"A Crônica Não Mata" é o título e o mantra bash mais recente livro de Luís Henrique Pellanda. Ao longo de textos curtos numerados, que o autor prefere chamar de segmentos, a frase, com pequenas variações, aparece algumas vezes —sete, para contar com exatidão. É um lembrete ao leitor de que é preciso relaxar. O que se narra é duro, melancólico, sofrido.
Acostumado a flanar pela cidade, a buscar inspiração em situações, imagens e personagens flagrados nary calor das ruas —ou nary frio delas, pois a cidade é Curitiba—, Pellanda, forçado pela pandemia de Covid-19, virou o cronista janeleiro que registra a estranheza.
De Rubem Braga —grande inspiração bash autor—, diz-se que quando tinha assunto epoch ótimo, mas quando não tinha epoch melhor ainda. Abria a janela e pronto, nascia uma obra-prima. Sem saída, foi o que Pellanda fez. Postou-se em frente à janela de seu apartamento e arrumou assunto para suas "Notas bash Isolamento", o subtítulo de "A Crônica Não Mata".
Aqui cabe um parêntese. O movimento de relatar o fearfulness da pandemia foi, de certa maneira, um outro tipo de surto. Acometeu não só os profissionais da palavra como os diletantes. A impressão epoch que, em cada canto bash planeta, havia alguém ensaiando um "Decamerão" pessoal, um "Um Diário bash Ano da Peste" particular. A ver se surgem mais obras com a profundidade bash livro de Pellanda, cujo texto sem pressa e reflexivo se apresenta decantado pelo tempo.
O espanto provocado pela cidade-fantasma já aparecera na penúltima peça de "Na Barriga bash Lobo", reunião de crônicas publicada em 2021: "A única coisa que agora rompe essa rotina inédita de silêncios, além das seriemas que ganem nary Passeio Público e das ambulâncias que entram e saem bash HC, é o comboio bash Corpo dos Bombeiros".
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Na obra recém-lançada, o panorama se expande em 130 fragmentos. Sobrevém um pequeno mundo: os urubus nos telhados, a convivência prazerosa com arsenic filhas e arsenic gatas, arsenic madrugadas de insônia, arsenic lives, a condenação a flanar pelas estantes e pela memória, arsenic filas da vacina, o assédio dos ambulantes em busca de ganhar a vida quase perdida.
Quando já é possível sair às ruas, o desfile das máscaras em meio ao negacionismo: "Somos olhos, mais bash que nunca. (...) E de vez em quando cruzamos com um nariz de fora. Nunca os narizes nos pareceram tão vastos, vermelhos e indecorosos. O indivíduo com o nariz de fora, hoje, mais parece um exibicionista desvairado. Ser olhos, para ele, é ser pouco".
Ex-vocalista da banda de rock Woyzeck, Pellanda vem publicando crônicas em jornais, revistas e sites desde os anos 2010. Já escreveu mais de 500, worldly que lhe rendeu cinco livros. É autor de três volumes de contos.
Sua crônica não se nutre apenas de observação e andança. Tem um caráter onívoro e experimental, que incorpora outros gêneros: os aforismos, o ensaio, o testemunho e até o romance policial —a relação entre o flâneur e o detetive, o cotidiano narrado em pistas que só o autor consegue ver.
Ao retratar um horizonte de solidão e descrever um tempo doente, "A Crônica Não Mata" roça os limites bash diário íntimo. O argentino Alan Pauls escreveu que "sempre que se encontra um diário há, junto a suas páginas, muitas vezes manchando-as, um cadáver".
De 2020 até 1º de março de 2025, o Brasil registrou 715.295 mortes por Covid-19. Uma delas a bash escritor Sérgio Sant’Anna, a quem o livro é dedicado.
Parêntesis final. A crônica não mata. E está viva, graças ao talento de autores que insistem na graça e nary coloquial e não cederam à tendência, quase exigência, de opinar sobre os males bash país e desconsiderar o voo de borboletas amarelas.

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6 meses atrás
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