A eleição presidencial pode depender da escolha feita por um ex-presidente popular que está preso e ainda conserva um enorme capital político. Nos bastidores, a disputa está entre um núcleo ideológico mais duro versus uma indicação de um nome mais ao centro, com trajetória administrativa e experiência prévia como ministro desse ex-presidente, alguém que também já governou um dos principais estados do país. Essa poderia ser tranquilamente a descrição do cenário de 2018 envolvendo Ciro Gomes, que despontava como alternativa à esquerda. Mas, desta vez, estamos falando de Tarcísio de Freitas.
Em 2018, Ciro chegou a liderar cenários que o levariam ao segundo turno, mas rapidamente perdeu espaço quando Fernando Haddad passou a incorporar o capital político de Lula, tornando-se o candidato natural do campo petista. A dinâmica revela um risco evidente para 2026: um nome de centro-direita competitivo pode simplesmente não se sustentar se não receber, no momento decisivo, a transferência explícita de apoio de Jair Bolsonaro.
Na semana passada, Flávio Bolsonaro acelerou os movimentos para se lançar candidato à Presidência. Ao mesmo tempo, Eduardo Bolsonaro, nos EUA e cada vez mais hostil à ideia de Tarcísio disputar 2026, passou a exercer pressão abertamente contra o governador. A sinalização de que apoiaria o irmão como alternativa reorganiza o campo bolsonarista e reabre a disputa pelo espólio político da família.
A Palver analisou as mensagens publicadas ao longo de novembro em mais de 100 mil grupos públicos de WhatsApp para medir exclusivamente como a base bolsonarista discute os possíveis sucessores do ex-presidente em 2026. O resultado é inequívoco: Jair Bolsonaro segue concentrando entre 63% e 76% das menções quando o assunto é a disputa presidencial, mesmo preso e juridicamente fragilizado.
O espaço restante é ocupado quase inteiramente pelos filhos de Bolsonaro, especialmente Eduardo e, mais recentemente, Flávio, enquanto Michelle, que é a figura mais fraca entre os nomes associados ao ex-presidente, aparece de forma residual. Tarcísio surge de maneira mais consistente do que Flávio e muito acima de Michelle, mas ainda assim oscila entre 8% e 12%.
Tarcísio é hoje o principal nome para herdar a direita sem o sobrenome Bolsonaro. E é justamente esse o ponto central revelado pelos dados: em uma disputa sucessória travada dentro da própria família, nenhum candidato externo consegue romper a barreira simbólica que organiza o bolsonarismo. Para que Tarcísio se torne competitivo em um segundo turno, não basta ser o preferido do centro, nem ter bom desempenho administrativo. Depende de uma transferência explícita de Jair Bolsonaro, única figura capaz de reorganizar a base digital e redistribuir o capital político acumulado desde 2018.
Pesquisas apontam que o voto bolsonarista em primeiro turno oscila entre 30% e 40%. Se esse espólio se fragmentar entre herdeiros, a direita bolsonarista corre o risco de não levar ninguém ao segundo turno. Os dados do WhatsApp mostram que, sem uma indicação clara de Jair Bolsonaro, a base se dispersa entre filhos e aliados, e qualquer candidatura alternativa permanece confinada ao mesmo patamar estreito e estável onde Tarcísio se encontra hoje. Em outras palavras, a sucessão de 2026 deixará de ser apenas uma disputa interna para se tornar um risco eleitoral real: a direita só será competitiva se Bolsonaro decidir quem é, de fato, seu herdeiro.

German (DE)
English (US)
Spanish (ES)
French (FR)
Hindi (IN)
Italian (IT)
Portuguese (BR)
Russian (RU)
2 horas atrás
4





:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2023/l/g/UvNZinRh2puy1SCdeg8w/cb1b14f2-970b-4f5c-a175-75a6c34ef729.jpg)










Comentários
Aproveite ao máximo as notícias fazendo login
Entrar Registro