que nunca quis ir para o Executivo. Não que eu não goste, mas eu tinha interesse em continuar no meu mandato, porque se tem muito mais autonomia como vereadora. É difícil fazer uma mudança dessas porque já tinha passado cinco meses do início da gestão, pegar uma secretaria que já estava montada, é uma decisão que você tem que pensar muito antes de tomar. Mas as pautas dialogam muito com as pautas do meu mandato, sempre fui da liberdade econômica, da desburocratização, da redução de impostos, da defesa do empreendedorismo, do turismo. Então é uma coisa meio natural. Se me perguntassem: “iria para outra pasta?” Acho que não.

JC - Como tem sido a adaptação à nova função?

Fernanda - Já consegui fazer reuniões com 95% dos departamentos de dentro da secretaria. É uma equipe grande e muito capacitada. O único setor que falta é o da Economia Criativa, porque preciso de mais tempo para conversar com a responsável, já que engloba muitos assuntos. O planejamento está sendo realizado, é estranho falar de um planejamento com seis meses de governo, mas a base já está colocada, porque de um ano para o outro os projetos do Programa de Metas (Prometa) ficam, e é preciso avançar. A gente já está pensando no ano que vem e nos próximos porque o importante é se ter um projeto de governo, e não um projeto de poder. A gente quer construir estruturas que fiquem pra cidade.

JC - Quais projetos são a prioridade da secretaria neste ano?

Fernanda - A gente tem que desenvolver o produto turístico em Porto Alegre. Temos que garantir que o Centro de Eventos saia do papel, isso é indispensável. Vamos consolidar Porto Alegre como a Capital Mundial de Churrasco e resgatar eventos bons que Porto Alegre já teve e que, por algum motivo, deixaram de acontecer. Um projeto novo que vamos lançar em julho é o “Sala do Empreendedor Itinerante”, porque a gente sabe que a Sala do Empreendedor tem uma procura tremenda e eles vão agora se mudar para o Centro Histórico e voltar a ter movimento pelos bairros de Porto Alegre, uma vez por mês. Também precisamos potencializar a área rural de Porto Alegre, dando a ela a estrutura necessária para que ela possa permanecer rural na sua vocação. Além disso, vamos buscar a atração de grandes eventos de esporte para Porto Alegre. Essa é uma área transversal com a Secretaria de Esportes, mas nós podemos ser facilitadores para atração de eventos, como a Maratona Internacional de Porto Alegre. Queremos trazer mais eventos de vela, de tênis, de padel, de beach tênis, por que não? Também planejamos fortalecer a questão do turismo cultural e de tradição. Estamos estudando a volta do projeto “Turismo de Galpão”, onde os turistas chegavam no Acampamento Farroupilha e tinha um grupo de CTGs que oferecia atividades para os visitantes. Então um CTG oferecia oficina de carreteiro, outro fazia uma oficina de gaita, outro de declamação.

JC - Quais são os principais pontos ligados ao setor de turismo e eventos que precisam ser trabalhados em Porto Alegre?

Fernanda - Tem muita gente boa empreendendo e querendo empreender que às vezes só precisa que o Estado não atrapalhe ou que garanta a ambiência necessária. Precisamos trabalhar muito a questão da transversalidade com outras secretarias. Porque, muitas vezes, você tem um empreendedor e ele acaba se desmotivando ou querendo sair de onde ele está porque ele não tem iluminação, ele não tem limpeza urbana, ele não tem segurança pública. A gente sabe que a cidade já evoluiu muito nisso, mas a gente precisa garantir que Porto Alegre tenha a ambiência necessária para que a gente consiga ter mais desenvolvimento econômico e mais oportunidades de negócio, para que as pessoas se sintam mais confortáveis de vir para cá. E não só trazer novas pessoas, mas que quem já está fique e se sinta motivado a permanecer. Nós vamos buscar desenvolver um estudo em Porto Alegre das zonas de interesse turístico. A gente consegue verificar hoje facilmente quatro: a área rural de Porto Alegre, o Quarto Distrito, o Centro Histórico e a Orla do Guaíba. Não quer dizer que não tenham outras, mas essas poderiam ter um regime diferenciado de diversas formas para que a gente atraia mais investimento. A questão é tratar Porto Alegre também como um negócio, porque precisamos atrair investimentos, empregos, renda, manter nossos talentos aqui, a gente precisa desenvolver o produto turístico.

JC - Que tipo de apoio a secretaria pode oferecer para viabilizar eventos e projetos de turismo?

Fernanda - Temos um orçamento para a realização de eventos, a prefeitura também faz patrocínios e temos uma parceria com a Caixa Econômica. Temos também recursos para turismo, parte do financiamento internacional de R$ 6 bilhões é para reconstrução do turismo e do empreendedorismo na cidade. Teremos a reconstrução do Centro Histórico, reconstrução do Quarto Distrito. Dinheiro vai ter, a gente precisa de projetos exequíveis e bons para que não seja um soluço de desenvolvimento. Queremos que esse desenvolvimento aconteça e se torne sustentável, perene. Então, a prefeitura pode ajudar através de recursos, avaliando uma questão de custo-benefício. Se eu investir R$ 500 mil, quanto volta para cidade? Nesse quesito, há uma vantagem de ter um agente político na cabeça de uma pasta, porque como políticos estamos acostumados a buscar parceiros para viabilizar projetos.

JC - Um dos serviços oferecidos pela pasta é o Observatório da Economia Criativa, que, entre outras funções, levanta dados sobre o setor na Capital. Qual a importância de produzir esse tipo de conteúdo?

