Em outubro de 2025, o Museu do Louvre, em Paris, voltou aos holofotes. Uma dupla de ladrões conseguiu roubar joias de alto valor em plena luz do dia, sem qualquer disfarce, sem ação cinematográfica e sem encontrar resistência, em um dos episódios mais constrangedores da história recente do museu. O crime, transmitido e comentado em todo o mundo, não apenas expôs a ousadia dos criminosos, mas revelou um problema ainda mais grave: falhas básicas de segurança digital e física que persistiam havia anos, apesar de inúmeros alertas de auditorias internas.
A investigação conduzida pela Agência Nacional de Segurança dos Sistemas de Informação da França (ANSSI) mostrou que o sistema de videomonitoramento do Louvre operava com senhas triviais, sem antivírus ativo, autenticação multifator ou bloqueio automático de sessão. Além disso, os servidores ainda rodavam em versões obsoletas do Windows, desatualizadas há mais de dois anos. Mais do que um alerta para o Louvre, o incidente serve de lição para qualquer pessoa que lida com dados pessoais, contas online ou sistemas corporativos. A seguir, veja cinco erros que o Louvre cometeu — e que você não deve repetir se quiser manter sua segurança digital intacta.
5 coisas que o Louvre fez e você não deveria para manter sua segurança — Foto: Aline Barbieri/TechTudo 1. A senha era literalmente “LOUVRE”
A primeira e mais embaraçosa falha do Museu do Louvre estava em algo básico: suas senhas. O servidor de videovigilância, responsável por monitorar as obras mais valiosas do mundo, era protegido apenas pela senha “LOUVRE”, enquanto outro sistema usava “THALES”, nome da empresa de segurança contratada. Essa escolha simples transformou o museu em um alvo fácil. Segundo auditorias da agência nacional de cibersegurança da França, o uso de credenciais triviais é o equivalente digital a deixar a chave de casa debaixo do tapete — um gesto cômodo, mas perigosamente previsível.
O sistema de segurança do Louvre utilizava o nome do próprio museu como senha — Foto: Reprodução/Freepik Do ponto de vista técnico, o problema vai muito além do “nome fácil”. Senhas simples e reutilizadas são vulneráveis a ataques de força bruta e dicionário, em que softwares testam milhões de combinações por segundo até acertar a sequência correta. Se uma senha como “LOUVRE” estivesse armazenada em texto simples (plaintext) ou com um hash fraco, bastaria um ataque básico para quebrá-la, algo que até um hacker iniciante conseguiria. Por isso, especialistas como a Kaspersky, uma das empresas lideres em segurança digital, recomendam senhas com ao menos 12 caracteres, misturando letras maiúsculas, minúsculas, números e símbolos. Por exemplo, transformar “MuseuLouvre” em algo como “Mu$3u_L0vr3!2025” já aumentaria exponencialmente a dificuldade de quebra.
Nunca use o nome da sua empresa, do seu produto ou qualquer termo pessoal como senha. Além disso, evite repetições em várias contas, se uma for comprometida, todas estarão em risco. O ideal é usar um gerenciador de senhas, que cria e armazena combinações seguras, além de permitir a troca periódica automática. No caso do Louvre, uma simples política de complexidade e rotação de senhas poderia ter evitado um prejuízo histórico.
2. Windows sem atualização
Outro erro grave do Louvre foi manter sistemas operacionais obsoletos, como Windows 2000, Windows XP e Windows Server 2003, rodando em máquinas críticas de vigilância e controle de acesso. Esses sistemas deixaram de receber suporte e atualizações de segurança há mais de uma década, o que significa que qualquer vulnerabilidade conhecida permanecia aberta e explorável. De acordo com relatórios da ANSSI, a própria rede interna do museu operava com softwares e drivers descontinuados, um terreno fértil para ciberataques. Em termos práticos, isso é o equivalente a andar com uma porta trancada, mas cuja chave está disponível na internet há anos, bastando que alguém saiba onde procurar.
