Kirk falando em um púlpito com bandeiras dos Estados Unidos e cartazes escritos "Trump e Vance" no fundo

Crédito, AFP via Getty Images

Legenda da foto, O ativista conservador Charlie Kirk era aliado do presidente Donald Trump

Há 8 minutos

No seriado, os protagonistas, que planejam um assalto bilionário à Casa da Moeda de Madri, entoam a canção em momentos-chave da trama.

Mas a história da canção remete à Segunda Guerra Mundial, quando se tornou um hino da resistência italiana contra o fascismo de Benito Mussolini e as tropas nazistas.

Desde então, Bella Ciao, que tem autoria desconhecida, é entoada em protestos ao redor do mundo, principalmente por movimentos antifascistas— formado por ativistas de esquerda radical, que tem um forte discurso anticapitalista.

Rosto de Tyler Robinson, de frente e de perfil

Crédito, FBI

Legenda da foto, Tyler Robinson era ativo em comunidades online de grupos antifascistas, segundo investigadores

Mas a origem de Bella Ciao pode ser ainda mais antiga.

Alguns sugerem que a melodia é uma adaptação de uma canção Klezmer — um gênero que emerge da tradição musical de judeus asquenazes, da Europa Oriental —, mais especificamente de Oi Oi di Koilen, do acordeonista ucraniano Mishka Ziganoff.

A música foi gravada em Nova York, em 1919, e teria sido levada para a Itália por um imigrante que retornou dos Estados Unidos.

Ao ouvir a melodia e a letra em iídiche (dialeto das comunidades judaicas da Europa Central e Oriental) são várias as semelhanças com Bella Ciao.

Uma outra versão, contudo, indica que a música surgiu das canções populares das trabalhadoras dos campos de arroz do vale do rio Pó, no norte da Itália, no século 19.

Canções populares como Picchia alla Porticella e Fior di Tomba, por exemplo, têm trechos que lembram Bella Ciao.

Hino internacional de resistência

Mas a história de Bella Ciao não termina aí.

Nos anos 60, a música se tornou um hino popular durante as manifestações de trabalhadores e estudantes na Itália.

No governo de Silvio Berlusconi, partidos de esquerda italianos cantavam a música antifascista como forma de protesto.

Mais recentemente, durante uma manifestação de bancários por aumento salarial em Buenos Aires, os funcionários parodiaram a letra de Bella Ciao e cantaram para o governo de Mauricio Macri: "Somos bancários, queremos aumento e Macri tchau, tchau, tchau".

Em 2013, Bella Ciao foi entoada em protestos em Istambul e, em 2014, nos atos pró-democracia em Hong Kong.

Na Grécia, partidos de esquerda radical também utlizaram a canção em campanhas eleitorais.

Há várias versões de Bella Ciao em ritmos que vão do punk ao ska. A canção foi gravada por Mercedes Sosa e Manu Chao, entre outros.

No Chile, no início dos anos 1970, durante o governo de Salvador Allende, o grupo Quilapayún adotou Bella Ciao como uma canção de protesto.

Cena do filme La Casa de Papel em que pessoas aparecem usando vermelho, com máscaras e segundo armas

Crédito, Netflix

Legenda da foto, Música Bella Ciao era entoada por protagonistas da série La Casa de Papel, da Netflix

Veja a letra de Bella Ciao, em tradução livre para o português:

Uma manhã, eu acordei

Bela, tchau! Bela, tchau! Bela, tchau, tchau, tchau!

Uma manhã, eu acordei

E encontrei um invasor

Oh, partigiano (membro da Resistência), leve-me embora

Bela, tchau! Bela, tchau! Bela, tchau! Bela, tchau, tchau, tchau!

Oh, membro da Resistência, leve-me embora

Porque sinto que vou morrer

E se eu morrer como partigiano,

Bela, tchau! Bela, tchau! Bela, tchau, tchau, tchau!

E se eu morrer como partigiano,

Você deve me enterrar

E me enterre no alto das montanhas

Bela, tchau! Bela, tchau! Bela, tchau, tchau, tchau!

E me enterre no alto das montanhas

Sob a sombra de uma bela flor

E todas as pessoas que passarem

Bela, tchau! Bela, tchau! Bela, tchau, tchau, tchau!

E todas as pessoas que passarem

Te dirão: Que bela flor!

E essa será a flor da Resistência

Daquele que morreu pela liberdade

E essa será a flor da Resistência

Daquele que morreu pela liberdade