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39 segundos de química: aproximação de Trump a Lula requer cautela

Num discurso enxuto no púlpito da ONU, sem citar Donald Trump, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou vários recados a ele, ressaltando a soberania do Brasil, tarifas e sanções arbitrárias, além da ingerência ao Judiciário, qualificada como inaceitável.

Em extensa preleção de quase uma hora, o presidente americano saiu do roteiro e, no improviso, fez um elogio direto a Lula, relatando o rápido encontro entre os dois, antes de subir ao púlpito da Assembleia-Geral.

Toda a tensão entre os dois líderes pareceu dissipar-se em 39 segundos, conforme resumiu Trump diante da plateia lotada de líderes e representantes de 193 países que integram a ONU, que revelou detalhes sobre o rápido encontro.

“Nós nos abraçamos, tivemos uma boa conversa e combinamos de nos encontrar na semana que vem. Ele parecia um homem muito legal. Eu só faço negócios com pessoas de quem eu gosto. Tivemos uma química excelente. É um bom sinal.”

O gesto de Trump, que até então havia rejeitado todas as tentativas de aproximação feitas pelo governo brasileiro, surpreendeu. Nos últimos meses, o presidente americano castigou o país, impondo tarifas de 50% sobre seus produtos e duras sanções a integrantes do Supremo Tribunal Federal, em retaliação ao processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem é aliado.

Ainda é prematuro especular se o aceno de Trump e o tom amenizador em relação a Lula se manterão. Tratando-se do presidente americano, que fomenta o ciclo do morde-e-assopra, toda a cautela é pouca. E o final de seu relato deixa uma dúvida:

Lula e Janja durante discurso de Trump na ONU — Foto: Brendan SMIALOWSKI / AFP

“Como presidente, sempre defenderei nossa soberania nacional e os direitos dos cidadãos americanos. Então, lamento muito dizer isso, que o Brasil está indo mal e continuará indo mal.”

Trump dedicou grande parte de seu discurso a enaltecer as ações de seu governo. Discorreu longamente sobre o negacionismo climático e, mais uma vez, comparou imigrantes a criminosos.

Numa declaração final, em tom apocalíptico, relacionou a imigração e a energia renovável como forças que estão destruindo “grande parte do mundo livre”.

Estava traçada ali outra linha paralela à de Lula.

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