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Além do tráfico: como crime organizado se sofisticou e bancarizou no país

Facções cresceram pelo tráfico de drogas e, como consequência, foi preciso lavar mais dinheiro com atuação em outros mercados, diz pesquisador. Para Leonardo Carvalho, do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), meios tradicionais de lavagem de dinheiro, como postos de gasolina e agências de veículos, "ficaram pequenos" perto do volume de dinheiro que os criminosos das maiores facções do país (PCC e Comando Vermelho) recisavam fazer circular e lavar.

PCC avançou em mercados formais e chegou à Faria Lima, onde estão 42 alvos da operação de hoje. "Vemos que foi criado todo um ecossistema criminoso com vários nós em diversos mercados formais e ilegais", diz Carvalho, que é um dos autores do estudo "Lavagem de dinheiro e enfrentamento ao crime organizado no Brasil", do FBSP com o Instituto Esfera.

Se, historicamente, a atuação das maiores facções do Brasil, PCC e Comando Vermelho, esteve associada ao tráfico de drogas, dominando, com o tempo, boa parte da cadeia logística para o escoamento da droga [portos e aeroportos], conforme seus negócios foram expandindo, a necessidade de lavar dinheiro por outras vias também foi crescendo.
Leonardo Carvalho, pesquisador do FBSP

Receita Federal identificou ao menos 40 fundos de investimentos que podem ser controlados pelo PCC. O crime organizado tomou conta de todos os elos da cadeia produtiva de combustível no Brasil, disse a superintendente da Receita Federal em São Paulo. "Os fundos investigados da Faria Lima financiam negócios envolvendo portos, usinas produtoras de álcool e caminhões para transporte de combustíveis."

Eles não só ocultam quem é o real beneficiário daquele bem que está em um fundo imobiliário, por exemplo. Eles também fazem com que aquele capital passe a render Marcia Meng, superintendente da Receita Federal

'Bancos paralelos'

Empresas de serviços financeiros digitais eram usadas pelo PCC como "bancos paralelos do crime organizado", segundo a Receita Federal. As fintechs envolvidas movimentaram mais de R$ 46 bilhões de 2020 a 2024, conforme a Receita. Entre 2022 e 2023, por exemplo, houve mais de 10,9 mil depósitos em espécie, totalizando mais de R$ 61 milhões, disse a Receita, explicando que o procedimento no é habitual.

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