A World ID, está coletando dados biométricos de usuários no mundo todo com o intuito de criar uma “Identidade Global” única, e à prova de fraudes digitais — ou pelo menos mais segura que meios atuais de validação. Os dados atualizados da World Foundation registram que, em menos de um mês, mais de 150 mil usuários já tiveram a íris escaneada no Brasil pela empresa por Sam Altman, CEO da OpenAI, dona do ChatGPT.
No entanto, falta de transparência em relação ao tratamento dos dados, bem como outros usos em potencial dessas informações, preocupa especialistas da Agência Nacional de Proteção de Dados (ANPD). Por essa razão, um dia antes da World ID iniciar as coletas de dados no Brasil, no dia 13 de novembro, a ANPD abriu um processo contra a World para verificar se o processo de coleta, bem como a utilização das imagens, estão conforme a Lei Geral de Proteção de Dados.
World ID: Câmera Orb escaneia retina de usuários para criar ID biométrica única — Foto: Reprodução/World Fundation A World ID, ao menos em teoria, pretende ser uma identidade única e global criada bom base na biometria da íris dos usuários cadastrados, algo muito mais difícil de burlar do que a biometria facial, por exemplo. O projeto é apenas uma das iniciativas da World Foundation, organização criada por Sam Altman, CEO da OpenAI, cujo objetivo é implementar formas “instituições mais justas e inclusivas de governança e de economia global digital”. Segundo a descrição da World ID, essa modalidade de biometria, além de mais segura, garante que os usuários comprovem sua identidade de forma “segura e anônima”. Vale ressaltar ainda que, apesar de ter sido fundada por Altman, a World Foundation não é subsidiária da OpenAI.
World ID: Brasil já tem mais de 640 mil usuários cadastrados, e mais 150 mil com íris escaneada — Foto: Reprodução/World Fundation Ao registrar a imagem da íris dos usuários cadastrados, a World ID não armazena a imagem em si, mas apenas um código biométrico único. A criação da World ID é relativamente simples, sendo preciso apenas baixar o aplicativo e agendar um horário em um dos postos de coleta para ter sua íris escaneada. O processo já está sendo aplicado nos EUA, México, Espanha, Portugal, Alemanha, diversos países da Ásia, e já conta com 20 pontos de coleta no Brasil. Até o momento, mais de 640 mil brasileiros já se cadastraram na plataforma World App, e 150 mil já realizaram o registro da íris.
Para que serve a World ID?
A plataforma da World ID poderia ser utilizada para validar a identidade dos usuários em sistemas bancários, redes sociais e até processos eleitorais digitais, sem a necessidade de Captcha. Essa é inclusive a maior vantagem da World ID, segundo a fundação, já que por conta dos avanços em IA, muitos robôs já conseguem burlar esses sistemas de verificação com algoritmos até relativamente simples de visão computacional aplicados à programação dos bots.
Além da identidade digital, a World ID também criou uma criptomoeda que, teoricamente, seria utilizada como uma moeda digital global atrelada ao código biométrico único de cada usuário, e não a uma carteira que pode ter seus dados roubados. Os usuários que realizarem a coleta da íris ainda recebem 25 Worldcoins, o equivalente a R$ 470 na conversão atual. Em teoria, um sistema desse tipo permitiria estabelecer relações econômicas desvinculadas de sistemas de governo, mas mais seguras e rastreáveis que as criptomoedas, como Bitcoin, permitindo identificar o caminho das transações caso haja a necessidade de identificar negociações relacionadas a atos criminosos, por exemplo. Resumidamente, os usos potenciais propostos pela World ID seriam:
- Prevenção de fraudes online: evitar a criação de perfis falsos em redes sociais e plataformas digitais, além de facilitar a identificação de deepfakes;
- Segurança em transações financeiras: garantir que as transações bancárias e outras negociações sejam realizadas por pessoas reais, e não bots com ferramentas de IA;
- Votações online: garantir a autenticidade dos votos, possibilitando que mais governos adotem processos eleitorais digitais seguros contra fraudes;
- Acesso a serviços online: permitir que apenas humanos acessem determinados serviços, como sites de compras, redes sociais e outros aplicativos.
Por que isso pode ser um problema?
Por operar de forma independente dos sistemas legais e jurídicos de cada país, a anonimidade dos usuários e eventual quebra de sigilo para investigações precisaria, antes, passar pelas políticas de privacidade da World ID. Dependendo de como forem estabelecidas essas políticas, isso poderia acrescentar etapas a processos investigativos, já naturalmente morosos.
Um problema ainda maior é que, em caso de vazamento ou roubo de dados da própria World ID, criminosos poderiam utilizar essas mesmas ferramentas de segurança e privacidade para cometer fraudes. Na prática, em vez de estabelecer ferramentas mais justas de governança, isso agiria na contramão do processo, dificultando ainda mais a responsabilização por crimes digitais. Outro ponto igualmente sensível é não haver transparência sobre como os dados dos usuários poderiam ser utilizados no futuro, abrindo margem para comercialização dessas informações como já ocorre com os dados fornecidos a outras redes sociais.
Com informações de BBC, DW, G1 (1, 2), Information Commissioner's Office, MIT Technology Review (1, 2, 3), TechCrunch, The Guardian, World Foundation.
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11 meses atrás
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