A utilização de sistemas operacionais obsoletos, como o Windows XP, representa uma falha crítica de segurança — Foto: Divulgação/Microsoft A falta de atualização cria uma brecha permanente, conhecida como exposição a vulnerabilidades históricas. No caso do Windows Server 2003, por exemplo, falhas como a CVE-2014-1776 (Use-After-Free no Internet Explorer) permitiam execução remota de código (RCE) — em outras palavras, um invasor podia assumir o controle completo do servidor. Como o suporte oficial foi encerrado em 2015, nenhum patch foi lançado para corrigir essas falhas, e os sistemas permaneceram vulneráveis por mais de dez anos. Ferramentas básicas de teste de penetração, como o Metasploit Framework, conseguem explorar essas brechas em minutos, mostrando como a negligência em atualizar o software transforma qualquer infraestrutura em um alvo fácil.
Jamais continue usando versões antigas do Windows ou de qualquer outro sistema operacional sem suporte. Atualizações são o “antivírus invisível” que fecha as portas antes mesmo que um ataque aconteça. Para se proteger, ative o Windows Update automático, mantenha os patches mensais em dia e, se possível, migre para versões mais recentes do sistema (como o Windows 11). No ambiente corporativo, implemente políticas de patch management automatizado e audite periodicamente os dispositivos. O caso do Louvre mostra que deixar de atualizar um software por conveniência pode custar muito mais caro do que uma simples licença nova.
3. Zero autenticação multifator (MFA)
O Louvre também falhou em adotar uma das medidas de segurança mais básicas e eficazes da atualidade: a autenticação multifator (MFA). Mesmo em sistemas críticos, como vigilância, backup e manutenção, o acesso era concedido apenas com o uso de uma senha única. Isso significa que qualquer pessoa que obtivesse as credenciais corretas podia acessar áreas restritas sem qualquer barreira adicional. Em um ambiente onde as senhas já eram triviais, a ausência de MFA transformou cada login em uma porta escancarada. Desde 2014, a agência francesa ANSSI recomendava a adoção desse recurso, mas, entre 2017 e 2025, o museu simplesmente ignorou a orientação.
A autenticação de 2 fatores é uma camada de segurança obrigatória atualmente — Foto: Reprodução/Vecteezy A MFA funciona exigindo dois ou mais fatores de verificação para autenticar o usuário. Esses fatores podem incluir algo que você sabe (senha), algo que você tem (um token físico, aplicativo autenticador ou código via SMS) e algo que você é (biometria, como impressão digital ou reconhecimento facial). Essa combinação reduz drasticamente a eficácia de ataques baseados em phishing ou violação de credenciais, porque mesmo que um invasor obtenha a senha, ainda precisará do segundo fator para concluir o acesso. Exemplos práticos incluem o uso de aplicativos como Google Authenticator, Authy ou Microsoft Authenticator, que geram códigos únicos a cada 30 segundos — uma camada de defesa simples, mas poderosa.
Jamais confie apenas em uma senha, por mais complexa que ela seja. Sempre que disponível, ative a autenticação de dois fatores nas suas contas — especialmente em e-mails, redes sociais, bancos e painéis administrativos. No caso do Louvre, a ausência de MFA permitiu que acessos indevidos passassem despercebidos por anos. Para evitar esse tipo de vulnerabilidade, habilite a autenticação multifator em todos os seus serviços e, se possível, prefira métodos mais seguros que SMS, como chaves de segurança físicas (YubiKey) ou autenticadores biométricos. É uma medida simples que pode ser a diferença entre um sistema protegido e uma catástrofe digital.
