Publicado 30.10.2023 10:39
© Reuters Alcolumbre diz considerar concorrer à presidência do Senado
O senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) disse que há possibilidade de disputar a presidência do Senado em 2025. Ele comandou a Casa de 2019 a 2021. Em dezembro de 2020, teve a candidatura à reeleição barrada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e apoiou o atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
“Foi decisão judicial. A gente não discute, recorre”, afirmou em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo publicada nesta 2ª feira (30.out.2023). “Se você explicar para uma pessoa normal que todo mundo teve o direito de se candidatar novamente e que eu não tive só porque eu estava na mesma legislatura, ninguém vai entender. Não tem lógica”, completou.
Questionado se quer voltar a ser presidente do Senado, Alcolumbre respondeu: “Se os senadores quiserem, eu vou aceitar”. Ele afirmou ter vencido sua “campanha prioritária” ao se reeleger senador em 2022. “Aqui no Senado, se você perguntar quem não pode ser candidato [a presidente da Casa], só o Rodrigo não pode, porque ele já foi duas vezes. Então eu fico esperando o dia e a hora da decisão para ver o que Deus reserva para a gente nessa trajetória”, disse.
Alcolumbre declarou não haver uma espécie de “cruzada” contra o Supremo. “A nossa relação é uma das melhores possíveis”, afirmou.
“Acho que a gente tem que prezar todo dia para cada um ficar dentro da sua esfera de atribuição. Muita gente inflama. Quando as pessoas falam que o Senado enfrentou o Supremo na votação do marco temporal, eu discordo totalmente. A [então] presidente [do STF] Rosa Weber botou na pauta uma agenda que estava paralisada há muito tempo. O Senado botou a sua também, que estava paralisada há muito tempo”, acrescentou.
Sobre a rejeição dos senadores à indicação de Igor Roque Albuquerque para chefiar a DPU (Defensoria Pública da União), Alcolumbre disse que “o governo está contando muito com o Senado”. A medida foi uma derrota para a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Todas as matérias relevantes para o governo passaram com certa facilidade. Tem, logicamente, as visões políticas de partidos que são base do governo, oposição e muitos senadores independentes. Acho que a maioria dos senadores, mesmo apoiando o governo nas matérias importantes e fazendo parte dessa construção política, se coloca em posição independente”, declarou.
“Lula sempre falou que queria uma relação onde os partidos e as pessoas pudessem colaborar com o governo. E isso está acontecendo”, disse, acrescentando que está “sempre ajudando” o Executivo. “Quando a CCJ [Comissão de Constituição e Justiça, presidida por Alcolumbre] começa a trabalhar, a crítica é que eu estou atrapalhando o governo. Esse é o dilema grande de quem tem que decidir as coisas”, afirmou.
“Se eu colocar para votar na CCJ as prioridades dos líderes, precisa de 4 Brasis para pagar a conta. Estou ajudando os brasileiros e ajudando o Brasil sem pautar coisas que não é nem o governo que não quer, é o Brasil que não resiste”, completou.
Ao falar sobre as emendas do relator, Alcolumbre disse defender a medida, mas que controla as propostas por ele e coordena as da bancada do Amapá.
“Eu não tenho esse poder todo que falam. É porque eu converso muito com as pessoas. Eu escuto a necessidade. Quando eu percebo que é uma coisa simples, eu faço um encontro, levo no ministério, ajudo na relação”, afirmou.
Leia outros assuntos abordados na entrevista:
- inelegibilidade de Jair Bolsonaro (PL): Alcolumbre disse “não ser parte do processo” e que só “acompanha” o resultado. “O processo eleitoral é complicado. Quem tem que falar dele é quem estudou o processo. São os magistrados que lerem, os advogados que lerem”, afirmou;
- 8 de Janeiro: Senador chama a invasão das sedes dos Três Poderes de “absurdo”. Disse que o ocorrido “não é responsabilidade de uma pessoa”, mas “dessa polarização”;
- Augusto Aras na PGR (Procuradoria Geral da República): Segundo Alcolumbre, Aras foi “um grande” procurador-geral da República. “Eu o vejo como uma pessoa que deixou as coisas acontecerem e cada um cumprir com as suas obrigações. É por isso que eu admiro ele. Ele fez o papel onde não atrapalhou nem um lado, nem outro”, disse;
- Orçamento: O senador afirmou que “cada vez” o Congresso mais deveria “controlar” o Orçamento. “O governo tem suas atribuições e tem as suas condições de fazer as políticas públicas. E o Congresso também tem que ter a sua”, declarou.
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