Fernanda - Ainda não posso falar sobre o Observatório de Economia Criativa porque não consegui conversar com a equipe responsável. Mas toda vez que você tem um levantamento de dados que possam ser utilizados para melhorar o desempenho de determinados setores, ou do próprio setor público, eu vejo com bons olhos. Nós precisamos dessas informações porque senão você não tem um mapa para seguir estrategicamente, você está sendo um mau gestor e rasgando dinheiro público. Nós temos um convênio com a Visa, que foi renovado agora, para a produção de um mapa de consumo, perfil e bairro, que também nos serve de guia. Então, nós vamos juntar esses dados e vamos ver se estamos indo no caminho certo, precisamos ajustar a rota, onde é que a gente precisa melhorar. No próximo dia 16, vamos ter uma reunião do Conselho Municipal de Turismo, a primeira que vou participar, e nós vamos levar isso muito a sério, muito sério. Também tivemos a primeira reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Porto Alegre, pretendemos mantê-la pelo menos a cada 40 dias, no máximo bimensal, porque a gente entende que agora as palavras vão virar ações. Porto Alegre tem pressa.

JC - Quais são as estratégias para retomar e ampliar o turismo em Porto Alegre? Como transformar a cidade em um lugar de visita e não só de passagem?

Fernanda - Precisamos proporcionar experiências para os nossos turistas, eles precisam querer ficar em Porto Alegre. O Sebrae está realizando uma consultoria para nós, vão montar roteiros de um, dois, três dias em Porto Alegre. Se conseguirmos que o turista que vem sem a intenção de ficar em Porto Alegre fique um dia a mais, nós já estamos ganhando. Se conseguirmos fazer planos casados com as operadoras da Serra, para que eles fiquem em Porto Alegre durante o final de semana, quando a Serra já está lotada, isso já seria um avanço para nós. Precisamos voltar a qualificar o nosso receptivo, capacitar os motoristas de aplicativo de táxi com mais de uma língua, dicas e informações turísticas. Precisamos reativar pelo menos um ponto de informações turísticas no Centro, queremos fazer isso com Parceria Público-Privada e abrir mais centros de informações turísticas espalhados, onde a pessoa não pegue só a informação, mas possa comprar um pacote turístico. Queremos colocar totens espalhados pela cidade com QR Codes que façam o papel de ponto de informação turística.

JC - As enchentes atingiram fortemente os eventos de Porto Alegre. A secretaria ainda oferece algum tipo de auxílio para empreendedores do setor?

Fernanda - A gente recém encaminhou e foi aprovado lá na Câmara, aliás, foi o último projeto que eu votei. Foi o projeto que tem a redução do valor, momentaneamente, do aluguel pros permissionários do Mercado Público. Aliás, o Mercado Público de Porto Alegre é um equipamento cultural, tradicional e turístico que nós queremos incentivar muito, que ele seja valorizado. Estive conversando com os permissionários sobre a realização de grandes eventos culturais no segundo andar, shows, como teve o festival de jazz durante o South Summit, que isso se torne uma coisa, e eles querem fazer, com uma periodicidade maior, rock, jazz, blues, samba, pagode. Sou parceira, a Prefeitura de Porto Alegre é parceiríssima, que isso se torne um lugar cultural, uma rotina na cidade. E esse dinheiro que está vindo é para a reconstrução da cidade pós-enchente, ou seja, nós vamos passar muito tempo ainda reconstruindo. Só que assim como uma cidade que foi devastada por uma guerra, que é muito parecido com o que a gente passou, nós precisamos fazer do limão uma limonada, aproveitar que esse recurso está vindo e criar a estrutura necessária para que a nossa cidade tenha um crescimento econômico sustentável. Como muitas cidades que se reconstruíram depois de desgraças, é o que nós vamos fazer. E de certo modo, outros programas que a secretaria já tem, como é o caso do microcrédito, também beneficia esses empreendedores. Com juros zero, juros subsidiados pela prefeitura.

JC - A sua trajetória começou no Legislativo, agora está no Executivo, como planeja seu futuro político? Pensa em concorrer a algum cargo em 2026?

Fernanda - A gente tem que construir isso ainda. Meu nome tá à disposição do partido, mas nesse momento, o meu foco é tocar a secretaria e tirar o maior número de projetos possíveis do papel, e fazer as coisas acontecerem.

JC - Sua cadeira na Câmara foi assumida pelo correligionário Alexandre Bobadra. Houve alguma orientação sobre os seus projetos que seguem tramitando?

Fernanda - A minha combinação é com a bancada, a gente conversa como bancada, e aí, conforme os projetos vão andando, eu fico sabendo, porque ainda estou no grupo da bancada, as informações estão ali, e a gente conversa. Por exemplo: “Esse projeto aqui, eu gostaria de estar presente quando fosse votado, esse projeto quero que seja votado só o ano que vem”. Eu preciso que Porto Alegre aprove esse ano, sem falta, o projeto que permite que eu possa anunciar Porto Alegre fora de Porto Alegre. Parece uma coisa meio óbvia de se dizer, mas por incrível que pareça isso não é permitido. Então, quando eu estou num aeroporto fora daqui, vejo anúncios de todas as cidades do Brasil, e não vejo nada sobre Porto Alegre. Porto Alegre não pode fazer anúncios de Porto Alegre fora de Porto Alegre. E eu preciso poder vender Porto Alegre fora de Porto Alegre. Então, esse projeto precisa ser reencaminhado. Tenho uma reunião com o secretário (de Comunicação) Luiz Otávio, esta semana, sobre isso. Preciso que o Executivo reencaminhe o projeto para o Legislativo, preciso que ele seja aprovado. Nós vamos mobilizar. Vamos fazer acontecer.

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