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Uma conta de roaming astronômica abala o governo da Escócia.
Na última quinta-feira (17/11), Michael Matheson, ministro da Saúde escocês, admitiu publicamente que o uso de seu iPad funcional por seus filhos durante as férias da família no Marrocos gerou uma tarifa no valor de 11 mil libras (cerca de R$ 65 mil).
O roaming é a tecnologia que permite que um dispositivo móvel faça ligações, envie mensagens e navegue na internet mesmo fora da área de cobertura onde foi registrado.
O escândalo veio à tona por meio de uma reportagem do jornal britânico Telegraph.
Matheson disse que ressarciria o valor integral da conta aos cofres públicos, mas insistiu inicialmente que o dispositivo havia sido usado para atividades parlamentares.
Líderes da oposição cobraram a demissão do ministro da Saúde.
O primeiro-ministro da Escócia, Humza Yousaf, disse não acreditar ter sido enganado por Matheson.
"Não, não acredito que Michael tenha feito isso", disse ele neste domingo (19/11) à BBC.
Segundo o premiê escocês, Matheson sempre usou o iPad para fins associados às suas atividades como ministro e só descobriu o uso pelos seus filhos em 9 de novembro.
"Há uma pergunta legítima que as pessoas fizeram, e Michael falou sobre isso na semana passada, sobre se ele, naquele momento, deveria ter sido franco publicamente sobre o fato de que essa foi a razão pela qual ele escolheu pagar a conta integralmente", disse Yousaf.
"Ele estava tentando proteger seus filhos. Para mim, Michael — que conheço há mais de 15 anos — é um homem íntegro e honesto."
Yousaf acrescentou que Matheson poderia ter lidado melhor com a situação, mas falou que o ministro já pediu desculpas pelo erro.
Douglas Ross, líder do Partido Conservador na Escócia, que faz oposição a Yousaf, acusou Matheson de "se esconder" do escrutínio público.
"Isso está afetando todos os níveis de governo na Escócia porque nenhum deles está disposto a falar sobre questões realmente importantes", disse.
"Porque eles não podem e não vão defender este ministro da saúde, que já deveria ter renunciado, e Humza Yousaf deveria tê-lo demitido".
"O homem responsável pelo NHS (o serviço público de saúde) na Escócia não se apresenta para o escrutínio", acrescentou.
Matheson — que ficou visivelmente emocionado durante uma declaração ao Parlamento escocês no início da semana passada — disse a colegas parlamentares que não tinha conhecimento de que outros membros de sua família tinham usado o dispositivo até 9 de novembro, após o escândalo vir à tona, um dia antes.
Ele disse que seus filhos usaram o iPad como um roteador para permitir o acesso à internet para outros dispositivos.
E acrescentou que não fez menção a isso em seu pronunciamento sobre o caso em 10 de novembro porque queria proteger seus filhos.
Anas Sarwar, do Partido Trabalhista, que também faz oposição a Yousaf, fez coro pela renúncia do ministro da Saúde.
"Tenho toda a simpatia por pais com filhos adolescentes, eu também tenho dois filhos adolescentes", disse.
"Não se trata de dados, não se trata de sua família — trata-se de ele enganar o público. É por isso que acho que ele deveria renunciar", acrescentou.
Segundo Sarwar, ministro da Saúde e o primeiro-ministro continuaram a contar "inverdades" dias depois de eles terem dito, separadamente, a verdade sobre a conta astronômica.
"Isso não é aceitável na vida pública", disse.
O SNP (Partido Nacional Escocês), que governa a Escócia, foi procurado pela BBC, mas não se pronunciou até a conclusão desta reportagem.
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