4. Sem rotação automática de senhas
Outro ponto crítico revelado pela auditoria do Louvre foi a ausência total de rotação de senhas — uma falha que perdurou por mais de dez anos. As mesmas credenciais triviais identificadas em 2014 continuavam válidas em 2025, sem qualquer política que obrigasse sua troca. Isso significa que, mesmo que uma senha tivesse sido comprometida em algum momento, ela permaneceria útil para invasores por anos. Segundo a Agência Nacional de Segurança dos Sistemas de Informação (ANSSI), esse descuido configurou não apenas um erro técnico, mas um fracasso de governança, pois a gestão de credenciais é uma das práticas mais básicas de segurança digital.
Atualizações constantes das senhas ajuda a se proteger de vazamento de credenciais — Foto: Lucas Mendes/TechTudo A rotação de senhas atua como uma barreira contra ataques persistentes e uso indevido de credenciais antigas. Quando uma senha é alterada periodicamente — a cada 60 ou 90 dias, como recomenda a ANSSI —, qualquer credencial comprometida perde valor rapidamente. Além disso, sistemas modernos podem automatizar esse processo, forçando a mudança regular de senhas administrativas e alertando para logins suspeitos. No caso do Louvre, a falta dessa automação e a manutenção de senhas “hardcoded” em scripts e sistemas críticos tornaram o ambiente vulnerável a acessos repetidos e silenciosos, sem deixar rastros visíveis.
Nunca mantenha as mesmas senhas por tempo indeterminado, especialmente em contas sensíveis. Para o usuário comum, o ideal é atualizar senhas de e-mail, banco, redes sociais e serviços de pagamento ao menos uma vez por mês. Evite também pequenas variações da mesma senha, como “Senha123” virando “Senha1234”, pois softwares de ataque reconhecem esses padrões facilmente. Utilize um gerenciador de senhas confiável, como o Kaspersky Password Manager, para gerar combinações fortes e lembrar de trocá-las automaticamente. O caso do Louvre prova que a falta de rotação de credenciais pode transformar uma simples negligência em um desastre de segurança de longo prazo.
5. Sem antivírus e bloqueio de sessão
Além das senhas frágeis e da falta de rotação, a auditoria no sistema de segurança do Louvre apontou outro erro básico, mas devastador: a ausência de antivírus e de bloqueio automático de sessão. Os computadores conectados às câmeras de videomonitoramento operavam sem qualquer camada de proteção contra malware ou keyloggers, e os terminais permaneciam logados indefinidamente, mesmo após horas de inatividade. Essa combinação transformou o sistema em um terreno fértil para invasões — bastava que um funcionário esquecesse a estação aberta para que um intruso tivesse acesso direto ao painel de controle das câmeras.
Um sistema de proteção confiável, como o próprio Windows Defender, auxilia na proteção contra malwares — Foto: Divulgação/Microsoft Tecnicamente, a ausência de um antivírus corporativo ativo elimina uma das defesas mais eficazes contra ameaças conhecidas e comportamentos suspeitos. Esses softwares não apenas detectam vírus e trojans, mas também identificam tentativas de acesso não autorizado, scripts maliciosos e infecções em tempo real. Já o bloqueio automático de sessão — uma função que encerra ou bloqueia o acesso após alguns minutos de inatividade — é uma medida de controle de sessão recomendada por normas internacionais de segurança, como a ISO/IEC 27001. Em ambientes corporativos, o ideal é configurar o bloqueio automático entre 5 e 10 minutos de ociosidade, reduzindo drasticamente o risco de uso indevido.
Jamais ignore a necessidade de proteger seu computador com um antivírus atualizado ou de configurar o bloqueio automático de tela. Mesmo em casa, esses recursos são essenciais para evitar que curiosos ou malwares acessem suas informações pessoais. Se o Louvre tivesse mantido essas medidas ativas, o sistema de vigilância dificilmente teria sido comprometido com tanta facilidade. Para o usuário comum, a lição é simples: um clique de descuido pode custar caro, e medidas automáticas de proteção são as melhores aliadas para evitar que isso aconteça.
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